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14/08/2004
-
04h04
GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo, em Atenas
O desaparecimento é iminente. Em Sydney, poucos resistiram ao marketing dos novos trajes, que prometem reduzir o atrito do corpo do atleta com a água. A partir deste sábado, Atenas só assinará o atestado de óbito.
A sunga, talvez o acessório mais característico da natação, deve deixar de vez o grupo de atletas de elite --formado por aqueles que brigam pelo o pódio-- e virar bugiganga.
"O pessoal ainda usa para treinar ou nos aquecimentos. Só que tudo evolui. Na hora de competir, é preciso usar o que há de mais moderno", diz Gustavo Borges. Para quem viveu toda a fase de transição, impossível não rememorar em tom nostálgico fatos inusitados do passado.
Quando garoto, lá pelos 12 anos, Borges viu a corda de seu calção arrebentar no meio de um torneio. Segurando-o com uma mão, ele se arrastou até a borda da piscina. "Nem liguei de perder a prova. Só não queria que me vissem pelado."
Nada de trauma. Nos Jogos de Barcelona-92 e Atlanta-96, ele caprichou no nó para chegar ao pódio sem surpresas.
A direção começou a mudar no final da década de 90. Indumentárias desenhadas com base na pele do tubarão invadiram o mercado e prometiam revolucionar as piscinas. Borges comprou e levou o material para Sydney. Outros tantos não resistiram.
Quem agüentou foi Alexander Popov. Na Austrália, o velocista russo destoava na paisagem com o corpo descoberto. Em 2002, ele deu as caras no Mundial com a roupa da nova geração. Sinal dos tempos.
Até o maiô feminino mudou. O tradicional foi banido, com a expansão do tecido para a região das coxas. Quanto menos pele à mostra, melhor.
Modelos mais refinados custam até R$ 2.500. Detalhe: após nadar com ele por dez vezes, o efeito é perdido.
O tecido atual engloba termos como elasticidade, flexibilidade e controle de turbulência. Bem diferente daquele com que a alemã Hildegard Schrader protagonizou uma das mais inusitadas performances olímpicas.
Ela bateu o recorde olímpico dos 200 m peito nas eliminatórias de Amsterdã-28 e igualou o recorde mundial nas semifinais. Venceu a decisão, mas seu tempo foi pior que o das etapas anteriores. Motivo: na marca de 120 m, seu maiô arrebentou. Finalizou a prova com os seios de fora.
Após a prova, as colegas se apressaram para providenciar linha e agulha. Na água, esbaforida, Hildegard costurou a peça em 15 minutos. Saiu da piscina aplaudida. E escreveu um capítulo da história que Atenas vai lacrar.
Especial
Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre a natação na Olimpíada
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Nadadores de elite dizem adeus à sunga
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da Folha de S.Paulo, em Atenas
O desaparecimento é iminente. Em Sydney, poucos resistiram ao marketing dos novos trajes, que prometem reduzir o atrito do corpo do atleta com a água. A partir deste sábado, Atenas só assinará o atestado de óbito.
A sunga, talvez o acessório mais característico da natação, deve deixar de vez o grupo de atletas de elite --formado por aqueles que brigam pelo o pódio-- e virar bugiganga.
"O pessoal ainda usa para treinar ou nos aquecimentos. Só que tudo evolui. Na hora de competir, é preciso usar o que há de mais moderno", diz Gustavo Borges. Para quem viveu toda a fase de transição, impossível não rememorar em tom nostálgico fatos inusitados do passado.
Quando garoto, lá pelos 12 anos, Borges viu a corda de seu calção arrebentar no meio de um torneio. Segurando-o com uma mão, ele se arrastou até a borda da piscina. "Nem liguei de perder a prova. Só não queria que me vissem pelado."
Nada de trauma. Nos Jogos de Barcelona-92 e Atlanta-96, ele caprichou no nó para chegar ao pódio sem surpresas.
A direção começou a mudar no final da década de 90. Indumentárias desenhadas com base na pele do tubarão invadiram o mercado e prometiam revolucionar as piscinas. Borges comprou e levou o material para Sydney. Outros tantos não resistiram.
Quem agüentou foi Alexander Popov. Na Austrália, o velocista russo destoava na paisagem com o corpo descoberto. Em 2002, ele deu as caras no Mundial com a roupa da nova geração. Sinal dos tempos.
Até o maiô feminino mudou. O tradicional foi banido, com a expansão do tecido para a região das coxas. Quanto menos pele à mostra, melhor.
Modelos mais refinados custam até R$ 2.500. Detalhe: após nadar com ele por dez vezes, o efeito é perdido.
O tecido atual engloba termos como elasticidade, flexibilidade e controle de turbulência. Bem diferente daquele com que a alemã Hildegard Schrader protagonizou uma das mais inusitadas performances olímpicas.
Ela bateu o recorde olímpico dos 200 m peito nas eliminatórias de Amsterdã-28 e igualou o recorde mundial nas semifinais. Venceu a decisão, mas seu tempo foi pior que o das etapas anteriores. Motivo: na marca de 120 m, seu maiô arrebentou. Finalizou a prova com os seios de fora.
Após a prova, as colegas se apressaram para providenciar linha e agulha. Na água, esbaforida, Hildegard costurou a peça em 15 minutos. Saiu da piscina aplaudida. E escreveu um capítulo da história que Atenas vai lacrar.
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