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15/08/2004
-
08h16
GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo
Os colegas do colégio Neo Planos não devem ter acreditado.
Todos sabiam que a colega de classe Joanna Maranhão era atleta. Mas ninguém esperava que, aos 17 anos, ela escrevesse o nome na história da natação.
Em sua primeira participação olímpica, a pernambucana do Recife passou a dividir com Piedade Coutinho o posto de principal nome feminino das piscinas brasileiras.
Ela cravou 4min40s00 na final dos 400 m medley, quebrou o recorde brasileiro na distância e obteve o quinto lugar no geral.
Desde Londres-1948, quando Piedade terminou os 400 m livre na sexta colocação, o Brasil não emplacava uma atleta entre as oito melhores da competição.
Quando o assunto é o grupo das cinco primeiras, então, o calendário volta até 1936. Foi na Berlim de Adolf Hitler, na primeira de suas três Olimpíadas, que Piedade registrou nos 400 m livre a melhor performance feminina. Até sábado, estava sozinha.
"Não estou feliz só pelo que eu fiz, mas pelo que isso representa para a natação feminina do Brasil. Mulher é um bicho ciumento, você sabe, mas estamos unidas. Queremos provar o nosso valor."
Ela provou. E também repetiu o início do enredo que marcou a passagem da natação em Sydney.
Na última Olimpíada, outro nadador do Nordeste virou o astro da delegação. O baiano Edvaldo Valério foi o grande responsável pela arrancada do revezamento 4 x 100 m livre, que deu o bronze ao Brasil. Depois do estrelato, ele passou por momentos ruins, perdeu patrocínio e nem foi a Atenas.
Joanna sabe que precisa se mexer para não sucumbir à pressão. "Disseram que eu chegaria aqui e me assustaria. Não senti nada. Em Pequim, outras também podem surpreender. Então, prefiro não falar de medalhas", afirmou.
Só que o assunto surge mesmo sem querer. Após a prova de sábado, uma voluntária que trabalha nos Jogos chegou perto de Joanna e avisou: "Você só tem mais dois minutos para se vestir e seguir para a cerimônia de premiação". A brasileira abriu um sorriso e explicou que havia ficado em quinto. "Se você fizer questão, eu pego a medalha para mim", brincou.
A prova foi vencida pela ucraniana Yana Klochkova, com 4min34s83, só 12 centésimos à frente de Kaitlin Sandemo, dos EUA. O destaque foi o terceiro lugar da argentina Georgina Bardach (4min37s51). Pela primeira vez, duas sul-americanas disputaram uma final dos Jogos.
A vontade de Joanna era celebrar a façanha com muitos lanches do McDonald's na Vila Olímpica, onde a rede de restaurantes serve comida de graça.
Só que sua caminhada na Grécia ainda não acabou. Ela nada os 200 m medley, na segunda-feira, e o revezamento 4 x 200 m livre (dia 18).
Serão mais dois dias de apreensão para colegas de classe do Recife, que foram à escola em pleno sábado. Um telão foi armado para exibir a prova da conterrânea famosa. "Eu não queria decepcioná-los. A final olímpica sempre foi um sonho."
Lépida, de tatuagem nas costas e sem a timidez que a acompanhava no passado, ela acalenta um projeto de treinar na Flórida em 2005. "Não é tão longe do Recife. Minha mãe pode me visitar de três em três meses."
A julgar por sábado, dona Tereza não vai agüentar. Emocionada, teve dificuldades até pra ficar em pé após a filha nadar. "Nem falo com minha mãe antes da prova. Ela fica mais nervosa do que eu."
Especial
Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre Joanna Maranhão
Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
Joanna Maranhão, 17, entra para a história da natação no Brasil
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da Folha de S.Paulo
Os colegas do colégio Neo Planos não devem ter acreditado.
Todos sabiam que a colega de classe Joanna Maranhão era atleta. Mas ninguém esperava que, aos 17 anos, ela escrevesse o nome na história da natação.
Em sua primeira participação olímpica, a pernambucana do Recife passou a dividir com Piedade Coutinho o posto de principal nome feminino das piscinas brasileiras.
Ela cravou 4min40s00 na final dos 400 m medley, quebrou o recorde brasileiro na distância e obteve o quinto lugar no geral.
Desde Londres-1948, quando Piedade terminou os 400 m livre na sexta colocação, o Brasil não emplacava uma atleta entre as oito melhores da competição.
Quando o assunto é o grupo das cinco primeiras, então, o calendário volta até 1936. Foi na Berlim de Adolf Hitler, na primeira de suas três Olimpíadas, que Piedade registrou nos 400 m livre a melhor performance feminina. Até sábado, estava sozinha.
"Não estou feliz só pelo que eu fiz, mas pelo que isso representa para a natação feminina do Brasil. Mulher é um bicho ciumento, você sabe, mas estamos unidas. Queremos provar o nosso valor."
Ela provou. E também repetiu o início do enredo que marcou a passagem da natação em Sydney.
Na última Olimpíada, outro nadador do Nordeste virou o astro da delegação. O baiano Edvaldo Valério foi o grande responsável pela arrancada do revezamento 4 x 100 m livre, que deu o bronze ao Brasil. Depois do estrelato, ele passou por momentos ruins, perdeu patrocínio e nem foi a Atenas.
Joanna sabe que precisa se mexer para não sucumbir à pressão. "Disseram que eu chegaria aqui e me assustaria. Não senti nada. Em Pequim, outras também podem surpreender. Então, prefiro não falar de medalhas", afirmou.
Só que o assunto surge mesmo sem querer. Após a prova de sábado, uma voluntária que trabalha nos Jogos chegou perto de Joanna e avisou: "Você só tem mais dois minutos para se vestir e seguir para a cerimônia de premiação". A brasileira abriu um sorriso e explicou que havia ficado em quinto. "Se você fizer questão, eu pego a medalha para mim", brincou.
A prova foi vencida pela ucraniana Yana Klochkova, com 4min34s83, só 12 centésimos à frente de Kaitlin Sandemo, dos EUA. O destaque foi o terceiro lugar da argentina Georgina Bardach (4min37s51). Pela primeira vez, duas sul-americanas disputaram uma final dos Jogos.
A vontade de Joanna era celebrar a façanha com muitos lanches do McDonald's na Vila Olímpica, onde a rede de restaurantes serve comida de graça.
Só que sua caminhada na Grécia ainda não acabou. Ela nada os 200 m medley, na segunda-feira, e o revezamento 4 x 200 m livre (dia 18).
Serão mais dois dias de apreensão para colegas de classe do Recife, que foram à escola em pleno sábado. Um telão foi armado para exibir a prova da conterrânea famosa. "Eu não queria decepcioná-los. A final olímpica sempre foi um sonho."
Lépida, de tatuagem nas costas e sem a timidez que a acompanhava no passado, ela acalenta um projeto de treinar na Flórida em 2005. "Não é tão longe do Recife. Minha mãe pode me visitar de três em três meses."
A julgar por sábado, dona Tereza não vai agüentar. Emocionada, teve dificuldades até pra ficar em pé após a filha nadar. "Nem falo com minha mãe antes da prova. Ela fica mais nervosa do que eu."
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