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22/08/2004 - 01h10

Brasil busca 1º ouro após 2.944 dias, e Scheidt fala no "prazer do barquinho"

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GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo, em Atenas

A grande batalha aconteceu antes da Olimpíada. Robert Scheidt precisou superar outro brasileiro campeão mundial da classe laser, Peter Tanscheidt, para obter seu lugar nos Jogos de 1996.

Ambos sabiam que daquela disputa sairia o favorito ao ouro olímpico. O vaticínio se cumpriu. Em 31 de julho, Scheidt triunfou na disputa e subiu ao degrau mais alto do pódio em Atlanta.

Desde aquele tarde, 2.944 dias se passaram. Nunca mais o hino nacional foi tocado nos Jogos. Ao menos até hoje, quando o mesmo Scheidt reaparece em situação privilegiada na disputa pelo topo.

Com um nono lugar na derradeira regata, ele já leva a medalha de ouro. O enredo da história, contudo, agora é diferente e impede a sensação de déjà vu.

Nesses oito anos, o esporte brasileiro, a classe laser e até sua vida foram completamente transformadas. "É difícil comparar porque são épocas muito distintas. Uma coisa posso dizer que segue inalterada: é o prazer que sinto em pegar o meu barquinho e treinar", conta.

A primeira alteração está na conta bancária. Pouco antes do primeiro ouro, ele titubeava entre seguir a carreira no esporte ou exercer a profissão na qual acabara de se graduar --administração pelo Mackenzie, em São Paulo.

Hoje, recebe de cinco patrocinadores. Prosperou, assim como todas as modalidades do Brasil no aspecto financeiro.

Desde 2001, o Comitê Olímpico Brasileiro recebe recursos públicos para investir no esporte. A verba vem da Lei Piva, que só no ano passado rendeu quase R$ 50 milhões à entidade. Em Atlanta, na primeira Olimpíada da gestão Carlos Arthur Nuzman no Comitê Olímpico Brasileiro, os recursos eram bem mais escassos --o COB custeou a presença do país nos Jogos com R$ 3 milhões.

Mas havia também menos pressão pela conquista de um ouro. O fim do incômodo jejum está novamente nas mãos de Scheidt.

Tudo porque em Sydney-2000, todos as estrelas tombaram --inclusive ele, que sucumbiu na disputa com o inglês Ben Ainslie.

Na época, o atleta nem de longe ostentava a hegemonia que hoje impressiona os rivais. Desde 1995, sete títulos mundiais foram conquistados. Em 2004, venceu nove torneios realizados na laser.

"É complicado. Se eu perder, vão me criticar. Se ganhar, dirão que não fiz mais que minha obrigação." Assim, o velejador sabe que a conquista em Atenas será a mais importante de sua carreira.

Toda a trajetória, agora, volta à tona. Na infância, o paulistano Scheidt praticou tênis no Banespa e no Pinheiros. Chegou à vela por intermédio do pai, Fritz, habitué do Yacht Club de Santo Amaro.

Seguiram as primeiras aulas com o técnico Dudu Melchert, o título sul-americano aos 11 anos, o respeito conquistado pelo garimpo de troféus e as críticas de outros velejadores questionando o fato de ele ainda não ter provado o valor em outras classes.

Neste domingo, pode se tornar o maior atleta olímpico brasileiro da história. Com dois ouros e uma prata, deixaria o bicampeão Adhemar Ferreira da Silva para trás.

"Prefiro não pensar em tudo isso. Ainda não ganhei nada." Ainda não. Mas, naquela tarde de 1996, nunca imaginou que iria tão longe.

Especial
  • Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre Robert Scheidt
  • Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
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