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26/08/2004 - 05h41

Ouro de Ricardo e Emanuel premia sacrifício e cem dias de reclusão

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da Folha de S.Paulo, em Atenas

Ricardo e Emanuel entraram para a história ao arrebatar o primeiro ouro olímpico para uma dupla masculina do Brasil no vôlei de praia. A glória, resultado dos 2 a 0 (21/16 e 21/15) marcados nos espanhóis Bosma e Herrera, é fruto de um projeto que os afastou de suas famílias por mais de três meses. A conta exata: nesta quinta serão completados cem dias.

Em 18 de maio, a dupla deixou sua base em João Pessoa (PB) rumo à etapa da China do Circuito Mundial --e não mais retornou.

Passou pela Sérvia. Firmou base em Espinho (Portugal), com ajuda da CBV, e no intervalo de dois meses disputou sete etapas do Circuito Mundial --na última delas, conquistou o bicampeonato.

A saudade muitas vezes apertou, e os brasileiros são gratos à compreensão e ao apoio que seus parentes lhes deram nesse período de afastamento. "São mais de cem dias fora do Brasil. E é nessa hora que a família entra em ação. Abandonei a minha família, que é meu pilar, e eles [pai, Manoel, e mãe, Maria] nunca mostraram fragilidade de emoção, de sentimento", afirmou Emanuel.

"Eles sabiam o quanto era importante este momento."

"Na busca da medalha, tivemos que optar por alguma coisa, fazer sacrifício. Dá saudade ficar longe, mas estávamos com a cabeça voltada para o ouro", diz Ricardo.

Na base montada em Espinho --dois apartamentos alugados pela CBV, um para os atletas, outro para a comissão técnica--, Ricardo e Emanuel puderam afinar ainda mais o entrosamento em quadra e estreitar o relacionamento fora dela. Treinavam com a dupla portuguesa Brenha/Maia, em uma quadra com areia bem fofa, similar à encontrada na arena erguida em Faliro, que teve todos os seus 9.500 lugares ocupados na final de ontem.

Também lá, Ricardo se recuperou de uma torção no tornozelo direito, no início de julho, que o fez abandonar uma das etapas do Circuito Mundial e ficar fora de outra. Recuperado, passou a atuar com uma proteção no local.

Em Portugal, contaram com a ajuda de uma nova família: o treinador Gilmário Batista, o preparador físico Rossini Freire, o estatístico Giuliano Ribas e a doutora em ciências esportivas Joice Stefanello, responsável pelo apoio psicológico aos jogadores.

Nas poucas horas vagas, um cinema, uma volta no shopping, a fim de diminuir a saudade do Brasil, principalmente dos filhos --Emanuel é pai de Mateus, 7, e Ricardo, de Pedro, 7, e Giulia, 1.

E já que as famílias compreenderam, são para elas as homenagens --para as duas. "Ofereço todos esses resultados à família", declarou Emanuel. "Dedico a medalha ao meu pai e à minha mãe, que me incentivaram desde o início. E à nossa equipe de apoio, que também abdicou do lar."

"Toda minha trajetória dependeu muito de minha família", declarou Ricardo, que cita a avó Eudeth, morta há dois anos, como a maior incentivadora no início de sua carreira. "Ela pedia ajuda a todos os tios, fazia uma vaquinha para eu poder jogar. Então quero dividir a alegria da medalha com todos os que me ajudaram."

Após vencer sete jogos e deixar invicta as areias de Faliro, a dupla volta nesta semana ainda ao Brasil, para os braços de suas famílias.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a dupla Ricardo e Emanuel
  • Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
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