Publicidade
Publicidade
31/08/2004
-
09h10
GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo, em Atenas
Alexander Popov se recusou a deixar a piscina. Ficou dentro d'água, corpo estendido, olhar fixo no placar eletrônico.
O nadador russo havia completado sua última prova na Olimpíada de Atenas --o revezamento 4 x 100 m medley-- numa modesta quarta posição.
Sua chance de medalha havia desabado. E, com ela, esvaiu-se a esperança de salvar a péssima campanha nos Jogos da Grécia.
Aos 32 anos, ele programou o fim da carreira olímpica justamente para a cidade onde, em 1991, com uma vitória no Campeonato Europeu, deu início à mais premiada e longeva trajetória da história da natação.
De Barcelona-1992 até Sydney-2000, foi cinco vezes ao pódio. Em quatro delas, conseguiu ocupar o degrau mais alto. Chegou à Grécia como atual campeão mundial dos 50 m e 100 m livre.
Mas fracassou. "Eu sabia que falar em medalha era exagero", disse o "legendário czar", como é conhecido em seu país, em entrevista concedida à Folha.
Folha - Em Atlanta-1996, você disse que tentaria ganhar medalhas nas duas Olimpíadas seguintes. O que pensa agora?
Alexander Popov - Eu ainda era jovem naquela época. Mas hoje sei que aquilo era apenas um sonho e que chegar ao pódio em Atenas era uma tarefa muito complicada.
Folha - Alguns países, como os EUA, não costumam incluir seu nome na lista dos melhores atletas de todos os tempos. Você concorda com a avaliação?
Popov - Esses levantamentos geralmente são elaborados por nacionalistas que não sabem bem o que acontece fora do seu próprio território. Prefiro que o público julgue se minha carreira na piscina é importante ou não.
Folha - Quem é melhor: Mark Spitz, que ganhou sete ouros em Munique-1972, ou você, que manteve uma hegemonia de quase 13 anos nas piscinas?
Popov - Ele foi melhor em 1972. Ninguém ganhou tantas medalhas como ele. Mas é claro que isso não vai perdurar para sempre. A natação mudou, e cada medalha exige um esforço descomunal. De agora em diante, você vai ouvir mais vezes o nome de Michael Phelps [seis outros e dois bronzes na Grécia] do que o de Spitz.
Folha - Então, qual é a sua opinião sobre o norte-americano Michael Phelps?
Popov- Ele é uma estrela e tem uma grande virtude, que é ser competitivo em todos os estilos da natação.
Folha - O que você vai fazer ao final da Olimpíada?
Popov - Fui patrocinado pela Omega durante dez anos e agora ocupo um cargo na área de marketing da empresa Swiss Timing. Ali tocarei minha vida profissional. Quanto ao esporte, ainda não tenho nada definido.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Alexander Popov
Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
Alexander Popov diz que sonhar com medalha era exagero
Publicidade
da Folha de S.Paulo, em Atenas
Alexander Popov se recusou a deixar a piscina. Ficou dentro d'água, corpo estendido, olhar fixo no placar eletrônico.
O nadador russo havia completado sua última prova na Olimpíada de Atenas --o revezamento 4 x 100 m medley-- numa modesta quarta posição.
Sua chance de medalha havia desabado. E, com ela, esvaiu-se a esperança de salvar a péssima campanha nos Jogos da Grécia.
Aos 32 anos, ele programou o fim da carreira olímpica justamente para a cidade onde, em 1991, com uma vitória no Campeonato Europeu, deu início à mais premiada e longeva trajetória da história da natação.
De Barcelona-1992 até Sydney-2000, foi cinco vezes ao pódio. Em quatro delas, conseguiu ocupar o degrau mais alto. Chegou à Grécia como atual campeão mundial dos 50 m e 100 m livre.
Mas fracassou. "Eu sabia que falar em medalha era exagero", disse o "legendário czar", como é conhecido em seu país, em entrevista concedida à Folha.
Folha - Em Atlanta-1996, você disse que tentaria ganhar medalhas nas duas Olimpíadas seguintes. O que pensa agora?
Alexander Popov - Eu ainda era jovem naquela época. Mas hoje sei que aquilo era apenas um sonho e que chegar ao pódio em Atenas era uma tarefa muito complicada.
Folha - Alguns países, como os EUA, não costumam incluir seu nome na lista dos melhores atletas de todos os tempos. Você concorda com a avaliação?
Popov - Esses levantamentos geralmente são elaborados por nacionalistas que não sabem bem o que acontece fora do seu próprio território. Prefiro que o público julgue se minha carreira na piscina é importante ou não.
Folha - Quem é melhor: Mark Spitz, que ganhou sete ouros em Munique-1972, ou você, que manteve uma hegemonia de quase 13 anos nas piscinas?
Popov - Ele foi melhor em 1972. Ninguém ganhou tantas medalhas como ele. Mas é claro que isso não vai perdurar para sempre. A natação mudou, e cada medalha exige um esforço descomunal. De agora em diante, você vai ouvir mais vezes o nome de Michael Phelps [seis outros e dois bronzes na Grécia] do que o de Spitz.
Folha - Então, qual é a sua opinião sobre o norte-americano Michael Phelps?
Popov- Ele é uma estrela e tem uma grande virtude, que é ser competitivo em todos os estilos da natação.
Folha - O que você vai fazer ao final da Olimpíada?
Popov - Fui patrocinado pela Omega durante dez anos e agora ocupo um cargo na área de marketing da empresa Swiss Timing. Ali tocarei minha vida profissional. Quanto ao esporte, ainda não tenho nada definido.
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Guga perde processo milionário no Carf e diz que decisão é 'lamentável'
- Super Bowl tem avalanche de recordes em 2017; veja os principais
- Brady lidera maior virada da história do Super Bowl e leva Patriots à 5ª taça
- CBF quer testar uso de árbitro de vídeo no Brasileiro deste ano
- Fifa estuda usar recurso de imagem para árbitros na Copa do Mundo-18
+ Comentadas