31/08/2004 - 17h56

Ex-padre irlandês que atacou brasileiro quer escrever para pedir desculpas

da France Presse, em Dublin

O ex-padre irlandês Cornelius Horan, que no domingo atrapalhou o corredor brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima durante a prova de maratona dos Jogos Olímpicos de Atenas, anunciou nesta terça-feira a intenção de escrever ao atleta para se desculpar.

Ouvido pela rádio-televisão pública irlandesa RTE, Cornelius Horan, 57 anos, também prometeu que não voltaria mais a ter este tipo de comportamento. "Posso afirmar categoricamente que não mais violarei a lei".

O irlandês já havia provocado um incidente no dia 20 de julho de 2003, durante o Grande Prêmio de Fórmula 1 em Silverstone, na Inglaterra.

No domingo passado, ele agarrou Vanderlei Lima, que então liderava a prova, após um pouco mais de 35 km do percurso, e o manteve preso por alguns segundos antes que o brasileiro conseguisse se desvencilhar com a ajuda de um popular que assistir à prova.

No momento da interrupção, Wanderlei Lima estava a mais de 30 segundos de distância dos demais corredores, sendo finalmente classificado em terceiro lugar.

Vestindo um "kilt" vermelho e meias verdes, exibia um cartaz promovendo a Bíblia e se intitulando o "Padre dos Grandes Prêmios".

"Apresento minhas desculpas pelo mal que fiz, ao me ver na TV perturbando o brasileiro", acrescentou Horan.

Apesar de ter sido atacado, Vanderlei Cordeiro de Lima, de 35 anos, bicampeão pan-americano e vencedor este ano da maratona de Hamburgo, conseguiu se recuperar do susto e garantir o terceiro lugar e a medalha de bronze, chegando ao Estádio Panathinaiko sob os vivas do público, que o recebeu como um verdadeiro herói.

"Pensei que aquele homem ia me matar. Me assustei muito porque, a princípio, não tive clareza sobre suas intenções, mas a primeira coisa que me veio à cabeça é que ele ia me atacar com uma faca", disse Vanderlei, ao final da prova.

Em reconhecimento à excepcional demonstração de "Fair Pla" de Vanderlei durante a Maratona, o Comitê Olímpico Internacional anunciou que vai presenteá-lo com a medalha Barão Pierre de Coubertin.

O padre irlandês, por sua vez, foi condenado a 12 meses de prisão com direito a sursis, à multa de 3.000 euros e à proibição de assistir a qualquer exibição esportiva durante três meses pelo tribunal de flagrantes delitos de Atenas.

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