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01/09/2004 - 09h10

Ex-padre irlandês diz que Cristo irá recompensar Vanderlei pelo ouro perdido

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ÉRICA FRAGA
da Folha de S.Paulo, em Londres

Cornelius Horan, o ex-padre irlandês que atacou Vanderlei Cordeiro de Lima, no domingo, na maratona que encerrou os Jogos de Atenas-2004, não se arrepende do que fez. Lamenta apenas que o atleta era muito "pequeno e frágil".

Em entrevista à Folha na terça-feira, depois de ter voltado para Londres, onde vive, Horan disse que foi liberado pela polícia grega sem ter pago a fiança de &;euro; 1.000. "Cristo dará a Vanderlei algo muito melhor do que a medalha de ouro que tirei dele", afirmou.

A "demonstração", forma como Horan descreve o ataque a Lima, havia sido cuidadosamente planejada por ele, que viajou para Atenas no último domingo de manhã. "Eu planejei fazer com quem estivesse liderando, fosse ele italiano, alemão ou argentino. Não importava. Não tinha idéia de que seria um brasileiro. Quis fazer isso na Olimpíada, que é o maior evento do esporte."

Horan disse, no entanto, que não pretendia agarrar o brasileiro. "Minha intenção era apenas parar na frente dele por alguns segundos e deixá-lo prosseguir. Não queria afetar o resultado da maratona. Mas eu sou uma pessoa muito nervosa, estava tenso, não sei o que aconteceu, porque acabei fazendo aquilo", declarou.

O ex-padre, no entanto, diz não se arrepender, já que conseguiu atrair a atenção para a sua mensagem de que "a segunda vinda do Cristo está para ocorrer".

No ano passado, Horan já havia protagonizado cena parecida ao invadir o circuito de Silverstone, durante o GP da Inglaterra. Curiosamente, na ocasião, Rubens Barrichello ganhou a corrida.

Bastante seguro em suas respostas, Horan se lembrava --e mencionou espontaneamente-- a vitória do brasileiro na ocasião. Segundo ele, desde então, planejava uma segunda "demonstração".

Horan disse à Folha que nunca mais fará nada parecido. "Já consegui passar minha mensagem. Atingi meu objetivo." No entanto, não é a primeira vez que o irlandês faz essa promessa.

"Depois de Silverstone, ele havia dito que nunca mais faria aquilo", disse Leslie Broad, editor de versões eletrônicas de três livros que Horan escreveu, dois sobre a "volta de Cristo" e um terceiro, uma espécie de autobiografia.

"Eu jurei que nunca mais voltaria a fazer aquilo na Inglaterra, não em outro país estrangeiro, como a Grécia", respondeu Horan, que ficou dois meses preso pela invasão na F-1 no ano passado.

Segundo ele, a polícia grega o liberou na segunda-feira e sem multa. A próxima instância do processo na Grécia ocorrerá em seis meses, e ele ainda não sabe se terá de pagar. "Tenho pouco dinheiro. Vivo da assistência do governo."

A atitude de Horan envergonhou sua família e seus amigos. Broad disse, por exemplo, que não sabe se continuará sendo amigo de Horan. "Ele fez papel de bobo. Cometeu um ato absurdo contra um homem que se revelou um cavalheiro, um atleta que deveria servir de exemplo a todo o mundo do esporte", disse.

Horan diz que muitas pessoas --inclusive a família-- não entendem "sua missão". Faz questão de dizer que, ao contrário do que a imprensa tem publicado, ele ainda mantém o título de padre, mas confirma que já não atua em nenhuma paróquia há dez anos. Afirma ainda sofrer de depressão.

Em relação a Lima, Horan disse ainda que gostaria muito de conversar com o atleta brasileiro e que sofreu muito ao ver as imagens da cena depois. "Eu não consegui vê-lo antes de partir para cima dele, não sabia que ele era tão frágil. Queria falar com ele."

Lima chegou ao Brasil na madrugada desta quarta-feira. O maratonista será homenageado por um de seus patrocinadores e receberá prêmio de R$ 200 mil --o valor seria pago apenas em caso de ouro. Após a solenidade, o paranaense segue para Maringá. A chegada está prevista para as 15h.

Especial
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