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27/12/2004 - 09h10

Boleiros batem cabeça sobre pior público do Brasileiro-04

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KLEBER TOMAZ
da Folha de S.Paulo

Eles não se entendem. Dirigentes, técnicos e jogadores batem cabeça ao apontarem o motivo que levou o Brasileiro-2004 a registrar a pior média de público (8.085 torcedores) da história do Nacional, iniciada em 1971.

Violência e preço do ingresso a R$ 15 dividem as opiniões.

Enquete feita pela Folha e compilada pelo Datafolha com 22 dos 24 times da Série A revela que 44% dos atletas ouvidos atribuem esse recorde ao "ingresso caro", enquanto 46,9% dos treinadores entendem que o medo da violência nos estádios afastou a torcida das arquibancadas.

Os cartolas, por sua vez, se mostraram em cima do muro, com 31,3% de preferência para cada uma das citações acima.

Ao final, a pesquisa também mostrou empate nos números totais. "Porque o torcedor tem medo da violência nos estádios" e "porque o ingresso é caro" foram as alternativas mais votadas --cada uma teve a preferência de 34,8% dos entrevistados.

Só o campeão Santos, que garantiu o título na 46ª e última rodada, e o lanterna Grêmio, rebaixado a três rodadas do fim, não quiseram responder a enquete.

Segundo o artigo 20 do capítulo V do regulamento das disposições financeiras do BR-04, "nenhum tipo de ingresso poderia ser comercializado a preço inferior a R$ 15, com exceção das meias-entradas para estudantes ou outras situações, conforme a legislação definiu, e dos bilhetes especiais para associados, limitados ao valor mínimo de R$ 7".

"Acho o ingresso caro. Devia custar R$ 10. Nós, por exemplo, não temos o estádio cheio porque nossa torcida é pequena. Ganhamos o Paulista e se formos mais adiante agora no Nacional, com certeza, vamos trazer mais torcedores", disse o zagueiro Dininho, que defendeu o São Caetano, antes do fim do torneio.

"O ingresso é muito caro. O torcedor do Norte não tem condição de pagar o mesmo valor que o de São Paulo", reclamou Vandick, diretor de futebol do Paysandu.

Quem aponta a violência como causa do fiasco de público do Brasileiro tem sólidos argumentos.

Segundo o delegado Guaracy Moreira Filho, titular do 34º Distrito Policial, nos grandes clássicos no Morumbi há uma média de 12 furtos de aparelhos de CDs e quatro de automóveis, com 30 a 40 agressões registradas dentro e fora do estádio. "No último São Paulo x Palmeiras, foram 17 ocorrências de lesão corporal", disse.

"Tenho muitos amigos que gostariam de levar seus filhos e mulheres ao estádio e não o fazem porque têm medo das brigas das torcidas", disse o então técnico do São Caetano, Péricles Chamusca, agora treinador do Goiás.

A violência também foi destacada por Mário Celso Petraglia, homem forte do Atlético-PR, vice-campeão brasileiro.

Amostragem da pesquisa feita com os clubes dos dois Estados que mais ganharam o Brasileiro, São Paulo (13 títulos) e Rio (dez), indica que a maioria dos paulistas (44%) acha que a fuga de torcedores decorre da violência, enquanto 31,6% da dos cariocas fala do preço do ingresso.

Prejuízo

Enquanto as discussões sobre as causas persistem, os efeitos dela já foram sentidos. Após a 36ª rodada, o Brasileiro já havia "perdido" 1 milhão de pessoas nos estádios em relação ao mesmo período do campeonato ano passado.

Em 552 partidas, o BR-04, segundo a CBF, levou 4.462.645 pagantes aos estádios contra 7.390.866 no Nacional de 1983, quando o Flamengo foi campeão, e a média de público foi de 22.953 pessoas --recorde até hoje.

O time que mais contribuiu para que o BR-04 tivesse a pior média de público da história foi o São Caetano. Apesar da leve melhora verificada nesta ano (média de 2.472 pessoas por jogo) em relação a 2003 (2.367), o time terminou o Nacional de pontos corridos pelo segundo ano seguido como o pior entre os 24 mandantes.

Nem o fato de ter conquistado o Campeonato Paulista no primeiro semestre motivou a torcida do time do ABC a comparecer em massa ao estádio Anacleto Campanella para acompanhar a agremiação "azul" neste Nacional.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Campeonato Brasileiro-2004
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