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23/03/2005 - 10h12

Com medo de seqüestros, boleiros saem da rotina

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KLEBER TOMAZ
SÉRGIO RANGEL

da Folha de S.Paulo

Assustados com os últimos casos de seqüestros de parentes de atletas, jogadores da seleção brasileira e de clubes do país decidiram mudar seus hábitos.

A ostentação de carros importados e jóias começa a dar lugar à discrição. Alguns levaram a família para viver fora do país. Outros contrataram seguranças para os parentes que ficaram --decisão tomada por pelo menos 9 dos 22 convocados para a seleção, que se reuniu ontem em Teresópolis.

"Esta infelizmente é a situação do nosso país. Meus pais moram aqui e ficam sempre com seguranças. Também falo sempre com a minha mãe. Peço para evitar sair na rua", disse o lateral-esquerdo Roberto Carlos, do Real Madrid.

O meia-atacante Kaká, do Milan, levou os pais e o irmão para morarem juntos com ele na Itália. Quando negociava a sua transferência de São Paulo para Milão, Kaká ficou traumatizado com o caso do jornalista Ivandel Godinho, seu amigo. Godinho ainda não foi encontrado, mais de um ano após o seqüestro.

Mesmo com a família longe do país, Kaká também faz parte do grupo de jogadores que sempre contrata seguranças quando está de passagem pelo Brasil.

O atacante Ronaldinho, do Barcelona, fez o mesmo e levou quase todos os parentes para a Espanha --sua família é de Porto Alegre.

Já o meia Juninho Pernambucano, do Lyon, que vive com a mulher e os filhos na França, afirmou que a punição tem que ser "pesada" para os seqüestradores.

"Estamos todos assustados. Parece que virou moda. É um crime bárbaro", disse Juninho, cujos pais moram em Recife.

No Brasil

Os atletas que atuam no Brasil tiraram as famílias das periferias ou cidades do interior e as levaram para condomínios fechados. Além disso, compraram carros com vidros escuros e à prova de balas e contrataram seguranças.

Nenhuma rotina de um clube foi tão alterada como a do Santos, que, depois do seqüestro da mãe de Robinho, solicitou que seus jogadores escutassem as orientações das empresas de segurança que prestam serviço ao clube da Vila Belmiro.

Elite e DR são empresas que cuidam da segurança dos atletas santistas. Traumatizado pelo que aconteceu com sua mãe --ela ficou 41 dias em poder dos seqüestradores--, Robinho anda com dois seguranças e comprou um carro blindado. Seu pai e sua mãe também têm escolta.

Ontem, em Teresópolis, o atacante do Santos se recusou a dar declarações sobre o assunto, considerado tabu para muitos boleiros.

O meia Ricardinho evita levar o filho e a mulher para os estádios de futebol e mostrá-los na TV.

No São Paulo, pelo menos três jogadores possuem carro blindado. "Todos os cuidados estão redobrados. A dor de ter uma mãe seqüestrada, só quem passou por isso é que sabe", disse Grafite, cuja mãe foi raptada por um dia.

"As dicas que damos são passadas de modo informal para aqueles que são mais badalados", afirmou Marco Aurélio Cunha, supervisor do clube do Morumbi.

O atacante Diego Tardelli mudou a mãe de Santa Bárbara d'Oeste para um flat na capital paulista. "Tinha muita gente invejosa naquela cidade", afirmou ele, que recentemente foi assaltado perto do Parque Antarctica. Levaram seu relógio e documentos.

O argentino Carlos Tevez, do Corinthians, contratação mais cara do futebol brasileiro (quase R$ 60 milhões), comprou carro blindado e contratou motorista particular, segundo apurou a Folha.

Ele nega. "Soube dos seqüestros, mas não estou tomando cuidados especiais nem comigo nem com meus parentes. Minha família fica mais em casa. Quase não saímos", declarou Tevez.

O argentino e os demais atletas do Parque São Jorge também são orientados pela assessoria de imprensa do clube a não darem entrevistas em suas casas ou mostrarem seus parentes na televisão.

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