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29/09/2005 - 09h00

Danelon admite venda de três jogos do Paulista-05

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ADALBERTO LEISTER FILHO
da Folha de S.Paulo

O árbitro Paulo José Danelon, 43, confessou ontem, em depoimento à Polícia Federal, ter vendido três jogos do Paulista-05 para beneficiar um grupo de apostadores em sites clandestinos.

O juiz afirmou ter negociado os resultados de Corinthians 3x0 Ponte Preta, Guarani 1x1 Atlético Sorocaba e Portuguesa Santista 0x1 União São João. Danelon esteve ontem na sede da PF em São Paulo, na Lapa (zona oeste).

Edilson Pereira de Carvalho já havia revelado, em depoimento prestado sábado, que vendeu dois jogos do Paulista: Guarani x Corinthians e América x Palmeiras.

Indiciado pela PF por crime contra a economia popular e estelionato, Danelon recebia R$ 10 mil por fraude. Ele ainda identificou um dos aliciadores, já citado por Carvalho, como Vanderlei Pololi.

Segundo o juiz, Pololi "contava várias histórias do passado, dizendo que trabalhou na Federação Paulista de Futebol e conheceu muitos árbitros corruptos e que, inclusive, levava envelopes da escala com resultado pronto para esses árbitros, dizendo também que levava documentos de jogadores em vários Estados do Brasil e também no exterior, sendo pessoa de confiança da FPF".

A reportagem tentou ouvir Marco Polo Del Nero, presidente da federação, mas ele não foi localizado.

Nagib Fayad, preso no sábado pela polícia e coordenador das apostas, chegou a especular com Danelon sobre árbitros que jogavam em bingo. O juiz indicou Carvalho e Romildo Corrêa. A partir dessa informação, Fayad, conhecido como Gibão, tentou cooptar esses profissionais.

Fayad também questionou sobre Paulo César de Oliveira, mas Danelon aconselhou a não fazer proposta a esse juiz, que era ""sério" e não entraria no esquema.

"A polícia irá chamar para depor o Vanderlei e o Romildo no seu devido tempo", disse o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo).

Liberado após o depoimento, Danelon disse que começou a se relacionar com o grupo quando emprestou R$ 7.500 de Daniel, outro participante do esquema. Pouco depois, acabou cooptado.

Danelon afirmou que, convidado, negou-se a fraudar três confrontos do Paulista: Paulista x São Caetano, Marília x Ituano e Atlético Sorocaba x Portuguesa Santista. Teria feito o mesmo em dois duelos do Nacional da Série B: Lusa x Ituano e Ituano x Marília.

Ainda pelo Estadual, o árbitro também foi contratado para arranjar a vitória do Santos sobre o Guarani. Apesar disso, o jogo terminou com um empate de 0 a 0.

Danelon respondeu a Gibão, quando este lhe cobrou o resultado, que não tivera culpa. "A partida foi tão difícil que o jogador Basílio perdeu um gol que nem sua própria mãe perderia", ironizou, no depoimento, acrescentando que o bandeirinha Nelson Góes também anulou um gol santista.

Sem a vitória, o grupo teve prejuízo de R$ 300 mil, e o juiz não recebeu os R$ 10 mil combinados.

"Eles perdiam, depois ganhavam. A organização trabalhava dessa forma com a colaboração dos juízes", contou José Reinaldo Guimarães Carneiro, outro promotor do Gaeco que está no caso.

Danelon tinha método: marcava faltas no meio-campo, para amarrar o jogo, invertia infrações e apitava ou não pênaltis. Algumas vezes, esperava o início do duelo para definir a estratégia.

Na madrugada desta quinta, foi encerrada a prisão temporária de Carvalho e de Gibão. "Não foi pedida a renovação do período porque eles já prestaram as declarações necessárias", disse Carneiro.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Paulo José Danelon
  • Leia o que já foi publicado sobre Edilson Pereira de Carvalho
  • Leia o que já foi publicado sobre o escândalo da arbitragem
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