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29/09/2005 - 10h53

Discreto, Carvalho enterra a fama de rei dos empates

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da Folha de S.Paulo

Um juiz que pouco fala com os jogadores, econômico nos cartões, esbanjador na marcação de pênaltis e que "decretou" o fim do resultado menos interessante para os apostadores no futebol.

Este é o resumo dos 11 jogos apitados por Edilson Pereira de Carvalho no Brasileiro-05, que foram revistos na íntegra pela Folha.

O que mais salta aos olhos, pelo histórico do juiz, é a completa ausência de empates.

O esquema investigado por Polícia Federal e Ministério Público, que tem Carvalho como principal envolvido, aponta que a manipulação de resultados é feita para indicar o favorito como vencedor.

Nenhum outro juiz do Nacional apitou tantos jogos sem que nenhum terminasse sem vencedor. Os empates respondem por quase um quarto dos resultados.

Até o ano passado, Carvalho dirigia jogos com muito mais empates. No ano passado, por exemplo, o naco desse placar nos jogos apitados por ele no Brasileiro ficou em expressivos 43%, ou quase o dobro da média geral do torneio.

O mesmo aconteceu no Paulista deste ano, quando ele já participava do esquema. Nos 12 jogos que comandou, só um (8% do total) terminou em empate. Em 2004, 30% das partidas apitadas por ele não tiveram vencedor.

A farta marcação de pênaltis ajuda a explicar a penúria de empates sob Carvalho em 2005. Nas partidas dirigidas por ele no Nacional, 15,4% dos tentos saíram nesse tipo de lance, ou 43% a mais do que no resto dos jogos.

Rever com atenção as imagens dos confrontos dirigidos por Carvalho mostra um juiz de pouco contato com os jogadores, seja em advertências verbais ou com cartões --sua média de amarelos e vermelhos fica bem abaixo da de seus colegas de arbitragem.

No duelo entre Corinthians e São Paulo, Carvalho teve seu diálogo mais extenso com o argentino Sebá. Após mostrar cartão amarelo para o corintiano, ouviu reclamações, mas não se exaltou e pediu que o atleta se afastasse e formasse a barreira com seus companheiros. No intervalo, Sebá o acusou de chamá-lo de "gringo de merda". Carvalho negou.

No jogo entre Brasiliense e Fluminense, sem proferir uma palavra, mostrou cartão amarelo apenas para o atacante Robston, do time do DF, que simulou um pênalti no segundo tempo.

Em outro clássico tenso, envolvendo Santos e Corinthians, ele também manteve o controle.

A única "discussão" que ele teve durante o jogo foi ao separar Sebá e o atacante Frontini (também argentino), aos 8min do primeiro tempo.

Gritou "chega!" três vezes, gesticulou e seguiu com o jogo. Nas marcações de falta, chega a conversar e sorrir para o jogador que apanhou. Não foi insultado nem mesmo na expulsão do lateral corintiano Edson.

No jogo Ponte Preta x São Paulo, o árbitro chegou a ajudar um jogador do time de Campinas a se levantar após sofrer uma falta.

O comportamento do juiz até foi elogiado por Galeano, o único com quem o árbitro havia sido mais ríspido após mostrar um amarelo. "Antes do jogo o Edilson nos orientou sobre lances de carrinho. E por enquanto tudo está indo bem", disse o capitão do time de Campinas no intervalo.

Em todas as partidas Carvalho fez gestos, antes da bola rolar e no intervalo, que são sua marca. O ritual consiste em dar três beijos em imagens de santos em seus cartões. Ele os ergue e faz uma oração.

Depois, beija duas vezes uma correntinha que carrega no peito. Tudo dura 25 segundos.

Geralmente Carvalho faz isso com a bola perto dos pés. Depois de tudo, com a perna esquerda, ele a rola para a equipe que tem direito ao início da partida.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Edilson Pereira de Carvalho
  • Leia o que já foi publicado sobre o escândalo da arbitragem
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