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13/10/2005 - 10h58

"Cai na área", pediu juiz Danelon a jogadores santistas

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LUÍS FERRARI
da Folha de S.Paulo

O árbitro Paulo José Danelon, 43, um dos envolvidos no escândalo de manipulação de jogos no Paulista-05, orientou atletas do Santos a caírem na área em jogo contra o Guarani, pelo Estadual.

A afirmação foi feita em um telefonema do árbitro em maio deste ano gravado nas investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. A Folha teve acesso à íntegra da transcrição.

"Eu falava pra todo mundo [jogadores do Santos]: 'Cai na área, cai na área'", comenta Danelon.

Na conversa, o árbitro reclama muito do atacante santista Basílio. E destaca que nunca se posicionara tão mal em sua carreira, para procurar lances em que pudesse assinalar um pênalti.

Danelon tem como interlocutor Daniel (o sobrenome não consta da transcrição, mas tudo indica de que seja o advogado Daniel Gimenes). O telefonema foi feito após o 0 a 0 na Vila Belmiro, partida válida pela sexta rodada, realizada no dia 10 de fevereiro.

O interlocutor do árbitro cobra dele o fato de o Santos não ter vencido a partida, conforme combinado, e reclama dos prejuízos.

Danelon tenta se justificar. "Se tem um cara que cai na área, eu marco pênalti. Cara, me fala um lance em que o cara caiu."

Em seguida, diz que precisou tomar Vallium para dormir. "Estou em frangalhos."

Pressionado por Daniel, Danelon pediu uma nova chance e ofereceu Marília x Ituano --o jogo, apitado por ele, terminou 2 a 2.

"Eu dou um gol pro Ituano... vou ter que fazer... eu jogo a minha carreira fora, cara!", diz.

Diante da insistência do árbitro, Daniel liga, de outro telefone, para um interlocutor a quem chama de Gibão (Nagib Fayad, acusado de ser um dos apostadores) e relata a proposta de Danelon.

Pelas respostas que deu a essa segunda ligação, Daniel parece ter sido cobrado por Gibão.

"Ontem ele não teve chance... ele tá até chorando aqui. Não teve chance de ele dar o pênalti. Chegou até a falar pro Léo, pro Fabinho, cair na área. Ele não caía. Mas agora ele vai dar um jeito. Vai ter que dar um jeito."

Danelon, então, insiste para ter duas oportunidades: empate e vitória do Ituano. Sem sucesso, pois a alternativa reduziria os lucros.

"Ele ganha R$ 730 mil, foi o que ele passou, tá? Pra ele jogar dois resultados, aí vai ter prêmio do quê? Mas vai ter que jogar tudo. Não dá pra jogar cem, cem pra ganhar trinta conto...", diz Daniel.

O interlocutor é enfático: "Você vai. Tem que fazer [o resultado]".
O árbitro, então, anuncia uma nova técnica para o estratagema não voltar a falhar: "Só que vou ser mais inteligente, não tem que ficar marcando faltinha, tem que ser decisivo, cara".
 

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