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27/10/2005 - 15h50

Pivô do caso Serginho, médico promete livro para limpar imagem

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KLEBER TOMAZ
da Folha de S.Paulo

Um ano após a morte do zagueiro Serginho, do São Caetano, o ex-médico do clube, Paulo Forte, acusado ao lado do presidente Nairo Ferreira de Souza de homicídio doloso qualificado por motivo torpe, se declara inocente e promete escrever um livro para limpar sua imagem.

Eduardo Knapp/F. Imagem

Paulo Forte, durante entrevista

O título provisório da obra é "Sangue, Futebol, Suor e Lágrimas". Nele, Forte pretende contar sua versão do que realmente aconteceu com o defensor, que caiu em campo após uma parada cardiorrespiratória em jogo contra o São Paulo, no Morumbi, em 27 de outubro de 2004, aos 30 anos.

"Ainda negocio com uma editora, mas esse livro servirá para mostrar a verdadeira história por trás do caso. A história que não foi falada na mídia. Eu e o Serginho jamais fomos informados de que ele deveria parar de jogar", disse Forte, em entrevista à Folha.

Segundo a polícia e o Ministério Público, Forte, que hoje trabalha em sua clínica particular de ortopedia, e Nairo foram avisados pelo médico Edimar Bocchi, do Incor (Instituto do Coração) de que Serginho teria que parar de jogar por apresentar problema cardíaco.

Os dois podem ser condenados a até 30 anos de reclusão. O processo na Justiça segue no 5º Tribunal do Júri de São Paulo.

No campo esportivo, Nairo foi suspenso de suas atividades no clube do ABC por dois anos. Forte levou gancho de quatro anos.

Folha - O que mais te incomodou [no caso]?

Forte - Minha preocupação é com os outros. Um torcedor lá no interior de Goiás vendo aqueles caras da Sportv discutindo um prontuário que não tem o menor sentido. O que foi que houve? Todos se esconderam atrás do Incor. Esse grupo de médicos se escondeu atrás de uma instituição e a coisa ganhou uma dimensão muito forte. O Incor é intocável. Só me calei por um motivo: a minha preocupação era o São Caetano. Evitar uma punição para o clube. Como foi aquele julgamento do STJD [que deu suspensão de dois anos para Nairo e quatro para Forte]. Aquilo não teve fundamento. Se baseou no promotor e no prontuário médico.

Folha - O que Edimar Bocchi disse a vocês?

Forte - Eu me lembro bem. Ele disse: 'O Serginho não tem nada que o contra-indique a jogar. Se você quiser fazer o cateterismo faça, com cuidado, com zelo, você faz.'

Folha - Você levou os jogadores a Bocchi por indicação de alguém?

Forte - Um colega. Porque levei os jogadores? Levei depois daquelas mortes dos jogadores na Europa. Vou levar para ficar tranqüilo. Vou te contar uma história que acho que você não sabe. No final do ano 2003, nos últimos jogos do Campeonato [Brasileiro], o Washington [ex-Atlético-PR, que teve problema cardíaco] esteve até no São Caetano. Houve interesse por ele, mas em decorrência daqueles comentários todos, pedi para a diretoria não contratá-lo simplesmente porque tinha preocupação de acontecer alguma coisa.

Folha - Como foi o contato com o Incor?

Forte - Conversei com o Edimar e ele tratou de fazer uma avaliação nos jogadores. Primeiro fazia um eletrocardiograma depois fazia o teste ergométrico e depois o ecocardiograma. Eu, na parte de traumatologia de esporte, não tenho a menor condição de interpretar um eletro, um ecocardiograma, uma ressonância magnética. Ele interpretou que estava tudo bem em relação a todos. Tanto é que foi público e notório que o Serginho jogou de fevereiro até outubro. Inclusive os médicos do Incor ligavam para mim para arrumar ingressos para eles virem assistir jogo aqui. Se houvesse preocupação você acha que alguns deles não iriam ligar para a esposa do Serginho ou para alguém do clube, para o presidente, para o jogador ou até para a imprensa para dizer que ele estava contra-indicado a jogar?

Folha - O que mudou na sua vida, antes e depois do caso?

Forte - Fiquei chateado com a situação. Afetou minha parte profissional. Eu não estou fazendo jogo, indo para campo, não estou assinando nada para o clube, mas da consultoria e da assessoria dos jogadores todos sou eu quem cuido. Trabalho em São Paulo com um colega meu numa clínica.

Folha - O que o senhor pensou quando viu Serginho caído no gramado do Morumbi?

Forte - Eu achei que ele tivesse batido a cabeça e tido uma parada, uma apnéia, uma parada cardíaca, assim rápida, que não fosse nada. Aí cheguei lá, ele estava respirando, mas botei a mão no pulso e estava muito fraco. Teve muito cardiologista que me elogiou. Eu nunca vi nada parecido. Em faculdade, quando a gente está de plantão fazemos isso, mas é outro clima, uma salinha, com pessoas de mais idade.

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