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29/12/2005
-
10h18
da Folha de S.Paulo
Três dos melhores fundistas do país tentam, no sábado, acabar com a incômoda sina que persegue os brasileiros na São Silvestre: a maldição do bicampeonato.
Pior: normalmente, quem vence a São Silvestre convive, em seguida, com uma série de lesões, maré de azar ou resultados pífios.
Desde a consagração de José João da Silva, na edição de 1985, nenhum corredor nacional consegue bisar a conquista da mais tradicional prova de rua do país.
Neste ano, um número recorde de brasileiros ex-campeões tenta encerrar o tabu: Emerson Iser Bem (1997), Marilson dos Santos (2003) e Marizete Rezende (2002).
Mas até quem superou o obstáculo conviveu com infortúnio às vésperas da disputa.
Em 1983, José João era um dos favoritos. Contudo, quando fazia alongamento, sofreu uma queda e fraturou o braço, ficando fora.
"Fui me apoiar no travessão de um gol, mas ele estava solto e me desequilibrei", lembra o ex-atleta.
Depois dessa conquista, o país viu as desventuras virem em série.
Ronaldo da Costa voltou a pôr o Brasil no lugar mais alto do pódio em 1994. Em 1998, no ápice da carreira, obteve a melhor marca da maratona (2h06min05s) --seu tempo caiu no ano seguinte. Na São Silvestre, no entanto, virou figurante --em 1995, por exemplo, não passou do 20º lugar.
Carmem de Oliveira foi a primeira brasileira a triunfar na corrida, em 1995. Veterana, nunca mais participou da São Silvestre.
Roseli Machado ganhou no ano seguinte. Atormentada por uma série de lesões, não obteve mais nenhum resultado significativo.
Em 1997, Emerson Iser Bem se tornou o único brasileiro a superar o então bicampeão Paul Tergat na São Silvestre. O queniano ainda somaria outras três taças ao currículo. Iser Bem, por sua vez, nunca mais subiu ao pódio.
Carismática, Maria Zeferina Baldaia ganhou a prova em 2001.
No ano seguinte, um exame de sangue acusou forte anemia, deixando a corredora oito meses afastada das ruas. Baldaia trocou de técnico, mas nunca mais foi a mesma. Neste ano, desistiu da prova por causa de uma calcificação no tendão da coxa esquerda.
O revés de Baldaia não foi tão grande se comparado à desdita de Marizete Rezende. Campeã em 2002, ela teve detectada EPO em antidoping feito na Meia-Maratona do Rio, no ano seguinte. Desacreditada, volta a participar da corrida após dois anos suspensa.
Marilson dos Santos, o último brasileiro a conquistar o ouro, há dois anos, não pôde defender seu título em 2004 por causa de lesão. Também fracassou em sua tentativa de conquistar vaga na maratona da Olimpíada de Atenas.
Para José João da Silva, é preciso mudar a mentalidade dos brasileiros campeões. "Quem vence precisa saber que não é mais um qualquer. É uma ferrari, não um fusquinha. Precisa treinar duro porque a turma vem para cima."
Brasileiros tentam quebrar maldição do bicampeonato na São Silvestre
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Três dos melhores fundistas do país tentam, no sábado, acabar com a incômoda sina que persegue os brasileiros na São Silvestre: a maldição do bicampeonato.
Pior: normalmente, quem vence a São Silvestre convive, em seguida, com uma série de lesões, maré de azar ou resultados pífios.
Desde a consagração de José João da Silva, na edição de 1985, nenhum corredor nacional consegue bisar a conquista da mais tradicional prova de rua do país.
Neste ano, um número recorde de brasileiros ex-campeões tenta encerrar o tabu: Emerson Iser Bem (1997), Marilson dos Santos (2003) e Marizete Rezende (2002).
Mas até quem superou o obstáculo conviveu com infortúnio às vésperas da disputa.
Em 1983, José João era um dos favoritos. Contudo, quando fazia alongamento, sofreu uma queda e fraturou o braço, ficando fora.
"Fui me apoiar no travessão de um gol, mas ele estava solto e me desequilibrei", lembra o ex-atleta.
Depois dessa conquista, o país viu as desventuras virem em série.
Ronaldo da Costa voltou a pôr o Brasil no lugar mais alto do pódio em 1994. Em 1998, no ápice da carreira, obteve a melhor marca da maratona (2h06min05s) --seu tempo caiu no ano seguinte. Na São Silvestre, no entanto, virou figurante --em 1995, por exemplo, não passou do 20º lugar.
Carmem de Oliveira foi a primeira brasileira a triunfar na corrida, em 1995. Veterana, nunca mais participou da São Silvestre.
Roseli Machado ganhou no ano seguinte. Atormentada por uma série de lesões, não obteve mais nenhum resultado significativo.
Em 1997, Emerson Iser Bem se tornou o único brasileiro a superar o então bicampeão Paul Tergat na São Silvestre. O queniano ainda somaria outras três taças ao currículo. Iser Bem, por sua vez, nunca mais subiu ao pódio.
Carismática, Maria Zeferina Baldaia ganhou a prova em 2001.
No ano seguinte, um exame de sangue acusou forte anemia, deixando a corredora oito meses afastada das ruas. Baldaia trocou de técnico, mas nunca mais foi a mesma. Neste ano, desistiu da prova por causa de uma calcificação no tendão da coxa esquerda.
O revés de Baldaia não foi tão grande se comparado à desdita de Marizete Rezende. Campeã em 2002, ela teve detectada EPO em antidoping feito na Meia-Maratona do Rio, no ano seguinte. Desacreditada, volta a participar da corrida após dois anos suspensa.
Marilson dos Santos, o último brasileiro a conquistar o ouro, há dois anos, não pôde defender seu título em 2004 por causa de lesão. Também fracassou em sua tentativa de conquistar vaga na maratona da Olimpíada de Atenas.
Para José João da Silva, é preciso mudar a mentalidade dos brasileiros campeões. "Quem vence precisa saber que não é mais um qualquer. É uma ferrari, não um fusquinha. Precisa treinar duro porque a turma vem para cima."
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