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29/01/2006 - 10h14

Rival do Brasil na Copa, Austrália vê crescimento em seu futebol

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CRISTIANO CIPRIANO POMBO
da Folha de S.Paulo

Após um hiato de 32 anos, a Austrália volta à Copa do Mundo. Mas a classificação para o torneio é só a cereja do bolo de uma conquista maior, a que tornou o futebol o esporte número um do país, a ponto de fazê-lo acreditar que é possível bater a seleção brasileira.

"Imagine a praia de Copacabana. Todos os dias ela recebe pessoas, não? É como as escolinhas de futebol daqui, todos os dias recebendo mais atletas, que confiam num bom resultado contra o Brasil", diz Rale Rasic, técnico que comandou a Austrália na Copa de 1974, na Alemanha, na única participação do país no torneio.

O discurso de Rasic reflete a transformação do futebol australiano, cujo crescimento é atestado por uma pesquisa feita pelo Centro Australiano de Estatísticas.

Segundo dados da entidade, nenhuma outra modalidade na Austrália arrebata tantos adeptos como o futebol. De uma amostra de 1,6 milhão pessoas de 5 a 14 anos, o esporte bretão lidera com 301 mil praticantes, contra 213,6 mil da natação e 184,2 mil do rules (mistura de futebol com rúgbi). O índice supera o dobro de práticas tradicionais, como tênis (128,3 mil) e críquete (124,2 mil).

"Acho que, na Austrália, é difícil apontar um único esporte como o número um. Mas é evidente que, desde que um grande empresário assumiu a federação, o futebol passou a ter maior projeção e eficiência", afirma Matias Vilhena, conselheiro da Embaixada do Brasil na Austrália.

O empresário de que Vilhena fala é o bilionário Frank Lowy, que dirige a Federação de Futebol da Austrália e é um dos protagonistas do novo status do futebol.

Desde que assumiu a FFA, em parceria com o chefe-executivo John O'Neill, ele foi responsável pela adoção do lema que marcou a campanha australiana nas eliminatórias: "Primeiro, investimento, depois, performance".

Ao todo, estima-se que Lowy despejou cerca de US$ 10 milhões para reestruturar a entidade, promover a A-League (o Nacional da Austrália) e alavancar a seleção.

A amplitude de suas medidas foram mais sentidas no último semestre, quando contratou o técnico holandês Guus Hiddink para liderar o país na reta final das eliminatórias, bancou a preparação do time na Europa e ainda alugou um avião para buscar atletas e comissão técnica após o primeiro duelo da repescagem com o Uruguai, em Montevidéu.

Em campo, viu os resultados surgirem, tanto que o país teve uma equipe no Mundial de Clubes, e a seleção saltou da 60ª para a 48ª colocação no ranking da Fifa.

"Creio que conseguimos colocar o futebol no nível das nossas potências olímpicas", diz O'Neill.

Mas a grande aceitação veio depois. Uma megafesta em Sydney, com mais de 10 mil pessoas nas ruas para festejar a vaga na Copa, deu a primeira mostra. Depois, veio o reconhecimento de outros setores.

"São dez páginas por dia nos jornais para o futebol, além de jogos na TV", afirma David Culbert, diretor de uma agência de mídia que atua no Rod Laver Arena, palco do Aberto da Austrália.

A febre de bola encabeçada pela FFA, que registra 400 mil jogadores, sendo 65 mil mulheres (no Brasil, são cerca de 15 mil), e cerca de 230 mil escolinhas de futebol e futsal, traz na esteira a confiança no sucesso do time na Copa. Especialmente numa vitória sobre o Brasil no jogo de 18 de junho, em Munique, na fase inicial da Copa.

Contudo terão contra si o retrospecto, já que, até hoje, em oito confrontos, o Brasil sofreu somente uma derrota para a Austrália, na decisão do terceiro lugar na Copa das Confederações de 2001.

"Pelo jeito, Brasil x Austrália tem tudo para ser um jogo épico. E será mais ainda se o favorito não cumprir a escrita", afirma Rasic.

E a expectativa se justifica, já que o duelo entre os dois países é um dos quatros jogos que mais registraram procura por ingresso até agora, segundo a Fifa.

Agora, à torcida australiana, resta fazer a contagem regressiva: são 140 dias até o confronto que pode dar outra cara ao futebol no maior país da Oceania.

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