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13/12/2000
-
20h13
FERNANDO CAMINATI
da Folha Online
O ano de 2000 ratificou a condição do tenista Gustavo Kuerten como o maior ídolo esportivo nacional. Ele foi bicampeão de Roland Garros e conquistou o título da Masters Cup de Lisboa, além de outros três torneios, tornou-se o jogador mais vencedor do ano e o primeiro atleta fora dos EUA e da Europa a terminar uma temporada no topo do ranking mundial.
Mas o catarinense simpático que os brasileiros conheceram em 1997, com o surpreendente título de Roland Garros, e aprenderam a chamar pelo carinhoso e familiar apelido de Guga parece sempre querer fugir da badalação que o país, tão carente de ídolos, quer lhe prestar.
Hoje, pela manhã, dizendo não ter avisado nem a família, Guga chegou ao Brasil, depois de breves férias no Havaí, onde descansou e surfou por oito dias. Seguiu "anônimo" para Florianópolis, não concedeu entrevistas coletivas, ignorou convites para desfiles em carro aberto e irá "apenas" receber os parabéns do presidente Fernando Henrique Cardoso, que está na cidade para uma reunião do Mercosul, em encontro que deve acontecer amanhã.
Guga mantém a postura que caracteriza sua carreira, evitando "cair nos braços do povo" e saboreando a fama na intimidade da família.
Guga é um sonho brasileiro. É simpático, alegre e descontraído, bom filho, bom caráter e bom, o melhor tenista do mundo, joga futebol e surfa.
A ascensão de Guga no tênis mundial é mérito quase que exclusivo de seu próprio trabalho e de seu técnico, Larri Passos. Ele não é produto de políticas oficiais de incentivo ao esporte, que são praticamente inexistentes, e pratica um esporte sem estrutura nula no Brasil.
É um herói, como, aliás, costumam ser os ídolos esportivos nacionais. Ainda mais para um povo tão carente de orgulho, tão violentado, todos os dias, em seus direitos básicos.
O Guga "gente fina", o Guga surfista, o Guga amigo, o Guga torcedor do Avaí, o Guga que dedica à mãe o título mais importante da carreira é um verdadeiro herói para todos os brasileiros.
Mas, então, o que será que acontece com o maior ídolo do esporte brasileiro desde Ayrton Senna?
Ele quer fugir de sua "obrigação de ídolo", dos holofotes de sua fama e buscar o anonimato.
Será que ele tem esse direito? Com certeza tem, a vida e as conquistas são suas.
Mas será que seus milhões de fãs, que aprenderam a acompanhar intermináveis jogos de três horas de tênis também não têm o direito de curtir de perto o melhor tenista do mundo?
caminati@folhasp.com.br
Comentário: Maior ídolo do país, Guga busca o anonimato
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da Folha Online
O ano de 2000 ratificou a condição do tenista Gustavo Kuerten como o maior ídolo esportivo nacional. Ele foi bicampeão de Roland Garros e conquistou o título da Masters Cup de Lisboa, além de outros três torneios, tornou-se o jogador mais vencedor do ano e o primeiro atleta fora dos EUA e da Europa a terminar uma temporada no topo do ranking mundial.
Mas o catarinense simpático que os brasileiros conheceram em 1997, com o surpreendente título de Roland Garros, e aprenderam a chamar pelo carinhoso e familiar apelido de Guga parece sempre querer fugir da badalação que o país, tão carente de ídolos, quer lhe prestar.
Hoje, pela manhã, dizendo não ter avisado nem a família, Guga chegou ao Brasil, depois de breves férias no Havaí, onde descansou e surfou por oito dias. Seguiu "anônimo" para Florianópolis, não concedeu entrevistas coletivas, ignorou convites para desfiles em carro aberto e irá "apenas" receber os parabéns do presidente Fernando Henrique Cardoso, que está na cidade para uma reunião do Mercosul, em encontro que deve acontecer amanhã.
Guga mantém a postura que caracteriza sua carreira, evitando "cair nos braços do povo" e saboreando a fama na intimidade da família.
Guga é um sonho brasileiro. É simpático, alegre e descontraído, bom filho, bom caráter e bom, o melhor tenista do mundo, joga futebol e surfa.
A ascensão de Guga no tênis mundial é mérito quase que exclusivo de seu próprio trabalho e de seu técnico, Larri Passos. Ele não é produto de políticas oficiais de incentivo ao esporte, que são praticamente inexistentes, e pratica um esporte sem estrutura nula no Brasil.
É um herói, como, aliás, costumam ser os ídolos esportivos nacionais. Ainda mais para um povo tão carente de orgulho, tão violentado, todos os dias, em seus direitos básicos.
O Guga "gente fina", o Guga surfista, o Guga amigo, o Guga torcedor do Avaí, o Guga que dedica à mãe o título mais importante da carreira é um verdadeiro herói para todos os brasileiros.
Mas, então, o que será que acontece com o maior ídolo do esporte brasileiro desde Ayrton Senna?
Ele quer fugir de sua "obrigação de ídolo", dos holofotes de sua fama e buscar o anonimato.
Será que ele tem esse direito? Com certeza tem, a vida e as conquistas são suas.
Mas será que seus milhões de fãs, que aprenderam a acompanhar intermináveis jogos de três horas de tênis também não têm o direito de curtir de perto o melhor tenista do mundo?
caminati@folhasp.com.br
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