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07/03/2006 - 10h23

Zagueiro Antônio Carlos pede perdão, mas nega ato racista

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THIAGO REIS
da Agência Folha

O zagueiro Antônio Carlos, 37, do Juventude, pediu desculpas ontem pelos xingamentos ao volante Jeovânio, após sua expulsão no jogo contra o Grêmio, no domingo. Ele voltou a negar, no entanto, que o sinal feito com o dedo ao alisar o braço tenha tido uma conotação racista.

"Eu não lembro se fiz aquilo no lado direito ou no esquerdo. Do lado direito, eu estava com um corte no braço. [Se foi no esquerdo], foi na hora que eu falei para o lateral [do Grêmio, Patrício] que minha pele já foi de vários clubes grandes."

Segundo o zagueiro, o rival teria dito que ele atuava por um "timinho".

O ex-zagueiro da seleção brasileira diz não recordar o que disse ao volante, pois estava revoltado com a derrota por 2 a 0. "Na hora, você está nervoso e nem pensa naquilo que você fala. E devo ter falado a palavra "macaco". Eu não vi na televisão. Mas sei que saiu um monte de palavrão. Se falei, o que posso fazer é me desculpar."

Antônio Carlos diz estar "arrasado". "Não dormi e já chorei muito. Meus melhores amigos são negros, como o Cléber, o César Sampaio, que me ligaram hoje [ontem], o Aldair, o Cafu, o Rincon. Todos sabem que não sou racista. Tenho empregados da raça negra que me adoram e que eu adoro muito."

Ele não acredita que isso possa atrapalhar sua carreira, mas diz estar "chateado" pela forma como as pessoas estão lhe tratando. "Eu já fiz muito pelo futebol. E aí ligo a TV e ouço falarem que isso é crime e que eu devia passar anos preso. Eu sei que é crime, mas para que falar isso sem me conhecer? Minha filha de 17 anos assistiu e não conseguia parar de chorar."

Antônio Carlos também se mostrou assustado com a repercussão do caso. "Estão falando disso no mundo inteiro. E o pior é que acontece logo com o "garoto" de 37 anos."

Experiente, ele já atuou pela Roma (ITA) --onde colegas sofriam com o racismo-- e foi um dos únicos na história a jogar pelos quatro grandes de São Paulo.

Segundo Antônio Carlos, sua atitude, bem como a dos torcedores (que no ano passado levaram o clube a ser multado após ofenderem Tinga, do Internacional), não irá "manchar" o clube.

O Ministério Público, que irá investigar o caso, já requisitou as fitas da partida. O TJD gaúcho também julgará o atleta por racismo.

O volante Jeovânio rejeitou as desculpas do zagueiro. E foi ao Ministério Público para tratar do caso. "Eu me senti humilhado, envergonhado. Isso não vai ficar assim", disse o gremista.

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