Carlos Heitor Cony
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Capa do livro "O Primo Basílio", uma de suas principais obras, escrito por Eça de Queiroz, em 1878
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  Conto - "Suave Milagre"
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  25.nov.1945
  Artigo
  Beatriz Berrini
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A crônica é como que a conversa íntima, indolente, desleixada, do jornal com os que o lêem: conta mil coisas, sem sistema, sem nexo; espalha-se livremente pela natureza, pela vida, pela literatura, pela cidade; fala das festas, dos bailes, dos teatros, das modas, dos enfeites, fala de tudo, baixinho, como se faz ao serão, ao braseiro, ou ainda de verão, no campo, quando o ar está triste.
(1876)
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ARTIGO
As comemorações brasileiras
de um centenário português


BEATRIZ BERRINI
especial para a Folha Online

O título acima não traduz de forma perfeita a realidade literária queiroziana. Se Eça, na fórmula de Ramalho Ortigão, “como romancista, é o mais genuinamente lisboeta de todos os escritores nacionais” - com o que concordo, - a recepção que sempre teve e ainda tem entre nós, dele faz um dos escritores mais lidos e analisados do Brasil. O centenário é também nosso. Compreendo bem a importância da data, já se realizaram e ainda irão acontecer uma série de Colóquios, sob o patrocínio do Instituo Camões de Portugal.

Para falar de Eça de Queiroz reuniram-se especialistas portugueses e brasileiros no Rio, em S.Paulo e em Porto Alegre, em junho. E, em setembro, um novo grupo virá de Portugal para, com estudiosos queirozianos do Brasil, participarem de colóquios em Recife, Belo Horizonte e Brasília. Colóquios que compreendem também uma exposição de painéis que sintetizam a vida e a obra do escritor, além de exibir um excelente vídeo sobre o romancista.

Em relação às celebrações que estão sendo programadas em todos os veículos de informação, são extensas e variadas. A imprensa está toda mobilizada em torno do centenário. A TV Globo está preparando uma série sobre “Os Maias”, com argumento de Maria Adelaide Amaral - a grande responsável pelo sucesso de “A Muralha”. Mas, muito importante também são as obras que vão ser divulgadas: a Nova Aguilar lançará, a 16 de agosto, no Real Gabinete Português de leitura, no Rio de Janeiro, os dois últimos volumes da Obra completa de Eça de Queiroz, sob a minha organização.

Os primeiros com toda a ficção, foram editados em 1997. O terceiro reúne os textos não ficcionais. Adotei nesse volume uma organização diferente da tradicional, aparecendo os artigos jornalísticos sob os nomes dos periódicos onde pela primeira vez foram publicados - isso sem falar nos prefácios, nas notas de viagem, etc. O 4º volume, com correspondência, vai apresentar mais de setenta cartas inéditas, que consegui durante os anos de pesquisa preparatória, e apresentam-se também sob nova organização:estão reunidas de acordo com os amigos com as cartas familiares, a correspondência aos escritores separada das cartas consulares, etc.

Outra obra que virá a público no próximo dia 23, no auditório da Biblioteca da PUC, é um volume com artigos de “A ilustre Casa de Ramires”. Grande admirador de Eça de Queiroz, Antonio candido emergiu de seu silêncio e escreveu um estudo para essa coletânea. São mais de dez artigos, todos sobre esse romance (que também faz cem anos) e todos com abordagens distintas. O que comprova a vitalidade e a riqueza da obra de Eça de Queiroz.

Todas essas comemorações fazem-se pensar na grande ambição de Eça de Queiroz: repetidamente manifestou seu desejo de não cessar, de não morrer absolutamente como qualquer ser humano. Aliás, ele emprega uma comparação humorística, bem queiroziana:não queria acabar inteiramente como as couves. A única possibilidade de permanência estava na Arte. Sua obra alcançou aquela duração que tanto almejou. O que estamos celebrando na verdade, não é o centenário de sua morte, mas uma presença de cem anos, que ainda muito irá perdurar.

Beatriz Berrini é professora de literatura portuguesa, literatura brasileira e teoria literária da PUC de São Paulo


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De cima para baixo: O chamado "clube dos cinco", em 1884: da esquerda para a direita, Eça, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro; Eça com a filha Maria, a primogênita; Eça com Ramalho Ortigão; e Eça com sua mulher, Emília.