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14/02/2003 - 08h05

Desempenho de "Esperança" não interfere em texto de Manoel Carlos

CARLA NASCIMENTO
enviada especial ao Rio

Responsável por novelas de sucessos como "Baila Comigo" (1981), "Sol de Verão" (1982), "Por Amor" (1997) e "Laços de Família" (2000), além de minisséries como "Presença de Anita" (2001), o escritor de novelas Manoel Carlos, 69, antecipou sua volta à TV para escrever a próxima novela das oito da Globo, "Mulheres Apaixonadas", que estréia na próxima segunda-feira, dia 17.

Tendo mais uma vez como protagonista feminina o personagem Helena, Manoel Carlos volta a escrever sobre situações corriqueiras e conflitos amorosos e a ter o Rio de Janeiro como cenário para sua trama.

Esta é a segunda vez que uma novela do autor substitui uma trama de Benedito Ruy Barbosa no horário nobre da Globo.

A primeira foi com "Laços de Família", que estreou com a responsabilidade de segurar o Ibope de "Terra Nostra", e agora "Mulheres Apaixonadas", que estréia com o peso de alavancar a audiência no horário, que caiu durante o período em que "Esperança" esteve no ar.

Para o autor, fatores como estes não influenciam na construção e andamento de seu texto. "Cada novela é uma novela. Uma não se mistura com a outra não", diz.

"Mulheres Apaixonadas" conta a história de Helena (Christiane Torloni), uma mulher que, após muitos anos de casada, resolve viver uma paixão e sair da insuportável rotina em que se transformou seu casamento.

Leia a seguir trechos de entrevista com o autor, realizada durante a apresentação do elenco:

Divulgação
O novelista Manoel Carlos
Folha Online - Indo na contramão da maioria das novelas da TV brasileira, o senhor em geral elege como protagonistas mulheres mais velhas. Nesta, pelo menos três das personagens femininas principais têm mais de 40 anos...

Manoel Carlos -
As mulheres de 40 anos ocupam hoje o espaço que as mulheres de 30 ocupavam há alguns anos. As mulheres de 40 anos têm muita história pra contar, por isso que eu escolho mulheres de 40 anos como protagonistas sempre. Além disso a mulher retardou seu envelhecimento brutalmente. Hoje uma mulher de 40 anos é uma jovem mulher.

Folha Online - Como foi a escolha de Christiane Torloni para o papel da personagem principal, a Helena?

Manoel Carlos -
Quando eu comecei a escrever eu já pensei na Christiane. Eu precisava de uma atriz nessa faixa de idade, que eu gostasse muito, que fosse muito boa atriz e que eu admirasse, porque realmente quem trabalha na minha novela é gente que eu admiro. Não há ninguém numa novela minha que eu não tenha dito 'OK, eu quero essa pessoa pra fazer'.

Folha Online - O que essa Helena tem de diferente em relação às outras personagens que o senhor criou com esse mesmo nome?

Manoel Carlos - A Helena da Christiane [Torloni] não é politicamente correta. Ela transgride. Por exemplo, ela trai o marido, coisa que eu jamais fiz numa Helena. Ela é infiel. Ela rompe um casamento estável com um cara ótimo porque ela quer viver um novo amor. O que é uma coisa que ocorre muito numa mulher de 40 anos. Dificilmente ocorreria com uma mulher de 25. Uma mulher de 40 anos chega num momento da vida em que ela tem um casamento estável e uma situação econômica estável, mas não está mais apaixonada pelo marido e se acomoda. O casamento se transforma em uma amizade e ela então deseja viver uma grande paixão.

Folha Online - Como o senhor acha que o público vai receber esta traição? O público não é muito conservador?

Manoel Carlos -
Não há conservadorismo nas mulheres que assistem a novela não. As mulheres acham válido que alguém saia à procura de um grande amor. Não é nenhuma traição calhorda.

Folha Online - O senhor considera essa nova Helena uma "evolução" em relação às anteriores?

Manoel Carlos -
É uma Helena mais transgressora. Tem a cara da Christiane. As minhas Helenas têm sempre muito da atriz que vai fazer.

Folha Online - De onde veio a idéia para criar a história?

Manoel Carlos-
Eu uso muito coisa. Eu sou uma pessoa que anoto tudo. Se você me conta uma história da tua família ou de um amigo e que me interessa muito, eu chego em casa e anoto e, na medida do possível, uso. São fragmentos de vida real, de vida cotidiana, de vida normal.

Folha Online - Aparentemente a novela não tem figuração. Este é o maior elenco de novelas suas?

Manoel Carlos-
Existe um engano nessa informação. Todas as minhas novelas têm muita gente. Em "Laços de Família" eu cheguei a ter mais de 300 pessoas. Quem assiste não lembra, mas passaram pela novela 300 pessoas. Dando a partida na novela eu tinha 75, desta vez eu tenho 105. Eu tinha 75 porque muitos papéis eu não coloquei na sinopse e desta vez eu coloquei todo mundo. Ao mesmo tempo eu uso três cenários coletivos: um hotel, uma escola e um hospital.

Folha Online - Com vários núcleos com a mesma importância na novela o senhor não corre o risco de dispersar a atenção do público?

Manoel Carlos -
Eu tenho a seguinte teoria: novela tem que ser boa, o resto não tem importância nenhuma. Quando é boa, as pessoas gostam. Eu luto pra que a minha seja boa. Não importa se repetiu o ator, se toda novela tem Helena... Bobagem! O que importa é que seja boa.

Folha Online - A novela pretende abordar algum tema social ou levantar uma questão específica?

Manoel Carlos -
Preconceito e falta de informação com relação à terceira idade. Talvez em benefício próprio. Os velhos são muito mal tratados no Brasil. Aqui ninguém tem conhecimento dos seus direitos. Os velhos têm direitos que nem sonham que têm.

Folha Online - A sua última novela, "Laços de Família", substituiu um grande sucesso de Benedito Ruy Barbosa, "Terra Nostra". Agora, "Mulheres Apaixonadas" vai substituir "Esperança", que não teve a audiência esperada. Esse dado influenciou seu trabalho de alguma forma?

Manoel Carlos -
Nem lembro disso. Cada novela é uma novela. Uma não se mistura com a outra não. Se todas fizerem sucesso então, melhor ainda. Não me preocupa em nada.

Folha Online - O senhor não tinha previsão de voltar este ano ao texto de TV. Foi difícil essa antecipação?

Manoel Carlos -
Eu iria entrar só em outubro. Eu estava em Nova York há um ano e pretendia continuar mais um ano. Fui chamado... Tudo bem. Eu gosto de trabalhar.

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