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28/03/2003 - 07h12

Longa "Durval Discos" arrisca no cruzamento de gêneros

SILVANA ARANTES
da Folha de S. Paulo

"Durval Discos" é um filme "híbrido" -palavra de sua diretora, Anna Muylaert.

A história de Durval, o infeliz proprietário de uma decadente loja de vinis, caminha da comédia ao drama psicológico, com toques de horror ou suspense noir, conforme prefira ver o espectador (o espectador de São Paulo e Porto Alegre, onde o longa estréia hoje).

Arriscar-se ou não na ousadia de dirigir um primeiro longa com uma inversão interna de gênero foi a "grande questão" que a cineasta e roteirista levou para o laboratório de roteiros do Instituto Sundance, templo da produção independente, com sede nos Estados Unidos.

Ouviu de consultores que a mistura de linguagens é tendência cinematográfica mundial, e seguiu em frente. Testou mais de 20 atores para interpretar Durval, um homem que vê suas possibilidades profissionais afuniladas ao resistir à derrota do vinil pela tecnologia do CD e que, paralelamente, vive uma relação de tensão crescente com a mãe (Etty Fraser), com quem divide a mesma casa.

Muylaert escolheu Ary França para o papel, quando ele agiu "diferente de todos os outros atores, que respeitavam os apontamentos do roteiro e interpretavam Durval como um cara, além de passivo, calmo e paradão".

A diferença é que "[França] Trouxe para o filme o nervoso, a ansiedade, uma eletricidade de cão que ladra e não morde".

Para demarcar a virada da comédia ao drama dentro do filme, a diretora dividiu-o como um vinil -lado A e lado B. "No lado A [comédia] usamos uma trilha de canções do pop brasileiro dos 70. No lado B [drama], a trilha é toda composta, de forma funcional, por André Abujamra", diz.

Casualmente, um aspecto documental invadiu "Durval Discos". Um sobrado em Pinheiros (zona oeste de São Paulo) foi alugado para se transformar no território de Durval -na frente, sua loja de discos; nos fundos e no segundo piso, as dependências da casa que divide com a mãe.

Terminadas as filmagens (e o contrato de locação), o sobrado foi demolido, para dar lugar a um prédio. Muylaert incorporou ao filme a cena em que teto e paredes da antiga construção vêm abaixo.

A diretora diz que não planejou desde o início documentar a transformação urbana do bairro, com sua perda progressiva do caráter de sossego residencial. "Na pesquisa, vimos que o bairro está sofrendo o mesmo processo [de deterioração da loja de Durval]."

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