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10/04/2003 - 19h53

Para atores, "Carandiru" traz mensagem social

da Folha Online

O cineasta Hector Babenco, 57, afirma categoricamente: "Carandiru", o longa-metragem baseado no livro de Drauzio Varella e que chega aos cinemas do país nesta sexta-feira, dia 11, não é um documentário. Para os atores que o fizeram, o filme traz uma "mensagem social".

A afirmação de Babenco rebate críticas ao filme, que o acusam de ser parcial demais, apresentando somente a visão dos presos.

Por vários motivos, "Carandiru" é o filme nacional mais esperado do ano.

O livro no qual o filme se baseia está na lista dos mais vendidos desde que foi lançado, em 1999, e o longa movimentou um grande número de atores e figurantes para retratar um dos episódios mais violentos da história recente do país. Como resultado, mostra imagens do presídio, que era o maior da América Latina e foi implodido no final do ano passado.

Para o diretor, no filme fica evidente a dúvida sobre a veracidade das histórias e isso é intencional, pois não se trata de um documentário, mas sim de uma obra de ficção. "O critério básico era que o filme era visto pelos olhos de um médico", disse em entrevista coletiva.

O filme, que entrelaça histórias dos detentos, assume abertamente o ponto de vista dos presos. "Visitamos inúmeras vezes o Carandiru e o que vi lá foram pessoas muito solitárias e órfãs, que queriam conversar com alguém, ter com quem falar sobre seu passado, família", disse Babenco.

"Às vezes, quem te faz mal não tem cara de mau... São pessoas, seres humanos."

Diante desta concepção, é desnecessário dizer que o espectador é levado a simpatizar com os personagens. Essa identificação chega ao clímax com a cena do massacre de 111 presos, quando os policiais são transformados em "monstros".

Mesmo aí, Babenco disse que ficou claro que estava fazendo ficção e aponta a frase de Drauzio Varella, autor do livro, como um indicador disso. Para justificar sua realização, o filme termina com os caracteres: "Só a polícia, os presos e Deus podem contar o que se passou ali".

Opiniões

Para os atores que compõem o elenco principal do filme, esse conjunto de fatores destaca a importância da produção, principalmente no que se refere à questão social do país.

Em entrevista realizada na segunda-feira passada, Lázaro Ramos, o surfista Ezequiel, destacou o fato de o filme levar o espectador a uma reflexão sobre a sociedade. "Eu vejo esse filme acima de tudo como um filme pra gente refletir sobre nossas questões todas. O filme não aponta uma solução, mas abre o leque pra você imaginar o quanto o espectador é responsável por aquilo que acontece ali", disse.

O ator também apontou que o filme, ao tentar mostrar o que acontece por trás das grades leva a uma outra reflexão: "As pessoas que estão ali dentro não nasceram assim, um conjunto de coisas foi que levou a essa transformação", disse.

Para Caio Blat, "Carandiru" não é um filme violento. "Ele oferece um olhar sobre uma coisa que ficava escondida e que você não conhece. Sobre seres humanos vivendo em diversas situações", disse o ator.

Na opinião de Blat, a maior violência é a exclusão social. "A gente reclama de violência, mas a gente sabe que depende de nós essa inclusão, essa distribuição de oportunidades", afirmou.

O fato de gravar dentro do próprio presídio foi marcante para Maria Luiza Mendonça. Segundo a própria atriz, "ninguém é o mesmo" depois de entrar no Carandiru.

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