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30/06/2003
-
11h06
colunista da Folha
Um disco que se sustenta por uma só razão -a excelência das músicas. Que não depende de um frontman (ou frontwoman) cheio de atitude. Que joga o visual da banda para segundo plano. Que passa a zilhões de milhas da palavra "hype" (no sentido original, de zunzunzum maior que o conteúdo).
Assim é "Welcome to the Monkey House", do quarteto americano Dandy Warhols, que "Escuta Aqui" tem o imenso prazer de recomendar.
Não que os aspectos não-musicais -sobre os quais tanto se escreve- sejam necessariamente desprezíveis.
No matadouro da indústria pop, é preciso se destacar de algum modo. Seja por atitude, seja berrando, seja tocando muito alto, seja vestindo-se muito bem, seja andando com as pessoas certas, seja dando entrevistas descabeladas.
Beleza, faz parte do jogo.
Mas é reconfortante que, de vez em quando, um álbum fique em pé por razões estritamente musicais. No ano passado, foi o caso de "Songs for the Deaf", dos Queens of the Stone Age. Em 2003, "Log 22", do Bettie Serveert, fez o mesmo. E, agora, é a vez dessa gema rara, "Welcome to the Monkey House".
O CD tem co-produção do eletro-xamã Nick Rhodes, do Duran Duran. Simon LeBon, do mesmo grupo, oferece vocais de apoio. E a legenda da guitarra Nile Rodgers, do Chic, brilha na melhor faixa, "The Scientist".
"Thirteen Tales from Urban Bohemia", o disco anterior dos Dandy Warhols, visitava sem pudor o glitter rock dos anos 70. Era um álbum de guitarras e excessos, que produziu o minihit "Bohemian Like You".
"Welcome to the Monkey House" é diferente. Suas bases parecem ter sido compostas e tocadas numa velha Roland 808, máquina de ritmos clássica do rock eletrônico dos anos 80. Encontra David Bowie em algum ponto do céu e sai voando rumo a galáxias mais quentes, tomado por uma onda de incurável bem-estar.
O álbum todo é inventivo, com aquela produção cristalina que nos faz querer mergulhar dentro do aparelho de som. Três canções lhe dão a base de apoio. A primeira delas, "We Used to Be Friends", é 100% "feel-good", com bateção de palmas, teclados sutis e aquele refrão para transformar dia de visita em cemitério numa rave em que todo mundo se adora.
"The Scientist", um funk branco mas não muito, tem citação a "Fashion", de David Bowie, a guitarra de Rodgers e uma linha de baixo eletrônico que pulsa em ressonância com o músculo cardíaco.
"You Were the Last High" , ainda mais "espacial" e bowieana, nos convence para além da dúvida razoável que a vida pode ser muito, muito feliz.
Dandy Warhols são Peter Holmstrom (guitarra), Courtney Taylor-Taylor (guitarra/vocais/co-produção), Brent DeBoer (bateria) e Zia McCabe (teclados). Muito obrigado aos quatro.
E-mail: cby2k@uol.com.br.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
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Escuta aqui: Dandy Warhols fazem bem para o ouvinte
ÁLVARO PEREIRA JÚNIORcolunista da Folha
Um disco que se sustenta por uma só razão -a excelência das músicas. Que não depende de um frontman (ou frontwoman) cheio de atitude. Que joga o visual da banda para segundo plano. Que passa a zilhões de milhas da palavra "hype" (no sentido original, de zunzunzum maior que o conteúdo).
Assim é "Welcome to the Monkey House", do quarteto americano Dandy Warhols, que "Escuta Aqui" tem o imenso prazer de recomendar.
Não que os aspectos não-musicais -sobre os quais tanto se escreve- sejam necessariamente desprezíveis.
No matadouro da indústria pop, é preciso se destacar de algum modo. Seja por atitude, seja berrando, seja tocando muito alto, seja vestindo-se muito bem, seja andando com as pessoas certas, seja dando entrevistas descabeladas.
Beleza, faz parte do jogo.
Mas é reconfortante que, de vez em quando, um álbum fique em pé por razões estritamente musicais. No ano passado, foi o caso de "Songs for the Deaf", dos Queens of the Stone Age. Em 2003, "Log 22", do Bettie Serveert, fez o mesmo. E, agora, é a vez dessa gema rara, "Welcome to the Monkey House".
O CD tem co-produção do eletro-xamã Nick Rhodes, do Duran Duran. Simon LeBon, do mesmo grupo, oferece vocais de apoio. E a legenda da guitarra Nile Rodgers, do Chic, brilha na melhor faixa, "The Scientist".
"Thirteen Tales from Urban Bohemia", o disco anterior dos Dandy Warhols, visitava sem pudor o glitter rock dos anos 70. Era um álbum de guitarras e excessos, que produziu o minihit "Bohemian Like You".
"Welcome to the Monkey House" é diferente. Suas bases parecem ter sido compostas e tocadas numa velha Roland 808, máquina de ritmos clássica do rock eletrônico dos anos 80. Encontra David Bowie em algum ponto do céu e sai voando rumo a galáxias mais quentes, tomado por uma onda de incurável bem-estar.
O álbum todo é inventivo, com aquela produção cristalina que nos faz querer mergulhar dentro do aparelho de som. Três canções lhe dão a base de apoio. A primeira delas, "We Used to Be Friends", é 100% "feel-good", com bateção de palmas, teclados sutis e aquele refrão para transformar dia de visita em cemitério numa rave em que todo mundo se adora.
"The Scientist", um funk branco mas não muito, tem citação a "Fashion", de David Bowie, a guitarra de Rodgers e uma linha de baixo eletrônico que pulsa em ressonância com o músculo cardíaco.
"You Were the Last High" , ainda mais "espacial" e bowieana, nos convence para além da dúvida razoável que a vida pode ser muito, muito feliz.
Dandy Warhols são Peter Holmstrom (guitarra), Courtney Taylor-Taylor (guitarra/vocais/co-produção), Brent DeBoer (bateria) e Zia McCabe (teclados). Muito obrigado aos quatro.
E-mail: cby2k@uol.com.br.
Álvaro Pereira Júnior, 40, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
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