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30/12/2007 - 10h33

Lucélia Santos roda longa entre a China e o Brasil

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SILVANA ARANTES
Enviada especial ao Rio da Folha de S.Paulo

Acompanhados pela câmera do diretor Moacyr Goes, os atores Chao Chen e Lucélia Santos atravessam os jardins, sobem as escadas e vão até a porta de um monastério budista na província de Emeishan, na China.

O público não deverá notar a diferença, mas, quando Luísa e Tching --o casal formado por Lucélia e Chen no filme "Um Amor do Ouro Lado do Mundo"-- entram no monastério, é no Brasil que a cena ocorre.

Uma réplica do interior do mosteiro foi construída no Pólo de Cinema e Vídeo, em Jacarepaguá (Rio), assim como outros 14 cenários utilizados no filme, incluindo uma loja de porcelanas e uma escola de circo.

Cada cenário dura apenas o tempo exato de seu uso. No dia em que se encerram as filmagens ali, ele deixa de existir.

Os objetos de decoração que ajudam o diretor de arte Paulo Flaksman a reproduzir em Jacarepaguá o aspecto de endereços reais na China são doados. Todo o resto (paredes, pisos, tetos) não sobrevive à demolição.

Lucélia, que é também produtora do longa, decidiu encarar a destruição dos cenários como um exercício budista: "É um treinamento para a mente sobre a impermanência e o desapego", diz ela.

Na trama do filme, cujo roteiro, assinado por Marcílio Moraes ("Vidas Opostas"), Moacyr Goes e Caio de Andrade, foi supervisionado por lamas (sacerdotes budistas), a personagem dela também faz um percurso de aprendizado pelos preceitos do budismo. A história começa em 1990, no Brasil, onde a jornalista Luísa se vê ameaçada, após publicar reportagens sobre organizações criminosas.

Pequim

Para se afastar do país, ela é enviada para um trabalho na China. Numa escola de circo, conhece Tching, cujo passado tem um mistério associado ao Brasil, para onde ele decide vir, depois do encontro com Luísa.

Aqui, os dois montam uma escola de circo, têm um romance e um filho, Tao (Thomas Li), que moverá a segunda parte da história, num salto de 17 anos.

Com essa idade, Tao vai viver no monastério budista em Emeishan, onde Luísa e Tching tentam encontrá-lo, na cena filmada no exterior do monastério real, em junho passado, e num estúdio em Jacarepaguá, no início deste mês.

"O filme tem como fundamento a idéia do carma, o entendimento budista do que é o destino", afirma o diretor.

Lucélia diz que a história lança "um olhar amoroso para a China", diferentemente dos filmes "que costumam retratar os chineses como mafiosos".

Quando conversa com os chineses, Luísa fala inglês. Entre si, os personagens chineses falam mandarim, e os brasileiros, português. "É um filme falado em três línguas. A crítica vai dizer que ele é mal falado em três línguas", diz Goes, num tom entre a ironia e a resignação ao hábito de "apanhar da crítica".

Diretor de filmes como "Maria - Mãe do Filho de Deus" e "Dom", ele cita o recente "O Homem que Desafiou o Diabo" (2007) como exemplo de um título com bom desempenho de público, "quase 400 mil espectadores", considerando o rechaço que teve da crítica. "A crítica só faz mal ao ego. O público é a melhor companhia", diz.

Goes visitou a China dois meses antes de filmar lá. "A gente tem a idéia de que a China é zen. Não é. O país parece uma reunião do século 19 com o 21, como se o século 20 não tivesse existido", afirma.

O elenco asiático inclui atores não-profissionais e foi selecionado em testes com candidatos em Pequim e entre a comunidade chinesa no Brasil.

 

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