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07/02/2008 - 23h03

Especialistas trabalham em novos negativos de Robert Capa

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ELENA MORENO
da Efe, em Nova York

O Centro Internacional de Fotografia (ICP) de Nova York já começou a trabalhar na conservação dos mais de 120 rolos de negativos recém-descobertos no México, muitos deles inéditos, frutos do trabalho de Robert Capa durante a Guerra Civil espanhola (1936-1939).

"Estamos trabalhando intensamente na conservação dos negativos. Começamos a escanear alguns deles e assim faremos à medida que os tenhamos disponíveis", disse o diretor do ICP, Willis Hartshorn, sobre esta surpreendente descoberta.

Kathy Willens/AP
Negativos de Robert Capa encontrados no México; centro recupera material do fotógrafo
Negativos de Robert Capa encontrados no México; centro recupera material do fotógrafo

Mais de 120 rolos fotográficos --que podem conter cerca de 3.000 fotografias tiradas por Capa (1913-1954)--, foram encontradas no final de janeiro no México e são considerados a descoberta de um verdadeiro tesouro moderno.

O material de Robert Capa, considerado o primeiro fotojornalista contemporâneo --e que ele mesmo tinha dado por perdido--, está sendo analisado na instituição nova-iorquina, responsável por boa parte de seu arquivo e fundada por Cornell Capa, irmão do fotógrafo.

A ação do tempo pode ter prejudicado o material, já que os negativos estavam enrolados e podem se corromper.

Os negativos encontrados na chamada mala mexicana --que na realidade são caixas feitas de papelão-- constituem um material delicado, pois são muito inflamáveis e realizaram uma viagem digna de um romance de espionagem da época de seu desaparecimento.

De Paris viajaram até Marselha, e em 1940 chegaram às mãos do general mexicano Francisco Javier Aguilar González, então diplomata na França, que antes havia lutado na Revolução Mexicana sob as ordens de Pancho Villa.

"Serão muitos anos de pesquisa para que saibamos o que é que temos em mãos", disse Hartshorn, afirmando que, após o "momento da descoberta, vem a pesquisa. No final será realizada uma exposição que certamente dará a volta ao mundo".

O especialista lembrou que boa parte dos negativos encontrados e examinados foram publicados em revistas da época como a "Match", a "Life" e a "Picture Post".

Hartshorn considerou que algumas destas fotografias podem ser encontradas nas três publicações, o que relatou ser muito interessante.

"O trabalho de Robert Capa durante a Guerra Civil espanhola viajou o mundo inteiro", afirmou o pesquisador, salientando que "olhando as revistas e os negativos achados, percebe-se que há muitas fotografias reproduzidas nelas que não possuíam negativos".

O diretor do ICP assegura que há muitas fotografias de grande qualidade, entre os negativos encontrados, que nunca foram publicadas.

A descoberta mostra como evoluiu historicamente o trabalho inicial de Capa. "É o princípio de sua carreira e vemos como a Guerra Civil foi importante para ela. Seu estilo já pode ser apreciado", declarou Hartshorn.

Além disso, o especialista considerou que os negativos da mala mexicana demonstram a teoria de Capa de que "se as fotografias não são suficientemente boas, é porque não houve aproximação suficiente". Isto fica claro pelo tremor da câmera e pelo quão perto Capa está dos soldados, segundo Hartshorn.

Robert Capa, que nasceu em Budapeste, na realidade se chamava Endre Ernö Friedmann, e é considerado um dos fotógrafos mais importantes do século 20.

"O que mais chama a atenção é o senso de proximidade e intimidade de Capa. Demonstrou que não fotografava no dia seguinte à batalha, nem ficava na retaguarda', acrescentou o diretor do instituto.

Graças à descoberta, também se soube que alguns dos negativos correspondem a fotografias feitas por Gerda Taro, companheira de Capa, e por David Seymour, também conhecido pelo pseudônimo Chim e um dos fundadores, junto com Capa, Henri Cartier-Bresson e George Rodger, da agência de fotografia Magnum.

Capa havia fugido da Europa em 1939 após a invasão nazista e achava que era perigoso viajar com imagens da Guerra Civil espanhola.

"O mais fascinante é que ele deu as fotografias a um amigo, que, no meio da confusão da guerra, esqueceu-se de devolver-lhe os negativos e os entregou a um cônsul mexicano. Por isto demoramos quase 70 anos para encontrá-los", afirmou Hartshorn.

Uma das melhores histórias surgidas após a descoberta, segundo o diretor, é a oportunidade de um hoje octogenário --Xavier Camps, retratado por Capa em 1939-- reconhecer sua própria fotografia. "Tenho certeza de que isto ocorrerá com muito mais pessoas na Espanha à medida que encontrarmos mais fotografias", declarou Hartshorn.

 

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