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30/09/2003 - 03h41

Obra de Chaplin é restaurada e lançada em DVD

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PEDRO BUTCHER
crítico da Folha

O alarme soou há uns 15 anos, quando Geraldine Chaplin, 59, filha de Charles Chaplin (1889-1997), perguntou a uma criança qual era seu filme favorito de Carlitos. "Ela não havia visto nenhum", disse a atriz à Folha, no último Festival de Cannes, quando "Tempos Modernos", restaurado, fechou o evento. "Aquilo nunca havia acontecido, e me dei conta de que as cópias, desgastadas, passaram a circular menos, e havia desleixo no material em vídeo. Era preciso cuidar para que estivessem disponíveis de novo, com a qualidade original."

O primeiro fruto desse esforço pôde ser conferido em fevereiro de 2002, quando uma cópia restaurada de "O Grande Ditador" foi exibida no Festival de Berlim. Três meses depois, em Cannes, Geraldine anunciou o projeto da recuperação integral da obra do pai pelo produtor Martin Kramitz (da MK2), com o apoio da Cinemateca de Bolonha e a distribuição mundial dos filmes restaurados, em DVD, pela Warner.

Outra vez em Cannes, em maio desse ano, as projeções de "Tempos Modernos" e do documentário "The Life and Art of Charles Chaplin" (A Vida e a Arte de Charles Chaplin), de Richard Schickel, foram plataforma promocional para o lançamento europeu do primeiro volume da "Coleção Chaplin", que agora chega ao Brasil.

São quatro filmes ("Em Busca do Ouro", de 1925; "Tempos Modernos", de 1936; "O Grande Ditador", de 1940, e "Luzes da Ribalta", de 1952) restaurados digitalmente, cada um deles acompanhado de um disco suplementar com documentários, depoimentos, curtas e documentos do arquivo da família, em trabalho competente coordenado pelo crítico francês Serge Toubiana, ex-editor da "Cahiers du Cinéma" e atual presidente da Cinemateca Francesa. Em 2004 chegam mais dois volumes com seis filmes, entre eles "O Circo" (1928) e "Monsieur Verdoux" (1947), além do documentário de Schickel.

Graças ao DVD, Carlitos voltou a ganhar status comercial, além de artístico. "Chaplin ainda é um formidável produto mercadológico", disse um executivo da Warner à revista "Variety". "Vamos relançar seus filmes como fazem com os clássicos da Disney", arrematou Martin Kramitz.

Geraldine não se incomoda com o comércio que cerca o relançamento. "Chaplin fazia parte da indústria, ele cuidava para que seus filmes fossem vistos pelo maior número de pessoas possível", disse. "É o comércio da obra que viabiliza um esforço de preservação." O amplo material que acompanha os filmes permite uma visão mais humana de Chaplin, para além do vagabundo Carlitos. São bem exploradas a autoralidade e a liberdade única que conquistou após o sucesso. "Ele criou o conceito de independência no cinema americano, transformando o que era pura indústria em arte. Isso é possível de se constatar nos papéis que registram cada dia de filmagem, as interrupções, os problemas, os resultados" (muitos deles disponíveis nos DVDs), diz Geraldine.

A atriz afirma que o lançamento só ganha sentido maior com a organização, em paralelo, do Arquivo Chaplin pela Cinemateca de Bolonha. Parte do arquivo está sendo disponibilizado, aos poucos, no site www.charliechaplinarchive.org hospedado no portal da cinemateca. "Um belo trabalho está sendo feito", diz a atriz. "Meu pai estaria feliz."

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