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21/02/2008 - 11h30

Museu Imperial de Petrópolis inaugura exposições sobre chegada da família real

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MARCOS STRECKER
da Folha de S.Paulo

É uma espécie de "reality show" histórico. A intimidade da corte de d. João 6º poderá ser parcialmente vivenciada no Museu Imperial de Petrópolis (RJ) a partir de sábado, em um dos principais eventos programados para as comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil.

Não é exatamente um "Big Brother", mas objetos pessoais e um navio cenográfico prometem dar uma experiência mais pessoal e cotidiana do que significava o universo da corte lusitana no início do século 19, a única que realizou a experiência singular de se transferir para sua colônia. No caso, para fugir às pressas da ameaça das tropas napoleônicas.

São duas exposições: "Travessias - Relatos Trágico-Marítimos da Passagem do Atlântico pela Corte Portuguesa e Outros Navegantes (1807-1808)" e "Sonhos: Os Projetos e Feitos de um Príncipe Clemente e Inteligente, que Queria Ficar no Brasil para Sempre".

A reprodução do navio ficou a cargo do cenógrafo Pedro Girao. Como subsídio para as exposições, a diretora do Museu Imperial Maria de Lourdes Parreiras Horta utilizou objetos e documentos representativos de época.

Como destaque, uma das jóias do acervo do museu, o livro "Exposição Analítica e Justificativa da Conduta e Vida Pública do Visconde do Rio Seco", de Joaquim José de Azevedo, nobre português encarregado por d. João 6º de preparar a viagem da família real ao Brasil em 1807. O livro de 1821, que foi agora transcrito na íntegra, é uma tentativa de limpar a imagem do visconde, já que ele virou um dos grandes símbolos da corrupção e roubalheira do período joanino.

Documento conhecido dos historiadores do período, mas raro (há um exemplar na seção de obras raras da Biblioteca Nacional), é uma aula de como funcionavam os bastidores da corte, da transferência ao Brasil até o retorno de d. João 6º a Portugal, em 1821.

"O visconde do Rio Seco era muito rico, é o homem que coordenou a transmigração da corte e da Coroa e estava sendo acusado de desvio de dinheiro. O documento é um libelo de autodefesa "ultra-atual" para o Brasil, em que ele relata todos os serviços que prestou à coroa", diz Maria de Lourdes Parreiras Horta.

Carlota Joaquina

Também estarão na exposição os códices secretos de Carlota Joaquina. Livros encadernados em couro, eles trazem a transcrição da correspondência em que ela mostra sua conhecida verve venenosa contra o marido e seus oponentes nas intrigas palacianas. E, como objeto pessoal do príncipe regente, um dos destaques é a camisola de cambraia de d. João 6º, uma espécie de parangolé "avant la lettre", que vai ter destaque no prédio principal do museu de Petrópolis, conhecido por obrigar seus visitantes a usar pantufas.

Já a obra de Pascoe Granfell Hill, "Cinqüenta Dias a Bordo de um Navio Negreiro", é um relato da experiência a bordo dos navios negreiros. Também pertencente ao acervo do museu, o livro já foi publicado pela José Olympio.

Escrito a partir de uma missão da Marinha britânica enviada para interceptar um navio negreiro, foi incluído na exposição para ampliar a percepção do que significava a experiência da travessia do Atlântico no século 19 e para lembrar que o Rio de d. João 6º já era um dos grandes portos escravagistas das Américas.

A diretora do museu, um dos mais populares do Brasil, está entre os historiadores que procuram dar uma estatura de estadista para d. João 6º. As exposições foram organizadas com essa percepção. A instituição lança este ano um DVD com todo seu acervo iconográfico ligado a d. João 6º (mais de 50 imagens, além de documentos).

 

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