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07/10/2003 - 08h08

Pelas telas, Austrália se aproxima de São Paulo

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JOSÉ GERALDO COUTO
colunista da Folha

A longínqua Austrália nunca esteve tão perto dos nossos olhos e ouvidos. A 1ª Mostra de Cinema Australiano apresentará em São Paulo entre 10 e 17 de outubro oito longas-metragens e quatro curtas da recente produção de cinema do país de "Mad Max".

A mostra, que será exibida no Espaço Unibanco de Cinema, faz parte do 3º Australia Festival, feira anual coordenada pelo escritório de comércio australiano em São Paulo, abrangendo artesanato, culinária, moda, música, dança, turismo, esportes e negócios.

Virão da Austrália para o evento a diretora de "Looking for Alibrandi", Kate Woods, e o astro do rock Nick Barker, que atua no filme "Amy" e fará um show no Grand Hyatt Hotel.

A Folha teve acesso exclusivo aos filmes da mostra e o que viu foi uma produção vigorosa e variada. De acordo com Sophia McIntyre, vice-cônsul da Austrália encarregada da área da cultura e programadora da mostra, a seleção teve três critérios objetivos --produções recentes, desconhecidas no Brasil e bem recebidas em festivais internacionais-- e um subjetivo: "Minhas próprias idéias sobre quais filmes seriam excitantes exibir no Brasil".

Dos oito longas, cinco têm como protagonistas crianças ou adolescentes. "Acho que isso reflete a juventude e o dinamismo da indústria cinematográfica australiana, bem como a importância das novas gerações na nossa sociedade", diz McIntyre.

Um dos mais interessantes entre esses longas é "Looking for Alibrandi", misto de "teen movie" e comédia dramática sobre a integração de imigrantes italianos na sociedade australiana.

A diretora Kate Woods disse à Folha, por e-mail, que se inspirou parcialmente nos filmes juvenis de John Hughes, como "Curtindo a Vida Adoidado", bem como em "Patricinhas de Beverly Hills", este último por "seu uso da voz "off", seu humor particular, seu frescor e sua estrutura enxuta".

Mas o tom de "Alibrandi" é mais crítico e inteligente, apresentando de quebra um retrato das relações entre diferentes classes e culturas na Austrália atual.

Analogamente, o drama criminal-carcerário "Chopper" faz lembrar Scorsese, e a crônica da violência urbana "Two Hands" remete a Tarantino. Mas há sempre algo de oblíquo e desfocado que, a par da ambientação e do sotaque, lhes confere originalidade diante de seus modelos.

Do ponto de vista da informação sobre a cultura, a sociedade e a paisagem australianas, a mostra é um banquete. Há filmes ambientados em metrópoles como Sydney ("Two Hands", "Alibrandi", "Mallboy") e Melbourne ("Chopper", "Amy"), no interior provinciano ("The Dish") e no território dos aborígenes ("Yolngu Boy"). Saltam aos olhos problemas sociais --desemprego, alcoolismo, criminalidade-- e a preocupação quase unânime com os rumos da juventude.

McIntyre vê nisso um ponto de confluência entre os cinemas australiano e brasileiro: "Ambos estão produzindo filmes sem medo de mostrar o lado feio ou ameaçador da sociedade, como "Cidade de Deus" e "Chopper'".
Segundo ela, são feitos cerca de 30 longas por ano na Austrália, todos com apoio da Australian Film Commission, órgão estatal.

A diretora Kate Woods, que tem "Central do Brasil" entre seus filmes favoritos, quer aproveitar a vinda a São Paulo para conversar com cineastas brasileiros. "Afinal, compartilhamos a necessidade de criar uma identidade própria, fora do padrão norte-americano."

1ª MOSTRA DE CINEMA AUSTRALIANO
Quando:
De 10 a 17 de outubro
Onde: Espaço Unibanco (r. Augusta, 1.470, tel. 0/xx/11/288-6780)
Quanto: R$ 6 (R$ 3 para estudantes)

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