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29/05/2008 - 13h05

Filme "perdido" de Glauber Rocha reestréia com cópias restauradas

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ALYSSON OLIVEIRA
da Reuters, em São Paulo

Mais de três décadas depois da destruição dos negativos de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", em um incêndio em um laboratório em Paris, o longa de Glauber Rocha reestréia em cópia restaurada, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília na sexta-feira (30).

Divulgação
Cópia restaurada de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" estréia no Ceará
Cópias restauradas de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" estréiam no Brasil

A curadoria da restauração é assinada pelo brasileiro radicado na Inglaterra João Sócrates Oliveira, um dos maiores especialistas internacionais em restauração de filmes, que assinou a recuperação de obras como "Cabíria" (1914), de Giovanni Pastrone.

O trabalho contou também com a supervisão de fotografia de Affonso Beato, que também foi diretor de fotografia do filme de Glauber.

A volta de "O Dragão da Maldade" aos cinemas faz parte de um projeto que inclui o lançamento de uma caixa com quatro DVDs na próxima semana, que inclui também "Terra em Transe", "A Idade da Terra" e "Barravento", todos restaurados. Há também na caixa quatro documentários sobre os longas.

"O Dragão da Maldade" foi lançado originalmente em 1969. Naquele ano, ganhou o prêmio de direção do Festival de Cannes, além de estampar a primeira capa em cores da revista francesa Cahiers du Cinéma, conquistando admiradores pelo mundo todo --como o cineasta norte-americano Martin Scorsese.

O filme é uma espécie de seqüência de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), trazendo novamente o personagem Antonio das Mortes (Maurício do Valle), um mercenário matador de cangaceiros.

Em "O Dragão da Maldade" surge o cangaceiro Coriana (Lorival Pariz), que se diz ser a reencarnação de Lampião.

Anos depois de ter matado Corisco, Antonio das Mortes fica intrigado com essa nova figura e vai até a pequena cidade de Jardim das Piranhas para encontrá-lo.

Se num primeiro momento o Dragão da Maldade é o próprio Antonio das Mortes, mais tarde será um latifundiário quem assumirá essa posição.

O próprio Glauber disse certa vez que "tais papéis sociais não são eternos e imóveis e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão".

Por isso, de certa forma, "O Dragão da Maldade" é um despertar da consciência de Antonio das Mortes, que começa a ver com outros olhos a estrutura sócio-econômica do Brasil, descobrindo quem é o verdadeiro inimigo do povo.

Essa jornada de Antonio das Mortes é povoada com personagens secundários, como um professor desiludido (Othon Bastos), um delegado ambicioso (Hugo Carvana), um padre em crise (Emmanoel Cavalcanti) e uma mulher solitária (Odete Lara).

A força de "O Dragão da Maldade" está não apenas em suas alegorias sobre o Brasil --que, passados quase quarenta anos, ainda são bem pertinentes-- mas também em suas imagens bonitas e poderosas.

Por isso mesmo, o filme merece ser visto e revisto --até por aqueles que já o conhecem-- pois nunca esteve tão bem na tela.

 

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