Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/01/2004 - 08h54

Fashion Rio quer levar para cidade cetro de capital da moda no Brasil

Publicidade

ERIKA PALOMINO
colunista da Folha

O Rio luta por seu lugar ao sol. Ou melhor, esse a cidade já tem. O Rio luta é para conseguir seu espaço sob os holofotes do disputado mercado de moda no Brasil. Combalido pelas crises econômicas, a cidade foi perdendo gradativamente seu status de capital fashion do país, ocupado até meados dos anos 80, quando passou o cetro para São Paulo e seu "poder da grana". O Fashion Rio que começa hoje no Museu de Arte Moderna, no Aterro do Flamengo, é a mais consistente edição de inverno até hoje, querendo contrariar a máxima que reza que "no Rio só tem moda praia".

São 22 desfiles, juntando marcas de Minas Gerais, do Sul e até mesmo de São Paulo, que não conseguiam espaço no disputado calendário de apresentações paulistanas. "Temos dez marcas de fora do Rio no evento, e outras 20 na Bolsa de Negócios (feira paralela)", diz a diretora do Fashion Rio, Eloysa Simão.

Nem todas são efetivamente comercializadas no mercado carioca, mas estão interessadas nos negócios e na visibilidade. "O evento hoje tem uma estabilidade, garantida por uma frente formada por entidades relacionadas ao setor têxtil, pela prefeitura, pelo Sebrae, pelos patrocinadores e pelos estilistas", garante.

O Fashion Rio abre hoje com a estréia no evento de Walter Rodrigues, personagem da temporada paulistana desde seus primórdios. O motivo da mudança para o Rio é estratégico. O estilista se diz num momento de valorização de suas atividades no mercado internacional, onde ele comercializa em oito países ("Aqui cheguei onde podia chegar", justifica).

Segundo ele, o grupo que dirige suas operações na Europa pede que ele seja cada vez mais brasileiro. "E fora do Brasil existe uma verdadeira 'psicose' que o Brasil é o Rio", diz o estilista, que no próximo verão terá coleção em homenagem à cidade.

Com custos divulgados em R$ 4 milhões, o Fashion Rio espera reunir 70 mil pessoas em seus quatro dias. Estimado em R$ 5 milhões, a São Paulo Fashion Week acontece de 28 de janeiro a 3 de fevereiro. Não se trata de comparar os dois eventos: o blockbuster paulistano é, de longe, o maior e mais importante lançador de moda da América Latina. Eloysa evita e descarta rivalidades. "Quando um não quer, dois não brigam."

No Rio, tem início uma percepção de cultura de moda. A "inexistência" de inverno faz com que só se consuma um tipo de roupa: a fresca. Só que, como se sabe, moda não é apenas roupa, e mídia e público começaram a gostar do zum-zum-zum dos desfiles, de suas festas. Há muita badalação e, principalmente, social, sob os pilotis do Museu de Arte Moderna. Tudo isso vem atraindo cada vez mais patrocinadores, interessados também em estar associado ao status e ao hype da moda.

"É a segunda vez que a Vivo participa do Fashion Rio e a terceira vez na São Paulo Fashion Week", diz Luís Avelar, vice-presidente executivo e marketing da operadora, que vai injetar neste ano R$ 4 milhões nos eventos de moda no Brasil, seguindo o mesmo orçamento de 2003.

Além da Vivo, a C&A patrocina os dois eventos. "São Paulo é apenas uma das peças da cadeia de moda brasileira", completa Avelar, que colocou a Vivo como patrocinadora master (ano passado era co-patrocinadora).

Entre as iniciativas da Vivo está o pagamento do cachê de Gisele Bündchen na SPFW de janeiro de 2003, o que este ano será feito pela Brahma Light. A Vivo vai trazer para o evento Ana Beatriz Barros, Ana Hickman, Isabelli Fontana, Raquel Zimmerman e Leticia Birkheuer. A Motorola trará Jeísa Chiminazzo, e a Arezzo traz Elettra Rosselini. Todas essas vão "pular" o Fashion Rio.

O drama é que os eventos brasileiros estão colados com a alta-costura (que começou anteontem em Paris, terminando amanhã) e com os castings dos desfiles de Nova York, que tem início apenas três dias depois do término da São Paulo Fashion Week.

Quem desfila para quem foi o tópico que, mais uma vez, gerou a guerrinha da semana, e na mídia cresceu o clima de animosidade. O pivô foi a modelo Jeísa Chiminazzo, que iria desfilar no Rio e voltou atrás.

"Ela fez minha campanha e iria fazer o desfile, ela é a cara da marca", reclama Edinho Vasquez, diretor de marketing da Colcci, de Santa Catarina. No Rio, o cachê estava acertado por R$ 3.500 por desfile, mais 20% para sua agência, a L'Equipe. Chiminazzo decidiu ficar em São Paulo. Para o lugar de Jeísa, a marca escalou a polêmica celebrity americana Paris Hilton, conhecida globalmente quando caíram na internet suas imagens em cenas de sexo com o (ex-)namorado.

No início da semana, cresceu um pensamento que a São Paulo Fashion Week estaria pressionando por um boicote ao Fashion Rio, o que seu diretor, Paulo Borges, desmente: "Não é nada disso". As agências negam. "Todas as modelos minhas estão no Rio sem exceção. Eles pagam o que a gente pede. Só não está no Rio quem não está no Brasil. Eu não estou entendendo qual é o problema, elas estão aqui para trabalhar", diz Eli Hadid Wahbe, da Mega.

"Tenho várias modelos desfilando no Rio e em São Paulo", diz o booker Marco Aurélio, da agência Ford, entre elas Yasmin Brunet e Mariana Weickert. "Peguei 15 desfiles no Rio e uns 16 em São Paulo. Gosto de fazer os dois. Amo a temporada de São Paulo e é muito gostoso trabalhar aqui no Rio", diz Weickert. Ana Claudia Michels, 21, da Mega, diz o mesmo: "Até cancelei um catálogo em Nova York para poder desfilar no Rio".

Liliane Ferrarezi, da Ford, havia confirmado sete desfiles no Fashion Rio, mas voltou atrás, decidindo cumprir a temporada internacional. Ela faz a São Paulo Fashion Week, onde vai aparecer em 20 marcas. Isabelli Fontana e Marcelle Bittar (ambas da Mega) também decidiram pular o Fashion Rio para cumprir agenda internacional.

Colaboraram Lucrecia Zappi, da Redação, e Camila Yahn, free-lance para a Folha

Leia mais
  • Walério Araújo arrasa com drags e motoboys
  • Saiba quais são as modelos que vão desfilar no Rio e em SP
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página