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23/01/2004
-
08h34
colunista da Folha
Não é exagero dizer que nas primeiras imagens de "Encontros e Desencontros", quando os créditos dos atores Bill Murray e Scarlett Johansson aparecem na tela, eles deveriam estar seguidos por nomes como Jesus & Mary Chain, Peaches, Air, Chemical Brothers, Kevin Shields.
Do mesmo time de Quentin Tarantino, o de diretores que tratam a música pop como personagem principal e não (só) como mera trilha sonora, a cineasta Sofia Coppola coloca bandas e cantores para contracenar.
Se a cultuada dupla francesa Air construiu para Coppola um climático e inteiro disco-trilha para seu filme de estréia, nesta sua segunda obra a filha do Francis Ford foi buscar nos arquivos duas fundamentais bandas britânicas da virada dos anos 80 para os 90.
Primeiro, a cineasta trouxe de volta à superfície o grande guitarrista inglês Kevin Shields, que primeiro ensurdeceu a música jovem com a "parede de guitarras" do idolatrado My Bloody Valentine e depois se perdeu em algum refúgio muito longe do britpop que ajudou a moldar.
Shields gravou músicas instrumentais para "Encontros..." e uma linda canção no estilo My Bloody Valentine: "City Girl". Letra e voz singela sob guitarra barulhenta. Agridoce como o filme.
Do grupo escocês Jesus & Mary Chain, Coppola enfiou a bonita "Just Like Honey" na cena final. E de um modo tão determinante que é quase impossível não sentir um nó na garganta, seja pela tensão natural do desenlace da trama, seja pela lembrança que vem de tão significativa banda.
A trilha original do filme já foi lançada no exterior, mas ainda não há previsão de sair por aqui.
O disco, disponível portanto apenas em versão importada (R$ 60, em média), traz, além de Jesus & Mary Chain e quatro músicas assinadas por Kevin Shields, o próprio My Bloody Valentine, Air, Squarepusher e Death in Vegas, entre outros.
Como faixa extra, o disco traz Bill Murray cantando "More Than This", famosa canção do classudo Roxy Music, de Bryan Ferry. A faixa é tirada direto do filme, em uma longa sequência e até emocionante em que os protagonistas estão com amigos japoneses em um karaokê, em Tóquio, onde foram executados (não no sentido de extermínio) hits dos Sex Pistols, de Elvis Costello (também Bill Murray) e dos Pretenders (na voz de Scarlett Johansson).
Sofia Coppola é mesmo muito pop. Já produziu uma antologia em vídeo dos Beastie Boys e dirigiu, no ano passado, um belíssimo clipe da banda White Stripes. Idéia toda ela de Coppola para a parte visual da música "I Just Don't Know What to Do with Myself".
Coppola, recém-separada do também cineasta Spike Jonze, conheceu seu ex-marido nas gravações de um vídeo da banda Sonic Youth, "100%", em 1992, o qual ele dirigiu e ela estava lá para assistir, como fã do grupo nova-iorquino.
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Aparência esconde sentimentos mudos em "Encontros e Desencontros"
Trilha sonora é tratada como personagem em filme de Sofia Coppola
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Não é exagero dizer que nas primeiras imagens de "Encontros e Desencontros", quando os créditos dos atores Bill Murray e Scarlett Johansson aparecem na tela, eles deveriam estar seguidos por nomes como Jesus & Mary Chain, Peaches, Air, Chemical Brothers, Kevin Shields.
Do mesmo time de Quentin Tarantino, o de diretores que tratam a música pop como personagem principal e não (só) como mera trilha sonora, a cineasta Sofia Coppola coloca bandas e cantores para contracenar.
Se a cultuada dupla francesa Air construiu para Coppola um climático e inteiro disco-trilha para seu filme de estréia, nesta sua segunda obra a filha do Francis Ford foi buscar nos arquivos duas fundamentais bandas britânicas da virada dos anos 80 para os 90.
Primeiro, a cineasta trouxe de volta à superfície o grande guitarrista inglês Kevin Shields, que primeiro ensurdeceu a música jovem com a "parede de guitarras" do idolatrado My Bloody Valentine e depois se perdeu em algum refúgio muito longe do britpop que ajudou a moldar.
Shields gravou músicas instrumentais para "Encontros..." e uma linda canção no estilo My Bloody Valentine: "City Girl". Letra e voz singela sob guitarra barulhenta. Agridoce como o filme.
Do grupo escocês Jesus & Mary Chain, Coppola enfiou a bonita "Just Like Honey" na cena final. E de um modo tão determinante que é quase impossível não sentir um nó na garganta, seja pela tensão natural do desenlace da trama, seja pela lembrança que vem de tão significativa banda.
A trilha original do filme já foi lançada no exterior, mas ainda não há previsão de sair por aqui.
O disco, disponível portanto apenas em versão importada (R$ 60, em média), traz, além de Jesus & Mary Chain e quatro músicas assinadas por Kevin Shields, o próprio My Bloody Valentine, Air, Squarepusher e Death in Vegas, entre outros.
Como faixa extra, o disco traz Bill Murray cantando "More Than This", famosa canção do classudo Roxy Music, de Bryan Ferry. A faixa é tirada direto do filme, em uma longa sequência e até emocionante em que os protagonistas estão com amigos japoneses em um karaokê, em Tóquio, onde foram executados (não no sentido de extermínio) hits dos Sex Pistols, de Elvis Costello (também Bill Murray) e dos Pretenders (na voz de Scarlett Johansson).
Sofia Coppola é mesmo muito pop. Já produziu uma antologia em vídeo dos Beastie Boys e dirigiu, no ano passado, um belíssimo clipe da banda White Stripes. Idéia toda ela de Coppola para a parte visual da música "I Just Don't Know What to Do with Myself".
Coppola, recém-separada do também cineasta Spike Jonze, conheceu seu ex-marido nas gravações de um vídeo da banda Sonic Youth, "100%", em 1992, o qual ele dirigiu e ela estava lá para assistir, como fã do grupo nova-iorquino.
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