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26/02/2004
-
05h58
KATIA CALSAVARA
Free-lance para a Folha de S.Paulo
Leia a entrevista com o coreógrafo Ivaldo Bertazzo.
Folha de S.Paulo - De que forma a cultura indiana influencia seu trabalho?
Ivaldo Bertazzo - Minha relação com a escola de dança indiana começou em 1974. O desejo sempre foi o de entender como eles constroem o movimento, que está amalgamado à estrutura musical. No Ocidente, até em escolas de dança de países ricos, não é criada essa unidade de entendimento música-gesto como na Índia.
Folha de S.Paulo - O que há de diferente?
Bertazzo - Eles ensinam o gesto pelo gesto, passando pela sonoridade. O professor aprende a cantar o gesto, porque aquilo vibra neurologicamente. Ele canta o movimento primeiro, depois aprende as diferentes nuances do tempo e aprende a usar o espaço.
Folha de S.Paulo - No que resultou a mistura da música indiana com a percussão brasileira? Houve contrastes nesse encontro?
Bertazzo - Pude ver a modificação de um comportamento. O indiano, sentado, tocando sua tabla, modificou sua postura frente à gingada do sambista, como também o sambista sentou em uma cadeira e interiorizou-se para tocar seu tamborim. No começo era só estranhamento, mas como a lei para você se apaixonar por alguém é primeiro estranhar, depois se encantar, parece que deu certo.
Folha de S.Paulo - Que tipo de encontro há em "Rua do Encontro"?
Bertazzo - Há o encontro de linguagens, de entendimento, de realimentação daquilo que você faz diariamente. Quem não entra em contato com outras coisas não modifica. Os artistas têm o compromisso de não deixar essas transformações ficarem só na superfície.
Folha de S.Paulo - Como a inserção em trabalhos sociais o influenciou?
Bertazzo - O que mais aprendi é que temos de tomar muito cuidado porque as idiossincrasias do autor não devem virar a verdade do artista que as interpreta. Por mais que eu acredite em algo, eu tenho que dar algum significado, descobrir como fazer com que o artista entenda o que faz, caso contrário é manipulação.
Folha de S.Paulo - Como você consegue reeducar os movimentos desses jovens?
Bertazzo - Pelas sensações. Nós temos um potencial sensorial que precisa ser estruturado, caso contrário viramos animais sem eira nem beira. À medida em que ele organiza seus sentidos de orientação no espaço, começa a perceber que o espaço não é um caos, então ele estrutura o movimento.
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Free-lance para a Folha de S.Paulo
Leia a entrevista com o coreógrafo Ivaldo Bertazzo.
Folha de S.Paulo - De que forma a cultura indiana influencia seu trabalho?
Ivaldo Bertazzo - Minha relação com a escola de dança indiana começou em 1974. O desejo sempre foi o de entender como eles constroem o movimento, que está amalgamado à estrutura musical. No Ocidente, até em escolas de dança de países ricos, não é criada essa unidade de entendimento música-gesto como na Índia.
Folha de S.Paulo - O que há de diferente?
Bertazzo - Eles ensinam o gesto pelo gesto, passando pela sonoridade. O professor aprende a cantar o gesto, porque aquilo vibra neurologicamente. Ele canta o movimento primeiro, depois aprende as diferentes nuances do tempo e aprende a usar o espaço.
Folha de S.Paulo - No que resultou a mistura da música indiana com a percussão brasileira? Houve contrastes nesse encontro?
Bertazzo - Pude ver a modificação de um comportamento. O indiano, sentado, tocando sua tabla, modificou sua postura frente à gingada do sambista, como também o sambista sentou em uma cadeira e interiorizou-se para tocar seu tamborim. No começo era só estranhamento, mas como a lei para você se apaixonar por alguém é primeiro estranhar, depois se encantar, parece que deu certo.
Folha de S.Paulo - Que tipo de encontro há em "Rua do Encontro"?
Bertazzo - Há o encontro de linguagens, de entendimento, de realimentação daquilo que você faz diariamente. Quem não entra em contato com outras coisas não modifica. Os artistas têm o compromisso de não deixar essas transformações ficarem só na superfície.
Folha de S.Paulo - Como a inserção em trabalhos sociais o influenciou?
Bertazzo - O que mais aprendi é que temos de tomar muito cuidado porque as idiossincrasias do autor não devem virar a verdade do artista que as interpreta. Por mais que eu acredite em algo, eu tenho que dar algum significado, descobrir como fazer com que o artista entenda o que faz, caso contrário é manipulação.
Folha de S.Paulo - Como você consegue reeducar os movimentos desses jovens?
Bertazzo - Pelas sensações. Nós temos um potencial sensorial que precisa ser estruturado, caso contrário viramos animais sem eira nem beira. À medida em que ele organiza seus sentidos de orientação no espaço, começa a perceber que o espaço não é um caos, então ele estrutura o movimento.
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