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03/03/2004 - 06h34

Ivan Junqueira assume ABL "musculosa"

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

A academia mais famosa do país inaugura amanhã um novo exercício. E cheia de músculos.

Com a disputada eleição para sua cadeira 19, o imortal Ivan Junqueira inicia um mandato de presidente da Academia Brasileira de Letras que deve consolidar as fisiculturas recentes da instituição.

Aos 69 anos, o poeta e ensaísta assume a presidência da casa criada em 1896 com um cronograma de novidades nada desprezível.

Até o final do ano, a ABL deve inaugurar a biblioteca mais moderna do país, transformar um espaço pouco usado em galeria de arte contemporânea e dar os contornos iniciais do Dicionário da Academia Brasileira de Letras, projeto dos tempos de Machado de Assis, seu primeiro presidente.

Junqueira assumiu a direção falando que não iria "reinventar a roda" e não hesita em classificar sua gestão como de "absoluta continuidade". Mas caberá ao titular da cadeira 37 cortar as fitas.

Eleito para a instituição em 2000, Junqueira vinha participando desde então das cúpulas políticas do Petit Trianon, nome da sede da ABL --foi diretor-tesoureiro da gestão de Tarcísio Padilha e depois secretário geral do mandato de Alberto da Costa e Silva, presidente anterior.

A prioridade desses presidentes, a construção da biblioteca Rodrigo Garcia, deverá ficar visível no final de 2004. Com 1.500 metros quadrados e acervo de 50 mil volumes, o espaço terá recursos "futuristas" como uma sala de videoconferências com uma câmera que se movimenta em direção a quem está falando.

Antes disso, a ABL deverá ter uma de suas instalações apresentada ao público com novos contornos. A galeria Manuel Bandeira, criada para exposições acadêmicas, deverá passar a receber artistas contemporâneos.

"O número de galerias no Rio de Janeiro caiu muito. Precisamos de espaços para os pintores e escultores que aí estão", diz Junqueira, que promete contratar um galerista em abril.

Das outras mudanças recentes da ABL, uma não está relacionada a concreto, tijolo, vidro, mestres de obras. A instituição pôs em marcha no mês passado a Cátedra Machado de Assis, parceria com a Universidade de Oxford que vai levar um acadêmico por ano ao Reino Unido para falar sobre literatura brasileira. Sérgio Paulo Rouanet já embarcou para Londres para abrir o programa.

Um terceiro veio de atuação de Junqueira na Academia será no ramo "editorial". A instituição já vinha intensificando nos últimos anos a publicação de livros, alguns em co-edição.

Além de fortalecer essa política, o novo presidente quer dar impulso ao Dicionário da ABL, que a Comissão de Lexicografia de lá --que no ano passado concluiu a nova versão do "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa"-- começa a desenvolver.

Esta "inauguração" não caberá a Junqueira, que estima que o trabalho demorará ao menos cinco anos. "Nosso dicionário não terá mais de 80 mil verbetes e será da norma culta. Não terá os papéis do 'Aurélio' ou do 'Houaiss'", afirma. "Queremos, assim como a Real Academia Española, fixar o cânone. Para transgredir é preciso transgredir alguma coisa."

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