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26/03/2004 - 15h35

Em Curitiba, Matula Teatro conhece duas faces do festival

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JANAINA FIDALGO
enviada especial a Curitiba

Quatro anos após sua criação, em Campinas, o grupo Matula Teatro chegou ao 13º Festival de Teatro de Curitiba em duas frentes: apresentou na Mostra Contemporânea a peça "Mr. K. e Os Artistas da Fome", ao lado da Boa Companhia, e trouxe para o Fringe o espetáculo de rua "Versão Vida Cruel".

Divulgação
Cena da peça "Mr. K.",
apresentada pelo Matula

Formado por ex-alunos de artes cênicas da Unicamp, o grupo nasceu da vontade de Eduardo Okamoto, 23, pesquisar a mímesis corpórea --metodologia desenvolvida pelo Lume - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Universidade Estadual de Campinas--, que consiste da observação e imitação das pessoas em seu cotidiano.

"Eu queria desenvolver essa pesquisa. Avisei a turma e algumas pessoas se interessaram. A partir desse trabalho formamos o grupo", diz Okamoto.

A convivência com os moradores de rua da Casa dos Amigos de São Francisco de Assis, um centro de referência campineiro, deu origem a dois trabalhos. Um deles foi a observação, propriamente dita, do comportamento e expressão dessa população. Com base nessa vivência, os atores partiam para imitação do gestual.

"Cada ator observou e imitou nove moradores de rua, além de uma criança, um animal e outras coisas que íamos coletando", conta o ator.

Paralelamente, o grupo ofereceu uma oficina de teatro aos assistidos pela casa. O trabalho tornou-se um projeto vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp e ganhou a participação de profissionais e estudantes de várias áreas (educação, história, música, estatística e geografia).

"Aos poucos fomos percebendo o potencial artístico de todo mundo que encontrávamos na rua e começamos a fazer oficinas. Isso foi crescendo e se tornou um projeto vinculado à pró-reitoria. Atualmente eles têm dado um apoio bem parcial. Mais ou menos 5% do valor do projeto. O resto quem banca somos nós", diz a atriz Alice Possani, 24.

Entrando em seu quinto ano de existência, o projeto ganhou independência e começa a caminhar com as próprias pernas. O primeiro espetáculo do grupo, batizado de Pé no Chão, foi "A Cara do Tráfico".

"É importante um projeto social gerar autonomia, não ser assistencialista nem criar dependência do público em questão com você", diz a atriz Melissa Lopes, 25.

Inscritos na Federação Campineira de Teatro Amador, os moradores de rua hoje têm de cuidar da produção, escrever e enviar os projetos.

"O que é mais legal disso tudo é que eles são incorporados ao convívio social de cabeça erguida porque falam sobre a vida deles. Não têm de ser diferentes para serem socialmente aceitos", diz a atriz Fabiana Fonseca, 25.

Retorno

A experiência com os moradores de rua de Campinas rendeu ao Matula não apenas o material necessário para a criação de personagens usados primeiramente na peça "Vizinhos do Fundo" e agora em "Versão Vida Cruel". Ao assistirem ao espetáculo, os moradores opinaram e ajudaram o grupo a transformar e refinar o resultado.

Em "Vizinhos do Fundo", pensado como um espetáculo de sala, há referências claras a lugares de Campinas e aos próprios personagens-referência. "Versão Vida Cruel", criada para a exibição na rua, mostra as mesmas figuras, mas com um caráter mais universal.

"É uma velha de rua que é daqui de Curitiba, de São Paulo, da França. São figuras de rua que fazem parte do imaginário coletivo de todo mundo", afirma Alice.

Em São Paulo

O trabalho do Matula Teatro em "Mr. K. e Os Artistas da Fome" poderá ser conferido este ano em São Paulo. A peça deve ser exibida em junho e julho no Sesc Belenzinho. "Mr. K" é uma co-produção da Boa Companhia e do Arena e.V., da Alemanha, remontada com o Matula.

Segundo o grupo, ainda não há previsão para a montagem de "Versão Vida Cruel". Outro projeto do Matula, com estréia prevista para o final do ano, é uma peça baseada em "A Farsa da Boa Preguiça", de Ariano Suassuna, com direção de Ana Cristina Colla (Lume).

Além disso, o ator Eduardo Okamoto estréia em maio um espetáculo solo sobre a chacina da Candelária, no Rio.

"Depois de quatro anos as coisas estão começando a acontecer. Agora estamos firmando parcerias e produções", diz a atriz Adriana Gonçalves, 27, que não atua neste espetáculo de rua.

A repórter Janaina Fidalgo viaja a convite da organização do 13º Festival de Teatro de Curitiba

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