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26/03/2004
-
15h43
JANAINA FIDALGO
enviada especial a Curitiba
O sobe e desce pelo Largo da Ordem, em busca do lugar ideal para a apresentação do "Coral Luz do Alvorecer", aguçou a curiosidade de quem passava ontem à tarde pelo centro histórico de Curitiba.
Indumentados como moradores de rua e empurrando um carrinho de mão, os atores do grupo Matula Teatro, de Campinas, delimitaram o espaço com um semicírculo feito de cachaça para dar início ao espetáculo de rua "Versão Vida Cruel", que inclui "números musicais".
Dirigido por Verônica Frabrini, que assina também a direção de "Mr. K. e Os Artistas da Fome" (Mostra Contemporânea), a peça é resultado de um trabalho desenvolvido com moradores de rua de um espaço de referência em Campinas, a Casa dos Amigos de São Francisco de Assis.
Por meio da observação de gestos, expressões faciais e vozes, e depois pela imitação desses trejeitos, os atores do Matula chegaram aos personagens vistos hoje em "Versão Vida Cruel", cuja estréia se deu na última quarta-feira no Fringe (mostra paralela).
O espetáculo fala sobre o amor, a solidão, a fé, os vícios e as tristezas que povoam a vida dos moradores de rua. O público é convidado a interagir e acaba sendo tocado pelas histórias e musicalidade das cenas.
Na apresentação de ontem, a interação com uma moradora de rua que parou para ver a peça chamou atenção. Vendo que uma das atrizes (Alice Possani) carregava um saco com latinhas de alumínio, a mulher jogou uma das que trazia consigo.
"Aqui foi muito interessante porque uma moradora de rua se identificou e acabou dando latinhas para a Alice. É muito engraçado como eles se reconhecem e se vêem. Parece uma coisa muito natural estarem te ajudando. E antes de acabar o espetáculo ela me deu R$ 0,50 e disse: 'Ó, para ajudar o grupo'. É uma coisa muito generosa", conta a atriz Melissa Lopes, 25.
Em Campinas, em um ensaio aberto, um homem viu a garrafa de cachaça no chão e bebeu. "Teve uma vez que apresentamos em Campinas e jogamos a bebida na rua. Quando o Eduardo [Okamoto, um dos atores do grupo] virou para trás, viu um cara bebendo a pinga", diz Melissa.
Reação
Para a curitibana Cida Damasco, 50, que tem acompanhado os espetáculos de rua do Fringe, a peça do Matula Teatro trabalha bem "os tipos baseados no real". "Eles encenam a realidade que a gente vê por aí", diz.
Atraída pela atuação do grupo em "Mr. K. e Os Artistas da Fome", a estudante de artes cênicas da FAP (Faculdade de Artes do Paraná) Daniele Pamplona, 19, decidiu assistir ao espetáculo de rua do Matula.
"Eu acho muito interessante porque o que vimos até agora de espetáculos de rua trazia a cultura popular e a manifestação folclórica. É bacana ver um espetáculo com a realidade do país", afirma.
A aproximação com o público é destacada pela atriz Diane Dordete Steckirt, 21, como primordial ao teatro. "O espetáculo de rua sempre atinge grande parte da população. As pessoas que não estão acostumadas a ir ao espaço físico do teatro entram em contato e cada vez mais vão se entrosando."
Dizendo-se um apaixonado pelo teatro de rua, um morador de São Carlos, Júlio César de Almeida, veio especialmente para assistir ao festival e comemora o fato de Curitiba ter cada vez mais apresentações abertas. "Acho que [os espetáculos de rua] são a salvação do teatro, que está muito elitizado e afastado do público", diz.
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O sobe e desce pelo Largo da Ordem, em busca do lugar ideal para a apresentação do "Coral Luz do Alvorecer", aguçou a curiosidade de quem passava ontem à tarde pelo centro histórico de Curitiba.
Indumentados como moradores de rua e empurrando um carrinho de mão, os atores do grupo Matula Teatro, de Campinas, delimitaram o espaço com um semicírculo feito de cachaça para dar início ao espetáculo de rua "Versão Vida Cruel", que inclui "números musicais".
Dirigido por Verônica Frabrini, que assina também a direção de "Mr. K. e Os Artistas da Fome" (Mostra Contemporânea), a peça é resultado de um trabalho desenvolvido com moradores de rua de um espaço de referência em Campinas, a Casa dos Amigos de São Francisco de Assis.
Por meio da observação de gestos, expressões faciais e vozes, e depois pela imitação desses trejeitos, os atores do Matula chegaram aos personagens vistos hoje em "Versão Vida Cruel", cuja estréia se deu na última quarta-feira no Fringe (mostra paralela).
O espetáculo fala sobre o amor, a solidão, a fé, os vícios e as tristezas que povoam a vida dos moradores de rua. O público é convidado a interagir e acaba sendo tocado pelas histórias e musicalidade das cenas.
Na apresentação de ontem, a interação com uma moradora de rua que parou para ver a peça chamou atenção. Vendo que uma das atrizes (Alice Possani) carregava um saco com latinhas de alumínio, a mulher jogou uma das que trazia consigo.
"Aqui foi muito interessante porque uma moradora de rua se identificou e acabou dando latinhas para a Alice. É muito engraçado como eles se reconhecem e se vêem. Parece uma coisa muito natural estarem te ajudando. E antes de acabar o espetáculo ela me deu R$ 0,50 e disse: 'Ó, para ajudar o grupo'. É uma coisa muito generosa", conta a atriz Melissa Lopes, 25.
Em Campinas, em um ensaio aberto, um homem viu a garrafa de cachaça no chão e bebeu. "Teve uma vez que apresentamos em Campinas e jogamos a bebida na rua. Quando o Eduardo [Okamoto, um dos atores do grupo] virou para trás, viu um cara bebendo a pinga", diz Melissa.
Reação
Para a curitibana Cida Damasco, 50, que tem acompanhado os espetáculos de rua do Fringe, a peça do Matula Teatro trabalha bem "os tipos baseados no real". "Eles encenam a realidade que a gente vê por aí", diz.
Atraída pela atuação do grupo em "Mr. K. e Os Artistas da Fome", a estudante de artes cênicas da FAP (Faculdade de Artes do Paraná) Daniele Pamplona, 19, decidiu assistir ao espetáculo de rua do Matula.
"Eu acho muito interessante porque o que vimos até agora de espetáculos de rua trazia a cultura popular e a manifestação folclórica. É bacana ver um espetáculo com a realidade do país", afirma.
A aproximação com o público é destacada pela atriz Diane Dordete Steckirt, 21, como primordial ao teatro. "O espetáculo de rua sempre atinge grande parte da população. As pessoas que não estão acostumadas a ir ao espaço físico do teatro entram em contato e cada vez mais vão se entrosando."
Dizendo-se um apaixonado pelo teatro de rua, um morador de São Carlos, Júlio César de Almeida, veio especialmente para assistir ao festival e comemora o fato de Curitiba ter cada vez mais apresentações abertas. "Acho que [os espetáculos de rua] são a salvação do teatro, que está muito elitizado e afastado do público", diz.
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