Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/03/2004 - 04h10

Padre Marcelo Rossi reencarna no cinema

Publicidade

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Talvez esta seja a primeira vez que você lê sobre "Irmãos de Fé", o novo longa-metragem de padre Marcelo Rossi. E pode se preparar porque não será a última.

Ele não tem todos os malabarismos marqueteiros de "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, claro, mas reúne ingredientes suficientes para uma polêmica tupiniquim. A produção, que estréia em setembro, contará a vida do apóstolo Paulo de Tarso, judeu convertido ao cristianismo. E mostrará cenas em que é perseguido pelo judaísmo por ter distanciado a fé cristã dos costumes judaicos.

Padre Marcelo, em entrevista à Folha de S.Paulo, diz que o filme não será anti-semita, mas mostrará "o que ocorreu e está na palavra de Deus". "Paulo [quando era judeu] perseguiu os cristãos. Vocês vão ver as coisas absurdas que ele fez. Mas, depois que conhece Jesus, sua vida é transformada. Ele foi açoitado, apedrejado pelos judeus e por povos pagãos, inclusive pelos próprios romanos."

Rossi também nega que o roteiro tenha sido escolhido para polemizar. "Mel Gibson [acusado de anti-semitismo] queria polêmica, eu quero transformar corações."

O carismático afirma não ter assistido ainda à "Paixão de Cristo". "Mas meus amigos viram e não acharam nada anti-semita."

"Irmãos de Fé" será o segundo filme com sua "grife". O primeiro, "Maria - Mãe do Filho de Deus", obteve a sétima maior bilheteria do cinema nacional desde 1995. "Foi uma bênção", diz o padre.

Seu novo longa poderá captar R$ 6,6 milhões para a produção por meio de leis de incentivo fiscal. O orçamento pode ser até maior, principalmente se for acertada uma viagem do elenco para filmar em Jerusalém (Israel).

A produção e a direção serão as mesmas de "Maria": Diler Trindade e Moacyr Góes, respectivamente. Segundo o diretor, que também participou do roteiro, a escolha do tema foi feita antes da controvérsia de Mel Gibson. "Espero que meu filme não seja assim polêmico. É sobre fé e tolerância."

O papel de Paulo deverá ficar com Thiago Lacerda, a quem o padre chama de "um grande ator". Othon Bastos será o apóstolo Pedro, e José Dumont interpretará Tiago, irmão de Jesus. Padre Marcelo reencarnará ele mesmo numa história atual e paralela à bíblica. Ele converterá o garoto Paulo, interno da Febem, assim como Jesus fez com o apóstolo Paulo. "Prometi ao governador Mário Covas sempre acompanhar a Febem", diz Marcelo Rossi.

O carismático se prepara também para gravar 53 episódios de uma série de TV, sobre temas bíblicos, com a mesma dupla de produção e direção. "Contaremos a história de personagens da Bíblia. Eu não atuo, mas apareço como narrador. A intenção é vender a TVs do mundo todo", diz. Ele deverá dublar sua voz em espanhol, em "Maria", para lançá-lo na Espanha e no México. Leia o que falou à Folha de S.Paulo sobre "Irmãos":

Folha de S.Paulo - Não vai ser polêmico abordar em "Irmãos de Fé" a divergência entre judeus e cristãos?

Marcelo Rossi - Vários amigos que viram o filme do Mel Gibson falaram que não tem nada de anti-semita. Tem o exagero da violência nua e crua. Meu filme não tem nada contra judeus. O rabino Henry Sobel é um grande amigo. Vamos mostrar a perseguição que está na palavra de Deus. Não queremos criar nenhuma polêmica.

Folha de S.Paulo - O sr. não teme que os judeus se sintam ofendidos, como ocorreu com "A Paixão de Cristo"?

Rossi - A idéia central é mostrar que ainda é possível ter esperança nos jovens, como tocar o coração do garoto Paulo, da Febem, assim como a palavra de Deus transformou a vida do apóstolo Paulo.

Folha de S.Paulo - E se os judeus acharem que é anti-semita? Está preparado?

Rossi - Não vão achar. Tudo depende de como é colocado. O povo cristão era muito fechado, e Paulo foi além, disse que todos tinham direito. Justo ele, que chegou a matar e a perseguir em nome do judaísmo. Se isso for causa de polêmica, não tem como. É o que está na palavra de Deus. Minha idéia não é levantar polêmica, como foi a de Mel Gibson. Quero transformar corações.

Leia mais
  • Record e Bandeirantes investem em cinema
  • TVs copiam o "modelo Globo" na indústria cinematográfica
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página