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05/04/2004 - 09h45

Para Jair Rodrigues, Maria Rita tem de afastar imagem de Elis Regina

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MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

Impossível falar de Jair Rodrigues sem lembrar de Elis Regina (1945-1982), com quem ele fez uma das parcerias mais inesquecíveis da música brasileira na época dos festivais na TV. E ao falar da mãe, mais impossível ainda não falar de Maria Rita, lançada no ano passado.

Para Rodrigues, que travou contato pessoal com Maria Rita, mas ao mesmo tempo manteve certa distância até mesmo por causa das diferentes agendas, a cantora deve se afastar da imagem da mãe para não ser sempre "a filha de Elis Regina".

"Ela tem um caminho próprio, muita luz e umas coisas diferentes da mãe. Mas tudo o que ela faz, em cima do palco e no disco, a coloca se parecendo mais com a mãe. Acho que não precisava fazer deste jeito", disse o cantor.

Rodrigues lançou um novo CD, "A Nova Bossa de Jair Rodrigues", e logo poderá ser visto nos palcos, cantando não só as músicas deste disco --que inclui de Tom Jobim a Vinicius de Moraes, mas sucessos de sua carreira como "Disparada" e "Deixa Isso Pra Lá", entre outras.

Leia trechos da entrevista, em que ele fala que gostaria de cantar com Cauby Peixoto e com Maria Rita:

Folha Online - Sua carreira foi pontuada por parcerias com outros intérpretes. Tem alguém com quem o senhor ainda não cantou, mas gostaria?

Jair Rodrigues -
Tem uma pá de gente... Dos mais antigos, eu gostaria muito de cantar com o Cauby Peixoto. Nunca cantei com ele. Todas as vezes que a gente se encontra ele diz [imitando Cauby]: "Jair Rodrigues, eu gostaria de cantar samba como você canta". E eu falo a ele: "E eu gostaria de cantar tudo como você canta". Ficamos um rasgando seda com o outro. Já fiz, na época do "Fino da Bossa", eu, Elis [Regina] e Elza Soares. Gostaria de fazer um disco com a Elza. Gosto de Gal Costa, da Daniela Mercury... São vozes que praticamente dão certa com minhas características, com minha voz. Tem tanta gente... Das mais recentes, das que ouço também há algumas. Eu gostaria de fazer um trabalho mais específico com a minha filha, a Luciana Mello. Falei até mesmo para o Jairzinho relembrar alguma coisa do tempo do "Fino da Bossa", gravar com a Maria Rita. Ele ficou meio assim e eu disse que se ele não fizer, eu faço. Tem um músico meu, o Da Lua, que toca com Maria Rita. Ele me disse que Maria Rita é minha fã. Eu gostaria de convidá-la para cantar comigo, não uma música só, mas um disco todo.

Folha Online - Você foi muito amigo de Elis Regina. Como é seu contato com Maria Rita?

Rodrigues -
Eu tive um contato depois que ela começou a cantar, mas foi no camarim, quando eu fui dar os parabéns a ela. Antes de ela começar, ela foi em casa porque o Jairzinho promove umas festas com o Simoninha, o Max de Castro e o Pedro Mariano. A Maria Rita foi em casa uma vez e eu não a reconheci. A Claudine [mulher de Jair Rodrigues] me perguntou com quem ela se parecia e eu não desconfiei, até ela me dizer, foi quando eu prestei bem atenção. Quando ela me disse que era a Maria Rita eu logo perguntei: "Você é muito parecida, mas não vai cantar, não?". Daí ela disse que estava pensando seriamente nisso, mas que iria se formar antes em Jornalismo nos EUA.

Quando eu vi que o Chico Pinheiro estava lançando a Maria Rita no Supremo Musical [em São Paulo] eu não consegui ir, mas depois fui nos shows de estréia, no DirecTV [Music Hall, casa de espetáculos].

Folha Online - Quando o senhor viu a Maria Rita cantando pela primeira vez, o que o senhor sentiu?

Rodrigues -
Ela tem um caminho próprio, muita luz e umas coisas diferentes da mãe. Mas tudo o que ela faz, em cima do palco e no disco, a coloca se parecendo mais com a mãe. Acho que não precisava fazer deste jeito. A forma dela se maquiar e se vestir também induzem a isso. Quando a Elis começou ela era um pouco gordinha, como a Maria Rita, que lembra a Elis dos anos 60, no início de carreira. O cabelo, a forma de dar risada, de cantar, o gestual... tudo ela puxa pela mãe.

Ela vai sair de tudo isso porque ela tem talento e luz própria. Eu acho que quem fez isso --posso estar enganado-- foi a gravadora que lançou o disco [Warner Music], que a fez se parecer o máximo com a Elis para ficar mais fácil a vendagem do disco.

Folha Online - Na sua opinião, Maria Rita deve evitar o rótulo de ser filha de quem é?

Rodrigues -
Ela tem de se afastar. Até as músicas, os compositores... Ela tem que procurar outro caminho porque senão ela vai ser sempre a filha da Elis. Ela pode e tem condições de ser independente. Ela tem luz própria, volto a dizer, e voz. Não são todas as músicas que ela lembra Elis. Em algumas, ela é ela mesma, a Maria Rita. Por isso eu estou dizendo.

Eu acho que há uma diferença entre hereditário e genético. Ela se parece com a mãe, aí entra a genética. Mas para cantar, não acho que haja influência. Deus não faz duas pessoas iguaizinhas. Acho que ela deve sair da sombra da mãe.

Leia mais
  • Depois do CD de Bossa Nova, Jair Rodrigues quer cantar Marcelo D2

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  • Ouça o "Medley - Eu Sei Que Vou Te Amar/Você Abusou/Tristeza, do CD "A Nova Bossa de Jair Rodrigues"
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