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19/04/2004 - 09h56

Incensado pelos fãs de drum'n'bass, DJ Andy toca no Skol Beats

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Se o hip hop segue dominando e mudando comportamentos no pop, é o drum'n'bass o responsável pela contínua massificação da música eletrônica no Brasil. Difícil encontrar paralelos à adoração provocada por DJs como Marky, Patife e Xerxes.

No domingo retrasado, Marky tocou para cerca de 4.000 pessoas num espaço na Penha (zona leste de São Paulo), no projeto Lov.e por SP. Patife, após o megassucesso "Sambassim", parceria com Fernanda Porto, tornou-se dos artistas mais requisitados do país. Já Xerxes acaba de colocar nas lojas, com o amigo Marky, "In Rotation", primeiro disco da dupla e considerado lançamento prioritário na gravadora Universal.

No Skol Beats (24 de abril), a tenda de d'n'b é sempre a mais concorrida, lotada, quente, enérgica. Os DJs são ovacionados pelos clubbers. Culpa de gente como os conhecidíssimos Marky, Xerxes e Patife. Além deles, inclua mais um na lista: Anderson Cepeda, o Andy.

Esse paulistano de 28 anos, nascido, criado e morando até hoje na Vila Invernada (entre a Mooca e o Tatuapé, na zona leste), é tão habilidoso quanto Marky e tem tanto carisma quanto Patife. Com seus sets no Skol Beats (ele tocou em todas as edições, desde 2000), costuma deixar badalados DJs internacionais constrangidos.

"Há uma expectativa muito grande em torno dos DJs brasileiros. A vibração do público muda. É latente isso. Em 2001, toquei antes do Andy C [um dos principais DJs ingleses]. Ele ficava pedindo pelo amor de Deus ao Patife para eu não deixar o público muito empolgado. Imagina? É o melhor DJ do mundo falando isso."

Mas as coisas nem sempre foram assim na vida de Andy. Como seus dois irmãos, ele começou a trabalhar bem cedo, aos 13 anos, numa locadora de vídeo. O pai, português, morreu em 1995, em decorrência de um câncer. Para ajudar a sustentar a casa, a mãe, dona-de-casa, fazia vasos de flores, que Andy vendia de porta em porta pelas ruas da Mooca.

A vida de Andy começou a mudar em 1992. Na época trabalhando como office-boy, estudante de turismo num colégio técnico e relações públicas do Overnight (um dos maiores clubes de São Paulo, na zona leste), ele foi chamado pelo gerente da casa para substituir o DJ das matinês do clube.

Naquela época, o jungle (ritmo que misturava batidas de tecno com timbres de reggae, dub e rap, que deu origem ao d'n'b) estava se formatando na Inglaterra, e Andy foi um dos precursores da coisa no Brasil. "Quase perdi o emprego três vezes. Em 1996, 97, quando o tecno estava na moda, o dono do clube não queria que eu tocasse jungle. Eu bati o pé", diz ele.

"Eu, Marky, Patife e Koloral nos reunimos e decidimos continuar, mesmo que achassem nosso som coisa "de periferia"."

O Free Jazz de 1997, que trouxe Goldie e Grooverider, dois dos maiores nomes do d'n'b mundial, mudou parâmetros. "Foi ali que o drum'n'bass chegou "aos Jardins". Até aquele momento, o d'n'b não era bem recebido por esse público. Era até discriminado."

Depois, em 1999, Marky e Patife ganharam residência no Lov.e e foram apadrinhados pela Movement (o maior núcleo de drum'n'bass da Inglaterra). Andy continuou na Overnight, onde tocou até 2002, longe do assédio da mídia. Mas isso está para mudar.

Hoje, além de DJ, é dono de uma loja de discos no centro da capital e produtor. Prepara excursão européia para agosto e no mês que vem lança um disco em que mixa canções apenas de artistas brasileiros, que será distribuído pela revista portuguesa "Booking Music", e põe no mercado de lá o single "Share a Tear".

"Tenho que fazer algo lá para reverberar aqui como novidade. Senão serei visto pela mídia apenas como mais um." No Skol Beats, ele fechará a tenda de d'n'b. O mundo de Andy está mudando.

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