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23/04/2004 - 07h01

Tarantino junta ética do western à estética oriental em "Kill Bill"

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

É hoje. Com um atraso de meio ano, o público brasileiro finalmente conhece "Kill Bill - Volume 1", o quarto longa de Quentin Tarantino, 41 anos, o mais original e menos previsível dos cineastas em atividade em Hollywood.

Foram seis anos de intervalo desde "Jackie Brown", que reforçaram a crítica segundo a qual Tarantino seria um Orson Welles da era moderna, cujo "Cidadão Kane" seria seus primeiros longas, "Cães de Aluguel" (1992) e "Pulp Fiction" (1994), depois dos quais ele nunca mais faria nada à altura.
Estaria certa a crítica?

O leitor tem a partir de hoje para conferir por si mesmo. Enquanto isso, na segunda parte da entrevista telefônica da qual a Folha participou, concedida de Los Angeles, o cineasta fala de seu próximo projeto, da "loja de discos" que mantém em casa e do volume 2 de "Kill Bill", que arrecadou US$ 27 milhões no último fim de semana nos EUA, quando estreou, e só chega ao Brasil em outubro.

LOJA DE DISCOS - "Tiro todas as trilhas dos meus filmes da minha 'loja de discos'. É o seguinte: eu comprei uma casa que tinha um desses quartos de criança ligados à suíte principal, para que os pais não fiquem longe de seu bebê. Só que eu não tenho mulher nem filho, então eu transformei aquilo numa sala de discos e CDs, mais como se fosse uma loja de discos usados. Eu divido tudo por músicos, mas só os que eu admiro muito. Também divido por décadas e, dentro delas, subdivido por gêneros, tipo hip hop, soul, country de raiz, invasão britânica, psicodélico. E uma grande seção para as trilhas de filmes. É a parte da minha casa onde eu fico mais tempo, porque me lembra de meu velho apartamento, da época em que eu fiz 'Cães de Aluguel'."

ESTILO TARANTINO - "Paixão: pelo cinema, por filmes, pelos espectadores e a paixão deles por viver essa experiência. Tem também uma coletânea de influências, tanto de outros filmes americanos quanto da indústria do cinema de outros países. Por isso, não me considero um cineasta norte-americano nem alguém que faça filmes para os americanos. O que faz de um filme um legítimo Tarantino é a habilidade de pegar um punhado de influências, sentimentos e emoções diferentes e colocar tudo num filme. Gosto de fazer o espectador rir, rir, rir, parar de rir, então rir de novo."

POR QUE DIVIDIR "KILL BILL" - "Se eu não tivesse dividido, o filme provavelmente teria acabado com três horas e meia de duração, e eu sei que eu não conseguiria lançar algo tão longo assim no mercado. Um dia, no oitavo dos nove meses de filmagem, o Harvey Weinstein veio ao set e disse: 'Sabe, Quentin, eu adoro este filme e acho que você não deveria cortar nada. Por que a gente não lança em duas partes?'. Era um milagre. Eu pedi um tempo, voltei a dirigir mais algumas cenas e depois de uma hora topei. Nos anos 30 e 40, era costume haver filmes em série nos cinemas, quando se lançava um capítulo por vez."

VERSÃO MAIS VIOLENTA - "Esse filme é muito estranho, diferente de tudo o que fiz, muito maleável. Tanto que fizemos uma versão especificamente para a Ásia, muito mais violenta do que as outras. Se eu fosse brasileiro, pediria para que a distribuidora exibisse essa em algum momento. Basta eles ligarem e falarem: 'Nós não queremos aquela porcaria da versão americana, queremos a asiática'."

O VOLUME 2 - "Quando lancei o volume 1 nos EUA, eu já tinha 40% do 2 feito. Mas foi interessante acompanhar o lançamento mundial, na Europa, na Ásia, e ver a reação da platéia. Eu assisti ao filme várias vezes, em vários países diferentes, com platéias de espectadores que tinham pago para ver aquele filme. Isso é muito diferente das sessões-teste. Eu sei que nada mudaria o filme que eu tinha na cabeça, mas talvez as reações tenham me influenciado na hora de concluir o volume 2."

PRÓXIMO PROJETO - "Vai se chamar 'Inglorious Bastards' e ser provavelmente minha próxima direção. É um western spaghetti que se passa na 2ª Guerra. Então, o estilo é o mesmo dos filmes do Sergio Leone (1929-1989). Poderia se chamar 'Era uma Vez na França Ocupada' (risos)."

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