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03/07/2004 - 03h19

Diários são para a posteridade e blogs são para agora, diz FDR

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Confira a seguir a entrevista com Fabio Danesi Rossi para a Folha.

Folha - Na sua opinião, que características, além do fato de escreverem blogs e os ancorarem no Wunderblogs, unem os autores coligados no livro?

FDR -
Algumas pessoas acham que o Wunderblogs é um grupo homogêneo. Não é verdade. O Wunderblogs tem ateus e religiosos, conservadores e liberais, bêbados e abstêmios. Corre o boato de que há um homossexual também, mas ainda não descobri quem é. O que nos une é o senso de humor. A maioria de nós vê a vida com a seriedade que ela merece, ou seja, nenhuma.

Folha - Quando você começou a escrever blogs e por quê? Você já escrevia antes com freqüência? Como?

FDR -
Durante dois anos escrevi colunas para o site "Digestivo Cultural". Quando saí, senti falta da internet. A moda dos blogs estava começando e acabei criando o meu. A grande vantagem do blog é não ter editor. Parafraseando David Mamet, é uma pena que os editores não tenham alma; se tivessem, passariam a eternidade pagando seus pecados no inferno.

Folha - Quais as principais vantagens e desvantagens do blog em relação a outros formatos, como diários, iluminuras, livros, apostilas, panfletos etc.?

FDR -
Como disse, a grande vantagem do blog é não ter editor. Diário também não tem editor, é verdade, mas as pessoas escrevem diário para a posteridade. Blog é para hoje, agora. Outra vantagem é que, num dia de mau humor, você pode apagar todos os textos com um único clique.

Folha - Quantos posts vocês escreve em média a cada mês? Quanto tempo você gasta com os blogs?

FDR -
Escrevo três ou quatro posts por semana. Às vezes gasto dois minutos para escrever um post, às vezes duas, três horas.

Folha - Quem é o mais prolífico dos Wunders?

FDR -
Felipe Ortiz.

Folha - Quem é o mais conciso?

FDR -
Eu.

Folha - Além dos blogs, você escreve alguma forma de ficção? Com que características?

FDR -
Além do livro de contos, escrevo sitcoms para uma produtora americana, a Picante Pictures. Participei da criação do primeiro sitcom brasileiro sobre uma família de negros, que, espero, deve ir em breve ao ar.

Folha - Como selecionou o material para o livro 'Wunderblogs.com'?

FDR -
Tentei selecionar meus textos mais engraçados. A editora, Isabella Marcatti, leu minha seleção e fez alguma sugestões. Alguns posts foram cortados, outros incluídos. O resultado ficou muito, muito bom. Pelo menos essa é a opinião da minha mãe.

Folha - Qual o perfil do leitor dos blogs Wunder? Quem são os 'inimigos' do Wunder?

FDR -
Do leitor, eu não sei. Mas das leitoras, o perfil é bonito. Os inimigos são os leitores de um livro só, que têm idéias fixas e senso de humor frouxo.

Folha - O que você pensa da literatura contemporânea brasileira?

FDR -
Não conheço muito. O melhor livro de ficção brasileira que li recentemente foi escrito por um economista: "Felicidade", do Eduardo Gianneti.

Folha - Quem são seus 'modelos' intelectuais e literários?

FDR -
Rubem Braga, Luis Fernando Verissimo, Millor Fernandes, Paulo Francis, para ficar apenas nos nacionais.

Folha - O escritor Marçal Aquino disse ontem, em debate no Sesc Anchieta, de São Paulo, que 'todos os escritores hoje são de esquerda'. Comente.

FDR -
Se for verdade, é uma pena. A pluralidade de opiniões é importante --e isso não se discute.

Folha - Os autores do Wunderblogs são muitas vezes chamados de direitistas, conservadores etc. O que você pensa disso? Quem é, na sua opinião, o mais conservador e/ou reacionário dos 11 autores reunidos no livro?

FDR -
Eu não sou conservador. Sou a favor da eutanásia, do aborto, da liberação das drogas, do casamento gay e da guerra no Iraque. O restou sou contra. O mais conservador do Wunderblogs é o Marcelo De Polli - mas não conte pra ele.

Folha - Existe direita (ou termo equivalente) inteligente aqui ou fora do país hoje em dia? Exemplos?

FDR -
O problema é que direita virou um termo pejorativo. Dizem, por exemplo, que Hitler era de direita. Pra mim, era de esquerda. A esquerda diz que o estado é mais importante que a pessoa, a direita diz que a pessoa é mais importante que o estado. Meus dois colunistas prediletos são de direita: Mark Steyn e Carlos Alberto Montaner. Aqui no Brasil, temos o Mainardi, o Nelson Ascher, o João Mellão e muitos outros.

Folha - Por que você usa pseudônimo?

FDR -
Eu assino o blog como FDR, as iniciais do meu nome: Fabio Danesi FDR. É uma homenagem ao George Bernard Shaw, que assinava uma coluna como GBS.

Folha - Quais dessas características você acha que tem seu blog: pessimismo, otimismo, bom humor, mau humor, misticismo, moralismo, anglofilia, "antibrasileirismo", liberalismo, catolicismo, cristianismo, classicismo, ironia, passadismo.

FDR -
Bom humor, mau humor, liberallismo, ironia.

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