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10/07/2004 - 09h06

Tóibín distribui sabonetes de "Ulisses"

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da Folha de S.Paulo

A tarde de ontem em Parati, nebulosa, teve uma viagem para a Irlanda do século passado e uma excursão ao futuro remoto. A primeira teve como guia o irlandês Colm Tóibín, que levou uma Tenda dos Autores lotada para a Dublin de James Joyce, a mesma Dublin em que Tóibín vive até hoje.

Já a canadense Margaret Atwood promoveu tour "especulativo" ao futuro, com leitura de trecho de seu romance mais recente, ambientado 30 anos adiante.

Tóibín defendeu que pouco mudou na capital da Irlanda desde os tempos descritos por Joyce em "Ulisses". "Os nomes das ruas são os mesmos, as pessoas desempregadas são as mesmas, as mesmas piadas que circulavam pelo centro de Dublin continuam lá."

Ele ilustrou sua tese com sabonetes de limão. Falou que a mesma loja citada no romance de 1922, na qual um personagem compra sabonetes de limão em liqüidação, vendia, na semana passada, em promoção, esses mesmos artigos. Terminou a frase, abriu uma caixa amarela e pôs-se a jogar os tais sabonetes para seis dos 550 espectadores de sua fala.

Fez sucesso, mas não foi aí que atingiu o clímax com a platéia. Em uma linha de raciocínio que partiu da falta de tradição literária irlandesa pré-Joyce, chegou à idéia de que o modernismo foi muito consistente em países como a Irlanda (e o Brasil) por terem sido sociedades com grandes dificuldades econômicas (e políticas).

"Naquelas condições, não havia como produzir nesses lugares romances formais, estáveis."

Mais lenta, mas com momentos de grande brilho, foi a fala de Atwood. Ela caracterizou seu romance mais recente, "Oryx e Crake", como "ficção especulativa". "Não é ficção científica. Não tem naves, outros planetas. É um futuro próximo imaginado na Terra."

De volta ao presente, criticou a crítica literária. "Nos jornais, é do tipo "gostei do vestido, não gostei do sapato". A acadêmica é como a exegese da Bíblia." Ela mesma resenhista, diz que inventou um "método novo": "Leio o livro inteiro". Arrancou aplausos ao dizer que todos os escritores são otimistas. "É otimista por achar que pode escrever um livro e imaginar que alguém vai publicá-lo. É otimista ainda por imaginar que alguém vai ler esse livro. E mais otimista de querer que alguém goste do que leu."

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