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21/07/2004 - 09h23

Questão judaica permeia novas HQs de Will Eisner

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da Folha de S.Paulo

Por trás dos levantes comunistas na Rússia estavam a cabala e um grupo de anciãos judeus dispostos a dominar o mundo. Charles Dickens, o grande escritor inglês (1812-70), ajudou a perpetuar estereótipos contra o povo judeu. Estes são os dois mais recentes alvos para a tinta de Will Eisner.

A teoria da conspiração czarista, que teria sido registrada nos famigerados "Protocolos dos Sábios do Sião", é o tema central de "The Plot" (O argumento), graphic novel que Eisner acaba de finalizar e entregar à editora americana Norton, para publicação na primavera de 2005.

"Era um documento fraudulento, viciado e maligno", crava o autor, que diz ter se deparado com uma versão dos protocolos por meio da internet. "Umas 300 cópias foram distribuídas no ano passado nos países islâmicos", acrescenta.

Judeu de criação, Eisner também afirma não digerir nada bem o retrato que Dickens fez de seu povo no romance "Oliver Twist" (1838), em que um dos principais vilões, o menino Fagin, é judeu.

A resposta do quadrinista a Dickens, lançada no ano passado nos EUA, é "Fagin, the Jew", que no primeiro semestre de 2005 já deve ganhar versão em português, pela Companhia das Letras.

"É uma questão política que me preocupa e que se estende para outras formas de preconceito. Há uma história violenta e sangrenta contra os judeus", defende Eisner, que, no quadrinho, "obriga" o escritor inglês a reescrever o papel de Fagin em sua obra.

Outros dois lançamentos de Eisner estão programados para acontecer ainda no segundo semestre deste ano: "Pequenos Milagres", um conjunto de quatro HQs curtas também ambientadas na avenida Dropsie, e "Narrativas Gráficas", livro teórico que aprofunda as análises de "Arte Seqüencial", um dos principais tratados sobre os quadrinhos modernos. Ambos vêm pela Devir.

"O que chamei originalmente de graphic novel é hoje simplesmente arte seqüencial ou, se preferir, literatura gráfica. O que tem saído hoje não são mais novelas", afirma ele, que também ensina o seu ofício na Escola de Artes Visuais de Nova York.

Apesar do oba-oba que vem tomando conta das páginas de publicações importantes da imprensa americana, como "The New York Times" e "Washington Post", Eisner pondera o tão festejado bom momento das graphic novels no mercado americano, tema de extensas reportagens e análises sobre o futuro da literatura.

"Ainda temos muitos anos pela frente para esse meio. O motivo de a literatura gráfica estar crescendo tanto nesses tempos pode estar relacionado à velocidade da comunicação. As pessoas necessitam de uma leitura rápida."

Só que velocidade, no entender do professor, não deve ser entendida como superficialidade. "O que tem sido mostrado são obras de cartunistas muito estranhos, mas há outros fazendo um trabalho mais sério", aponta. "As pessoas que estão chegando hoje são, na maioria, muito jovens, que não tiveram experiência de vida. Então é mais fácil para elas falarem de sua infância, de seus pais ou de sua família disfuncional. Os quadrinistas mais velhos querem falar de algo que vá além disso."

E, para os desenhistas atuais, também sobra puxão de orelha: "Muitos pensam que o layout da página é o mais importante. As editoras se preocupam com o fato de que os livros estão na estante e, se os desenhos não forem interessantes, as pessoas não vão comprar. Não penso que o design seja tão importante, ele apenas têm de se conformar à legibilidade da história." Anotou?

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