28/07/2004 - 04h23

Earl Okin exibe sua bossa pouco natural em São Paulo

LÚCIO RIBEIRO
colunista da Folha

A tardinha, o barquinho e um senhorzinho inglês excêntrico. Um banquinho, um violão e Blur, Nirvana e Coldplay. Isso é bossa nova. Isso é pouco natural.

Está no Brasil o impagável Earl Okin, músico e comediante britânico ("de alma brasileira"), conhecido em seu país como o mais azarado artista da música pop. E a hora de mudar essa história, segundo Okin, é agora, aos 57 anos.

Okin "sobrevoa" a música inglesa há 35 anos. Mas só há poucas semanas conseguiu lançar seu primeiro disco, "Music Genius & Sex Symbol", deliciosa mistura de gags divertidas com bossa nova, o gênero pelo qual se apaixonou em 1965, nos tempos de faculdade.

Para aproveitar a presença de Okin exatamente na terra da bossa nova, a Sony brasileira está lançando o CD em edição nacional.

A carreira de Earl Okin, que se veste de fraque diariamente, é uma sucessão de quase-sucessos. No fim dos 60, foi descoberto pelo editor das músicas dos Beatles, Dick James, que viu em Okin um fazedor de baladas tal qual Paul McCartney. Okin preferiu acabar a universidade antes de lançar seu primeiro single. Quando o fez, a época já não era para baladas.

Excursionou com Van Morrisson, mas não foi notado. Participou de programas de entrevistas nos anos 80, mas nunca aconteceu. Earl Okin passou então a viver de sua veia cômica (considera-se um "sit-down comedian").

Até que, já neste século, Okin foi convidado a tocar música pop num programa-comédia de TV que nem chegou a ir para o ar. E a história atraiu a MTV. Assim surgiram as versões bossa nova fofa para as explosivas "Song 2", do Blur, e "Smells Like Teen Spirit", hino do Nirvana. E não dá para não rir ao ouvir o senhor inglês de fraque cantar que é um adolescente de calças largas e sujas que ouve Iron Maiden, seu modo João Gilberto de interpretar "Teenage Dirtbag", da bandeca Wheatus.

"Sempre estive perto do sucesso e ele escapou, é verdade. Mas espero que isso não dê a idéia de que sou um fracassado, porque viajei o mundo e sobrevivi da música cantando por todos os lugares durante uns 30 anos", explica.

Um pouco dessa história Okin conta "a sério" na entrevista à Folha abaixo e em tom de comédia durante seus shows.

EARL OKIN
Quando: amanhã, às 21h; até 31/7
Onde: Baretto (r. Vittorio Fasano, 88, Jardins, SP, tel. 0/xx/11/ 3896-4066)
Quanto: R$ 120

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