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30/07/2004
-
08h01
DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo
Sentado em um quarto de hotel de onde se vê o rio Pinheiros, em camisa de manga e bermudão, cabelo loiro cortado rente, Ron Perlman, 54, não se parece nem um pouco com o demônio vermelho e encapotado de 200 kg que interpreta em "Hellboy", nova adaptação das histórias em quadrinhos que chega hoje ao país.
Até abrir a boca. "É um processo de quatro horas. Ao fim de tudo, com todos aqueles apliques nos braços e no peito, você está fisicamente modificado e não consegue se sentir outra coisa a não ser poderoso", contou o ator à Folha, com o mesmo tom de voz grave característico que lhe rendeu diversos trabalhos em outras adaptações de quadrinhos ("Blade 2"), ficção-científica ("Alien, a Ressurreição") e seriados de TV ("Batman"). Ameaçador?
Não exatamente. Assim como o monstrengo tirado pelo diretor mexicano Guillermo del Toro das páginas do gibi da editora Dark Horse, terceira maior dos EUA, Perlman se diz um romântico à moda antiga, fã de filmes que retratem dilemas humanos.
"É pura coincidência o fato de os diretores com que costumo trabalhar gostarem de ficção e HQs. Pessoalmente, não sou fã dessas coisas. Prefiro os filmes sobre histórias de pequenas pessoas. 'Cidade de Deus' foi um dos melhores filmes do ano passado."
Assim, até que Del Toro conseguisse o último centavo necessário para levar o filme do personagem às telas de cinema, Perlman tentou manter distância das revistinhas. "Não queria me envolver emocionalmente com ele."
Resolvido o orçamento, aí sim pôde mergulhar nas páginas góticas e ao mesmo tempo bem-humoradas da série desenhada por Mike Mignola desde 1994 --e publicada no Brasil, pela editora Mythos, desde 1998.
Melodramas à parte, o ator conta que teve de dar o sangue, literalmente, para enfrentar as muitas seqüências de ação da produção. Em uma delas, quando o herói persegue seu principal inimigo, o demônio Sammael, nos túneis do metrô de Nova York, o ator teve uma costela fraturada enquanto tentava saltar para dentro de um trem em movimento a 80 km/h.
"Estávamos fazendo a cena pela sétima vez. Não tinha percebido a gravidade do acidente, até que o diretor de fotografia viu uma lágrima no meu olho e disse, 'Ei, essa não é a hora em que Hellboy tem que chorar!' Foi então que percebi: Caramba, eu realmente me ferrei desta vez!"
Enfim, como não há saúde que resista a tanta pancadaria fora dos quadrinhos, o jeito foi apelar para os dublês. "Você não vai querer fazer algo que possa colocar mais em risco a sua segurança. De qualquer forma, após quatro horas de maquiagem, não vai haver um único demônio vermelho que não se pareça com você."
Que ficasse com ele, contudo, a cena em que o herói, depois de enfrentar o inferno para salvá-la, dá um beijo ardente na mocinha.
Apesar de secundária nos quadrinhos, Liz Sherman (Selma Blair) tem um papel importante no longa. Para usar um território conhecido de Perlman, é a bela que completa a vida da fera das HQs. "Ela ajuda Hellboy a solucionar seu enigma pessoal", sugere o ator com um riso nos lábios.
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Sentado em um quarto de hotel de onde se vê o rio Pinheiros, em camisa de manga e bermudão, cabelo loiro cortado rente, Ron Perlman, 54, não se parece nem um pouco com o demônio vermelho e encapotado de 200 kg que interpreta em "Hellboy", nova adaptação das histórias em quadrinhos que chega hoje ao país.
Até abrir a boca. "É um processo de quatro horas. Ao fim de tudo, com todos aqueles apliques nos braços e no peito, você está fisicamente modificado e não consegue se sentir outra coisa a não ser poderoso", contou o ator à Folha, com o mesmo tom de voz grave característico que lhe rendeu diversos trabalhos em outras adaptações de quadrinhos ("Blade 2"), ficção-científica ("Alien, a Ressurreição") e seriados de TV ("Batman"). Ameaçador?
Não exatamente. Assim como o monstrengo tirado pelo diretor mexicano Guillermo del Toro das páginas do gibi da editora Dark Horse, terceira maior dos EUA, Perlman se diz um romântico à moda antiga, fã de filmes que retratem dilemas humanos.
"É pura coincidência o fato de os diretores com que costumo trabalhar gostarem de ficção e HQs. Pessoalmente, não sou fã dessas coisas. Prefiro os filmes sobre histórias de pequenas pessoas. 'Cidade de Deus' foi um dos melhores filmes do ano passado."
Assim, até que Del Toro conseguisse o último centavo necessário para levar o filme do personagem às telas de cinema, Perlman tentou manter distância das revistinhas. "Não queria me envolver emocionalmente com ele."
Resolvido o orçamento, aí sim pôde mergulhar nas páginas góticas e ao mesmo tempo bem-humoradas da série desenhada por Mike Mignola desde 1994 --e publicada no Brasil, pela editora Mythos, desde 1998.
Melodramas à parte, o ator conta que teve de dar o sangue, literalmente, para enfrentar as muitas seqüências de ação da produção. Em uma delas, quando o herói persegue seu principal inimigo, o demônio Sammael, nos túneis do metrô de Nova York, o ator teve uma costela fraturada enquanto tentava saltar para dentro de um trem em movimento a 80 km/h.
"Estávamos fazendo a cena pela sétima vez. Não tinha percebido a gravidade do acidente, até que o diretor de fotografia viu uma lágrima no meu olho e disse, 'Ei, essa não é a hora em que Hellboy tem que chorar!' Foi então que percebi: Caramba, eu realmente me ferrei desta vez!"
Enfim, como não há saúde que resista a tanta pancadaria fora dos quadrinhos, o jeito foi apelar para os dublês. "Você não vai querer fazer algo que possa colocar mais em risco a sua segurança. De qualquer forma, após quatro horas de maquiagem, não vai haver um único demônio vermelho que não se pareça com você."
Que ficasse com ele, contudo, a cena em que o herói, depois de enfrentar o inferno para salvá-la, dá um beijo ardente na mocinha.
Apesar de secundária nos quadrinhos, Liz Sherman (Selma Blair) tem um papel importante no longa. Para usar um território conhecido de Perlman, é a bela que completa a vida da fera das HQs. "Ela ajuda Hellboy a solucionar seu enigma pessoal", sugere o ator com um riso nos lábios.
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