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20/08/2004 - 06h34

Diretor encara um mês de McDonald's

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THIAGO STIVALETTI
free-lance para a Folha de S.Paulo

Ele provou na pele o que todos já desconfiavam. Munido de uma obstinação idêntica à de Michael Moore para realizar um documentário ao mesmo tempo polêmico e divertido, o americano Morgan Spurlock passou 30 dias comendo apenas no McDonald's para mostrar os efeitos devastadores do fast food no corpo em "Super Size Me - A Dieta do Palhaço", que estréia hoje em SP.

Numa entrevista coletiva, Spurlock rebatia as críticas sobre seu filme. "Passar um mês comendo só brócolis também é ruim para a saúde", dizem os detratores. "Mas ninguém vende o brócolis como uma refeição completa, e o McDonald's gasta fortunas para nos convencer que o seu cardápio é completo", diz o diretor.

Todos sabem que fast food em excesso faz mal, mas os especialistas demonstram isso em números. Nutricionistas ouvidos pela Folha apontam que uma refeição no McDonald's é rica em calorias e pobre em nutrientes.

Pegue-se os números da própria rede. Hoje em dia, seguindo a orientação da matriz americana, uma tabela com a composição de nutrientes de todos os itens do cardápio vem no verso do papel que cobre a bandeja. No site www.mcdonalds.com.br o internauta pode calcular o total de calorias que vai consumir. Para um lanche com Big Mac, Coca-Cola grande (500 ml) e batata frita grande, uma pessoa ingere um total de 1.020 quilocalorias.

É mais que o dobro existente em um prato médio com arroz, feijão, carne e salada. "Mas não se deve culpar só os fast foods. Quem almoça desregradamente em um restaurante por quilo comete o mesmo abuso de calorias", diz a nutricionista Camila de Abreu.

De acordo com a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), as refeições da rede são ricas em gordura, sódio e carboidratos. O exemplo de lanche citado contém 36% de gordura --o máximo recomendado em uma refeição é de 25%.

Por outro lado, os lanches são pobres em vitaminas, minerais e fibras. A falta desses nutrientes provoca o que os nutricionistas chamam de "fome oculta", a vontade de comer apenas algumas horas depois do lanche.

Os especialistas dizem que não existe uma freqüência máxima recomendada para o fast food, já que isso depende do nível de exercícios físicos e outros fatores. Mas o ideal é ficar em torno de uma vez por semana. A preocupação hoje é tanta que existe um projeto em tramitação no Congresso para regular a propaganda de alimentos e o destaque dado aos valores nutricionais, de autoria do senador Tião Viana (PT-AC).

Mas é engano pensar que "Super" é o primeiro ataque à rede. Segundo Isleide Fontenelle, autora do livro "O Nome da Marca", um estudo sobre o crescimento da rede, o primeiro ataque ocorreu nos anos 70. Nos anos 80, o excesso de calorias nos lanches foi questionado pela primeira vez. "A força do McDonald's vem de um intenso trabalho de relações públicas para a superação de todas essas crises", diz a autora.

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