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28/01/2005
-
09h05
SÉRGIO RIZZO
do Guia da Folha
A lendária seleção húngara de futebol dos anos 50, cuja base era formada pelos jogadores do Honvéd, espalha medo em "O Milagre de Berna", que estréia hoje, e faz também inesperada aparição em "Nossa Música".
O auge do socialismo, diz alguém, foi a vitória dos húngaros contra os ingleses em 1953, por 6 a 3, em Londres --triunfo do jogo coletivo contra o individual e a primeira derrota dos donos da casa para seleções não-britânicas no antigo estádio de Wembley.
É preciso conhecer futebol (e socialismo?) para entender o que há de sério e de ironia na afirmação, assim como é preciso conhecer um imenso repertório de outros assuntos --entre eles, e principalmente, cinema-- para tentar acompanhar o raciocínio de Jean-Luc Godard em mais um de seus filmes-ensaio --que, na observação de um crítico americano, parecem feitos por um cerébro guardado em um copo de vidro.
Que esse cérebro misture socialismo com futebol é indício do livre pensar poético do cineasta, mas ajuda a entender por que seu nome funciona como espantalho até mesmo para uma parcela do público que, em tese, deveria se interessar pelo seu trabalho. O cinema de Godard continua incômodo, e não só por ignorar convenções facilitadoras da narrativa, mas porque obrigatoriamente faz pensar, nem que seja para discordar de suas teses ambiciosas. Pede um esforço a que poucos, hoje, parecem dispostos.
Esse Godard ensaístico, misturando filosofia com história, aprofunda aqui sua visão do mundo contemporâneo, dividindo o filme em três partes --"Inferno", "Purgatório" e "Paraíso". Na primeira parte, usa material de arquivo em colagem de sentido inequívoco. Nas demais, apresenta diversos personagens (entre eles, o próprio diretor) reunidos para um congresso de literatura em Sarajevo. Então, as idéias se embaralham, mas poucos cineastas têm cartas como as de Godard para tirar da manga.
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Godard aprofunda sua visão do mundo em filme-ensaio
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A lendária seleção húngara de futebol dos anos 50, cuja base era formada pelos jogadores do Honvéd, espalha medo em "O Milagre de Berna", que estréia hoje, e faz também inesperada aparição em "Nossa Música".
O auge do socialismo, diz alguém, foi a vitória dos húngaros contra os ingleses em 1953, por 6 a 3, em Londres --triunfo do jogo coletivo contra o individual e a primeira derrota dos donos da casa para seleções não-britânicas no antigo estádio de Wembley.
É preciso conhecer futebol (e socialismo?) para entender o que há de sério e de ironia na afirmação, assim como é preciso conhecer um imenso repertório de outros assuntos --entre eles, e principalmente, cinema-- para tentar acompanhar o raciocínio de Jean-Luc Godard em mais um de seus filmes-ensaio --que, na observação de um crítico americano, parecem feitos por um cerébro guardado em um copo de vidro.
Que esse cérebro misture socialismo com futebol é indício do livre pensar poético do cineasta, mas ajuda a entender por que seu nome funciona como espantalho até mesmo para uma parcela do público que, em tese, deveria se interessar pelo seu trabalho. O cinema de Godard continua incômodo, e não só por ignorar convenções facilitadoras da narrativa, mas porque obrigatoriamente faz pensar, nem que seja para discordar de suas teses ambiciosas. Pede um esforço a que poucos, hoje, parecem dispostos.
Esse Godard ensaístico, misturando filosofia com história, aprofunda aqui sua visão do mundo contemporâneo, dividindo o filme em três partes --"Inferno", "Purgatório" e "Paraíso". Na primeira parte, usa material de arquivo em colagem de sentido inequívoco. Nas demais, apresenta diversos personagens (entre eles, o próprio diretor) reunidos para um congresso de literatura em Sarajevo. Então, as idéias se embaralham, mas poucos cineastas têm cartas como as de Godard para tirar da manga.
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