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08/06/2005
-
15h58
JOÃO SANDRINI
enviado da Folha Online a Fortaleza*
O maestro Júlio Medaglia acredita que, em todo o século 20, a época cultural mais rica e criativa do país está compreendida entre os anos de 1964 e 1972. "Apesar da ditadura e da repressão militar", diz ele, "quanto mais se apertava, mais as pessoas reagiam".
É na segunda metade dessa época de transgressão, sexo, drogas e rock n' roll que o cinema marginal começa a despontar no país, principalmente com "O Bandido da Luz Vermelha", clássico de Rogério Sganzerla de 1968. No subterrâneo desse cinema marginal estão as produções de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e, em sua vertente cômica, o "terrir", ou o terror que faz rir, do cineasta carioca Ivan Cardoso.
A cinebiografia "A Marca do Terrir", dirigida pelo próprio Cardoso e exibida na noite de ontem durante o 15º Cine Ceará, resgata os primeiros trabalhos do cineasta, filmados no formato super-8 quando ele tinha apenas 18 anos.
Em "A Marca do Terrir", há trechos de alguns dos cerca de 50 filmes que ele produziu até 1974 com o dinheiro da mesada que ganhava dos pais, como "Amor e Tara", "O Conde Gostou da Coisa" e o clássico "Nosferatu no Brasil", com o poeta Torquato Neto (1944-72).
Nos filmes, exibidos na época apenas em cineclubes até que a censura os proibisse, valia tudo: galinhas sendo degoladas, múmias perseguindo mulheres, meninos tentando se masturbar, um cadáver feminino sendo profanado, vedetes seminuas que rebolam com um revólver na boca e, principalmente, cenas vampirescas. "Eu era um idiota sem causa", diverte-se o diretor.
Além de ter resgatado essas imagens e as ampliado para o formato de cinema, Cardoso também colheu depoimentos de gente como José Mojica Marins, Haroldo de Campos, Nelson Motta e Scarlet Moon, além de contar com a narração de Décio Pignatari e com a trilha sonora de Medaglia.
O resultado disso tudo ainda não tem data para ser exibido em circuito comercial, e, segundo o próprio diretor, tem grandes chances de não chegar às telonas do país. "Fazer cinema no Brasil é um suicídio", afirma. "Eu devia ter sido policial federal, político...".
Cardoso, que depois de abandonar o super-8 produziu clássicos do cinema nacional como "O Segredo da Múmia" e "As Sete Vampiras", deve agora finalizar "Um Lobisomem na Amazônia", filmado durante três semanas na floresta da Tijuca com participações de Evandro Mesquita, Danielle Winits e Sidney Magal.
*O jornalista João Sandrini viajou a convite do 15º Cine Ceará
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Cineasta Ivan Cardoso resgata o terror que faz rir no Cine Ceará
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enviado da Folha Online a Fortaleza*
O maestro Júlio Medaglia acredita que, em todo o século 20, a época cultural mais rica e criativa do país está compreendida entre os anos de 1964 e 1972. "Apesar da ditadura e da repressão militar", diz ele, "quanto mais se apertava, mais as pessoas reagiam".
É na segunda metade dessa época de transgressão, sexo, drogas e rock n' roll que o cinema marginal começa a despontar no país, principalmente com "O Bandido da Luz Vermelha", clássico de Rogério Sganzerla de 1968. No subterrâneo desse cinema marginal estão as produções de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e, em sua vertente cômica, o "terrir", ou o terror que faz rir, do cineasta carioca Ivan Cardoso.
A cinebiografia "A Marca do Terrir", dirigida pelo próprio Cardoso e exibida na noite de ontem durante o 15º Cine Ceará, resgata os primeiros trabalhos do cineasta, filmados no formato super-8 quando ele tinha apenas 18 anos.
Em "A Marca do Terrir", há trechos de alguns dos cerca de 50 filmes que ele produziu até 1974 com o dinheiro da mesada que ganhava dos pais, como "Amor e Tara", "O Conde Gostou da Coisa" e o clássico "Nosferatu no Brasil", com o poeta Torquato Neto (1944-72).
Nos filmes, exibidos na época apenas em cineclubes até que a censura os proibisse, valia tudo: galinhas sendo degoladas, múmias perseguindo mulheres, meninos tentando se masturbar, um cadáver feminino sendo profanado, vedetes seminuas que rebolam com um revólver na boca e, principalmente, cenas vampirescas. "Eu era um idiota sem causa", diverte-se o diretor.
Além de ter resgatado essas imagens e as ampliado para o formato de cinema, Cardoso também colheu depoimentos de gente como José Mojica Marins, Haroldo de Campos, Nelson Motta e Scarlet Moon, além de contar com a narração de Décio Pignatari e com a trilha sonora de Medaglia.
O resultado disso tudo ainda não tem data para ser exibido em circuito comercial, e, segundo o próprio diretor, tem grandes chances de não chegar às telonas do país. "Fazer cinema no Brasil é um suicídio", afirma. "Eu devia ter sido policial federal, político...".
Cardoso, que depois de abandonar o super-8 produziu clássicos do cinema nacional como "O Segredo da Múmia" e "As Sete Vampiras", deve agora finalizar "Um Lobisomem na Amazônia", filmado durante três semanas na floresta da Tijuca com participações de Evandro Mesquita, Danielle Winits e Sidney Magal.
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