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02/09/2005 - 10h08

Crítica: "Gaijin 2" tem simpatia, mas falta profundidade aos personagens

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MARY PERSIA
da Folha Online

Vinte e cinco anos mudam muita coisa. Se, na época de "Gaijin - Caminhos da Liberdade" (1980), a temática da imigração japonesa era pouco discutida, agora, no lançamento de "Gaijin - Ama-me Como Sou" ("Gaijin 2", que estréia hoje), o assunto já foi mais do que abordado.

Saulo Ohara/Divulgação
Cena do filme
Cena do filme "Gaijin - Ama-me Como Sou", ou "Gaijin 2"
Mas, se por um lado, o que era novidade já não é mais --e "Gaijin 2" não tem em torno de si a expectativa por conta do ineditismo do tema--, por outro, a nova produção, assim como a de 25 anos atrás, mantém os apelos ao público característicos da diretora Tizuka Yamasaki. "Gaijin 2" é um filme "simpático", em que se destaca, de longe, a direção de arte --obra de Yurika Yamasaki, irmã da cineasta. Levou quatro Kikitos em Gramado: filme, diretor, atriz coadjuvante (Aya Ono) e música (de Egberto Gismonti).

A produção narra a saga de quatro gerações de mulheres (enfocando o período de 1908 a 2005), a partir da vinda de Titoe Yamada (Kyoko Tsukamoto, que já havia trabalhado com Tizuka no primeiro "Gaijin") para o Brasil e até a ida de sua bisneta Yoko Salinas (Lissa Diniz) para o Japão.

Como diz Tizuka, é um épico feminino, que fala de paz, não de guerra, e mostra a luta pela sobrevivência. Foi corajosa a decisão da diretora de contar tanta história em um único filme, e feliz o resultado final da edição, que faz as duas horas e dez minutos de duração não parecerem uma eternidade.

Saulo Ohara/Divulgação
"Gaijin 2" narra a saga de quatro gerações de mulheres
"Gaijin 2" narra a saga de quatro gerações de mulheres
Saíram perdendo, porém, os personagens. Apesar do carisma de toda a família de Titoe (que mais tarde é chamada de Batyan, avó em japonês), eles se apresentam planos, não surpreendem. Assim, a corajosa e espirituosa Titoe é o pilar do clã; sua filha Shinobu Yamashita (Nobu Mc Carthy, que morreu logo após a gravação de suas cenas) é uma mulher tradicionalista e resignada após a trágica morte do marido; Maria (Tamlyn Tomita), filha de Shinobu, é independente e desafia as tradições ao casar-se com Gabriel Salinas (Jorge Perugorria). Por fim, a filha de Maria, Yoko, enquadra-se no papel da adolescente rebelde.

A (limitada) comoção fica por conta da simpatia de Titoe e da sucessão de altos e baixos na vida dessa família, mantendo a boa dinâmica do filme. O roteiro, também de Tizuka, resgatou a história dos seus antepassados não apenas pelos personagens, mas pelos diálogos, declaradamente originados de conversas de família. De uma família japonesa, claro, com todas as suas idiossincrasias, mas também uma família conduzida por mulheres.

Estrangeiros

Saulo Ohara/Divulgação
Tizuka classifica longa como um épico feminino
Tizuka classifica longa como um épico feminino
No elenco principal, figuram um cubano (Jorge Perugorria) e uma nipo-americana (Tamlyn Tomita). Não foi apenas a necessidade de buscar autenticidade, mas também uma possibilidade de ganhar mercado no exterior.

A opção de estrangeiros --Perugorria e Tamlyn-- no papel de brasileiros acarretou um risco à produção: o de levar para as telas uma pronúncia não convincente. E foi o que aconteceu. A solução encontrada foi dublar a voz do casal, trabalho feito por atores brasileiros. O resultado foi um português perfeito, mas cuja cadência causa estranhamento aos ouvidos.

Assim como estrangeiros fazem o papel de brasileiros, o inverso também ocorre. "Gaijin 2", além de ser uma produção sobre a família de Tizuka, é um filme sobre a história do Brasil desde o início do século passado. A chegada de Titoe ao norte do Paraná é marcada pela leva de imigrantes de diversos países, como a Alemanha, de onde vem a jovem Veronika Muller (Mariana Ximenes). Com ela, Titoe desenvolve uma relação de amizade.

Saulo Ohara/Divulgação
Comoção fica por conta da simpatia de Titoe
Comoção fica por conta da simpatia de Titoe
Perto uma da outra, fica feio para Mariana, cujo exagero nas caras, bocas e sotaque contrastam de forma patente com o domínio de cena de Kyoko. Melhor saiu-se Louise Cardoso como Sofia Damazo, a italianona mãe de Gabriel.

E se Titoe ganha carisma com a interpretação de Kyoko, o papel ganha ainda mais simpatia quando passa a ser vivido pela anciã Aya Ono. Conhecida como dona Iaiá, ela vive no Brasil desde 1933 e ainda fala pouco português. Estabeleceu-se em Londrina, onde passou 50 anos vendendo verduras. Quando a produção de "Gaijin 2" chegou à cidade, ela se candidatou a figurante. Acabou levando um dos papéis principais e o Kikito de atriz coadjuvante em Gramado.

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