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05/10/2005
-
19h59
JULIANO DE SOUZA
Colaboração para a Folha Online
O grupo Los Hermanos tem o hábito de nadar contra a maré do mundo pop. Entre seus integrantes, não há preocupação de compor músicas que caiam instantaneamente nas graças da crítica. Nem receio de aceitação de suas canções pelo público. A prova disso está em seu mais novo trabalho, intitulado "4", considerado o mais denso e triste disco de carreira da banda.
Para quem escutou o álbum e o considerou difícil, um aviso: o disco requer um cuidado mais refinado em sua primeira audição. A princípio, "4" repete a fórmula de seus álbuns anteriores, "Bloco do Eu Sozinho" (2001) e "Ventura" (2003). Fazendo uma retrospectiva da carreira da banda, eles causaram um tremendo susto quando lançaram seu segundo álbum, o "Bloco".
Catapultados a astros pops pelo sucesso de Anna Julia, de seu álbum de estréia, os "hermanos" decidem abrir mão de criar hits radiofônicos para fazer um trabalho que desse condições de criar canções com total liberdade de flertar seu pop rock melódico com outros estilos musicais, como o ska, o samba e a sobrevivente MPB.
Essa fase de transição continuou com seu terceiro disco ("Ventura") e agora com "4". Apesar do estilo "bicho do mato" criado por eles, de não dar satisfação em explicar o conceito de seus discos e de se ter uma certa aversão a dar entrevistas, o grupo anda colhendo seus frutos. Sua primeira música de trabalho ("O Vento") --um manifesto de um passado tedioso, mas possível e de um futuro improvável-- está no 3º lugar das músicas mais executadas no Rio. Em São Paulo, ela não figura sequer entre as 40 mais pedidas.
Apesar da atitude antipop da banda de não dar a mínima para as estratégias de divulgação colocadas pela sua gravadora para a venda de seus álbuns, eles utilizam um método de comunicação bem transparente para lidar com o público: a perda do grande amor, a solidão e uma visão pessimista do cotidiano são temas utilizados em suas canções de uma maneira bem confessional para atrair a atenção dos fãs, que comparecem em peso nos seus shows, cantando todas as suas músicas.
Resta saber se caso haja um grande amor na vida deles ou se a solidão não se abater sobre nossos garotos smithianos, a maneira de compor tenra e melancólica continuará sendo feita para continuar conquistando crítica e público.
O jornalista Juliano de Souza, 30, é animador cultural e atualmente trabalha no Sesc Vila Mariana, em São Paulo
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Colaboração para a Folha Online
O grupo Los Hermanos tem o hábito de nadar contra a maré do mundo pop. Entre seus integrantes, não há preocupação de compor músicas que caiam instantaneamente nas graças da crítica. Nem receio de aceitação de suas canções pelo público. A prova disso está em seu mais novo trabalho, intitulado "4", considerado o mais denso e triste disco de carreira da banda.
Para quem escutou o álbum e o considerou difícil, um aviso: o disco requer um cuidado mais refinado em sua primeira audição. A princípio, "4" repete a fórmula de seus álbuns anteriores, "Bloco do Eu Sozinho" (2001) e "Ventura" (2003). Fazendo uma retrospectiva da carreira da banda, eles causaram um tremendo susto quando lançaram seu segundo álbum, o "Bloco".
Catapultados a astros pops pelo sucesso de Anna Julia, de seu álbum de estréia, os "hermanos" decidem abrir mão de criar hits radiofônicos para fazer um trabalho que desse condições de criar canções com total liberdade de flertar seu pop rock melódico com outros estilos musicais, como o ska, o samba e a sobrevivente MPB.
Essa fase de transição continuou com seu terceiro disco ("Ventura") e agora com "4". Apesar do estilo "bicho do mato" criado por eles, de não dar satisfação em explicar o conceito de seus discos e de se ter uma certa aversão a dar entrevistas, o grupo anda colhendo seus frutos. Sua primeira música de trabalho ("O Vento") --um manifesto de um passado tedioso, mas possível e de um futuro improvável-- está no 3º lugar das músicas mais executadas no Rio. Em São Paulo, ela não figura sequer entre as 40 mais pedidas.
Apesar da atitude antipop da banda de não dar a mínima para as estratégias de divulgação colocadas pela sua gravadora para a venda de seus álbuns, eles utilizam um método de comunicação bem transparente para lidar com o público: a perda do grande amor, a solidão e uma visão pessimista do cotidiano são temas utilizados em suas canções de uma maneira bem confessional para atrair a atenção dos fãs, que comparecem em peso nos seus shows, cantando todas as suas músicas.
Resta saber se caso haja um grande amor na vida deles ou se a solidão não se abater sobre nossos garotos smithianos, a maneira de compor tenra e melancólica continuará sendo feita para continuar conquistando crítica e público.
O jornalista Juliano de Souza, 30, é animador cultural e atualmente trabalha no Sesc Vila Mariana, em São Paulo
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