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06/10/2005 - 10h28

Livro de ex-marine denuncia violência dos EUA no Iraque

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da Folha Online

A brutalidade sem limites é uma prática habitual das tropas americanas no Iraque devido a um treinamento militar que converte os soldados em seres insensíveis, sustenta o ex-marine Jimmy Masey em um livro lançado na França nesta quinta-feira.

"Kill!, Kill!, Kill!" ("Mate, Mate, Mate!") foi escrito em francês e será comercializado por enquanto apenas no país europeu. Uma versão em espanhol está prevista para 2006.

O autor confessou que não encontrou um editor americano que ousasse publicar o seu testemunho demolidor sobre o exército americano.

A jornalista francesa que ajudou Massey a escrever o livro, Natasha Saulnier, disse acreditar que as empresas norte-americanas estão relutantes em tocar o texto por causa da sua controversa e natural ameaça aos interesses comerciais e à imagem das forças dos Estados Unidos no mundo e internamente.

No livro, o ex-sargento denuncia que as tropas do seu país mataram desde março de 2003, quando começou a ofensiva no Iraque, dezenas de civis desarmados devido a uma percepção exagerada de perigo.

Segundo ele, ao cometer esses crimes, os soldados pareciam sentir uma excitação "quase sexual". Massey, que saiu do Iraque em maio de 2003, escreveu o livro depois de abandonar o exército definitivamente devido ao estresse pós-traumático.

"A experiência de escrever me ajudou a cicatrizar [a ferida]. Permito-me fechar um capítulo e responder a muitas perguntas", explicou.

Desarmados

No livro, por exemplo, o ex-sargento conta que ele e um grupo de marines se dirigiam a Bagdá quando dez iraquianos iniciaram um protesto e começaram a gritar frases contra os Estados Unidos.

Os soldados acreditaram ter ouvido um disparo e abriram fogo sem pestanejar contra os manifestantes. "Mataram a maioria antes de se darem conta de que ninguém estava armado", lamentou.

Esse é só um capítulo que Massey recorda em seu livro, cheio de histórias sobre civis desarmados que foram mortos por não parar seu automóvel em um posto de controle qualquer.

De acordo com o ex-sargento, o governo do presidente republicano George W. Bush tem responsabilidade sobre o que acontece nesses locais. "No geral, nós temos de olhar para a administração Bush e sua responsabilidade nas atrocidades e mortes nos postos de controle", frisou.

Massey contou ainda que falou para um oficial, certa vez, que a campanha americana se assemelha a um genocídio e que o objetivo do seu país no Iraque seria apenas petróleo e lucro.

Para o ex-sargento, essa violência corriqueira, da qual ele próprio participou, é o resultado de um treinamento de combate aprovado nas altas esferas do exército americano.

As revelações sobre os maus-tratos aos prisioneiros iraquianos, por parte dos soldados americanos na prisão de Abu Ghraib e em outros lugares, são sintomas do problema que existe nas tropas, segundo o autor do livro.

Os discursos militares fazem com que os soldados percebam todo mundo como terrorista em potencial. "Esses [militares] provocam o medo e o pânico nos marines", assegura no livro Jimmy Masey.

Com France Presse

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