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24/10/2005
-
11h28
da Efe, em Madri
O escritor português José Saramago deixa aflorar seu lado mais divertido e sarcástico e também o mais suave e poético em seu romance "As intermitências da morte", uma reflexão sobre a vida, a morte e a condição humana, que defende a tese: "nossa única defesa contra a morte é o amor".
Em entrevista à Efe, o escritor revela alguns segredos do novo livro, com publicação marcada para novembro em países como Brasil, Portugal, Espanha e Itália e cuja apresentação mundial será em Lisboa, no dia 11 desse mesmo mês.
Livro a livro, Saramago (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1998) foi tecendo um mundo narrativo, no qual afloravam situações "improváveis e impossíveis".
Na primeira parte da história, Saramago desenvolve com humor, ironia e sarcasmo as conseqüências que o desaparecimento da morte teria sobre a vida de um país.
O que a princípio parece uma magnífica notícia, em breve se revela diferente: o Governo não sabe como responder a esta insólita situação, o sistema de aposentadorias se desequilibra, os hospitais e os asilos ficam super lotados e as funerárias não têm quem enterrar.
A igreja também fica consternada, pois, "sem morte não há ressurreição, e, sem ressurreição, não há igreja". "A ausência da morte é o caos. É o pior que pode acontecer a uma sociedade", assegura durante a entrevista o escritor, que foge do tom grandiloqüente com o qual às vezes se trata o tema.
Saramago reconhece que seu livro "seria impensável no Romantismo, época na qual a morte era algo aterrorizante".
Na segunda parte do livro, quando todos já começavam a se adaptar à nova situação, a morte decide retomar sua atividade, mas o faz de forma surpreendente: envia cartas aos que vão morrer e lhes comunica que têm um prazo de sete dias para se prepararem. Retornam aí o caos e o desconcerto.
No final do romance, Saramago adota um tom mais poético e intimista e abandona a linguagem satírica e irônica que permeia boa parte do livro, e sob as quais se escondem duras críticas ao comportamento dos Governos, da igreja, dos meios de comunicação e de outros setores da sociedade.
A música tem papel importante nessa parte final da história, na qual também volta à cena um dos "personagens" preferidos do escritor: o cachorro.
Ao final do romance, o autor de "Ensaio sobre a cegueira" e "A caverna", entre outros títulos, chega à conclusão "mais óbvia que existe: a vida não pode viver sem a morte, embora pareça um paradoxo. Nós temos que morrer para continuarmos vivendo".
"Não digo que morrer seja melhor do que viver, mas, simplesmente, deveríamos ter outro olhar em relação à morte, aceitá-la como uma conseqüência lógica da vida", assinala Saramago.
O novo livro do autor português é também "uma história de amor", e, se há "uma tese final, ela é de que nossa única defesa contra a morte é o amor".
O escritor considera "As intermitências" seu romance "mais divertido". "Espero que, diante de um assunto tão sério quanto a morte, possamos rir. Mais do que isso, espero que possamos dar gargalhadas".
Quando perguntado sobre o que acha de seu novo livro, Saramago responde com um singelo "não é ruim", já que não pretende "antecipar o julgamento dos leitores e da crítica". Mas reconhece que está "muito contente" com o livro, pois "não se tem escrito romances sobre um tema como este nos últimos tempos".
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O escritor português José Saramago deixa aflorar seu lado mais divertido e sarcástico e também o mais suave e poético em seu romance "As intermitências da morte", uma reflexão sobre a vida, a morte e a condição humana, que defende a tese: "nossa única defesa contra a morte é o amor".
Em entrevista à Efe, o escritor revela alguns segredos do novo livro, com publicação marcada para novembro em países como Brasil, Portugal, Espanha e Itália e cuja apresentação mundial será em Lisboa, no dia 11 desse mesmo mês.
Livro a livro, Saramago (vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1998) foi tecendo um mundo narrativo, no qual afloravam situações "improváveis e impossíveis".
Na primeira parte da história, Saramago desenvolve com humor, ironia e sarcasmo as conseqüências que o desaparecimento da morte teria sobre a vida de um país.
O que a princípio parece uma magnífica notícia, em breve se revela diferente: o Governo não sabe como responder a esta insólita situação, o sistema de aposentadorias se desequilibra, os hospitais e os asilos ficam super lotados e as funerárias não têm quem enterrar.
A igreja também fica consternada, pois, "sem morte não há ressurreição, e, sem ressurreição, não há igreja". "A ausência da morte é o caos. É o pior que pode acontecer a uma sociedade", assegura durante a entrevista o escritor, que foge do tom grandiloqüente com o qual às vezes se trata o tema.
Saramago reconhece que seu livro "seria impensável no Romantismo, época na qual a morte era algo aterrorizante".
Na segunda parte do livro, quando todos já começavam a se adaptar à nova situação, a morte decide retomar sua atividade, mas o faz de forma surpreendente: envia cartas aos que vão morrer e lhes comunica que têm um prazo de sete dias para se prepararem. Retornam aí o caos e o desconcerto.
No final do romance, Saramago adota um tom mais poético e intimista e abandona a linguagem satírica e irônica que permeia boa parte do livro, e sob as quais se escondem duras críticas ao comportamento dos Governos, da igreja, dos meios de comunicação e de outros setores da sociedade.
A música tem papel importante nessa parte final da história, na qual também volta à cena um dos "personagens" preferidos do escritor: o cachorro.
Ao final do romance, o autor de "Ensaio sobre a cegueira" e "A caverna", entre outros títulos, chega à conclusão "mais óbvia que existe: a vida não pode viver sem a morte, embora pareça um paradoxo. Nós temos que morrer para continuarmos vivendo".
"Não digo que morrer seja melhor do que viver, mas, simplesmente, deveríamos ter outro olhar em relação à morte, aceitá-la como uma conseqüência lógica da vida", assinala Saramago.
O novo livro do autor português é também "uma história de amor", e, se há "uma tese final, ela é de que nossa única defesa contra a morte é o amor".
O escritor considera "As intermitências" seu romance "mais divertido". "Espero que, diante de um assunto tão sério quanto a morte, possamos rir. Mais do que isso, espero que possamos dar gargalhadas".
Quando perguntado sobre o que acha de seu novo livro, Saramago responde com um singelo "não é ruim", já que não pretende "antecipar o julgamento dos leitores e da crítica". Mas reconhece que está "muito contente" com o livro, pois "não se tem escrito romances sobre um tema como este nos últimos tempos".
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